Natural da freguesia do Topo, concelho da Calheta, na ilha de S. Jorge, Açores, Luis Bettencourt emigrou para os Estados Unidos em 1969. Tinha 12 anos e radicou-se com a família na cidade de Turlock, no Vale Central da Califórnia. Trabalhou em vários empregos relacionados com os laticínios e em 1982 adquiriu a sua própria exploração e nunca mais parou de crescer. Em 30 anos, passou de 17 para 60 mil vacas leiteiras e tornou-se no maior produtor individual de leite em todo o mundo.
A família radicou-se na cidade de Turlock, no Vale Central da Califórnia, mas em 1982, o açoriano mudou-se para o estado de Idaho, onde começou com a sua própria leitaria. A «Bettencourt Dairie’s», sediada em Wendell, iniciou a laboração com 17 vacas, mas em 1985, contava já com 900 vacas leiteiras. Três anos depois Luís Bettencourt comprou a segunda exploração, aumentando o rebanho para 1.700 vacas em produção.
Nos últimos 12 anos adquiriu outras leitarias, juntamente com uma quantidade significativa de terras agrícolas. Atualmente, possui 13 propriedades espalhadas pelo estado, contando com 60 mil vacas leiteiras e 60 mil novilhas. Também é proprietário de 14 mil hectares de terra, dos quais 12 mil com sementeira de milho ou luzerna.
Em 2008, juntamente com dois outros produtores, formou a «Produtos Lácteos de Idaho», sediada na cidade de Jerome. Com 67 mil metros quadrados e fábrica, esta indústria de laticínios que começou a recolher leite em 2009, sendo a única no mundo que produz concentrado proteico a 80%.
O produtor português, que emprega mais de 300 pessoas, revela que o seu sucesso empresarial está na saúde e na escolha dos seus gerentes. Luís Bettencourt defende que o segredo do crescimento do negócio que dirige está em tratar e pagar bem os seus trabalhadores. “Se eles se sentirem bem, permanecem e vão transmitindo o conhecimento de uns para os outros”, afirma num artigo divulgado no site da Associação de Jovens Agricultores Micaelenses.
A provar esta filosofia de trabalho, está o facto de ainda manter os dois primeiros funcionários que contratou, e de mais de 150 dos seus trabalhadores estarem na «Bettencourt Dairie’s» há mais de 15 anos. Diz que enquanto dirige a empresa, estes funcionários ensinam os mais novos.
O preço as rações, as questões ambientais e as dificuldades em obter emprestamos junto da banca são os principais desafios para o futuro apontados por Luís Bettencourt que, para já, não pensa investir fora dos Estados Unidos. É que para o português, “tempo é dinheiro” e os negócios em outros países obrigariam a passar tempo “primordial” em viagens. Numa entrevista concedida em 2011 ao ‘MilkPoint’, o maior portal do leite no Brasil, durante uma feira do setor, não hesitou em dizer qual é o seu lema de vida. “Se te levantares todos os dias e apreciares o que estás a fazer, não é um trabalho, é um ‘hobby’”.