A política surgiu na vida de Paulo Pereira pela mão do luso-descendente Jack Martins, anterior presidente da câmara de Mineola e que há três anos foi eleito para o Senado do estado de Nova Iorque.
O professor de História aceitou o desafio colocado pelo amigo e concorreu a um cargo de vereador em 2008, tendo sido eleito. Desde então, já foi reeleito três vezes e planeia voltar a candidatar-se nas eleições autárquicas de 2014. E se Jack Martins foi o primeiro luso-americano a ser eleito no estado de Nova Iorque, Paulo Pereira orgulha-se de ter sido o primeiro português eleito naquele estado.
“Foi o Jack Martins, de quem sou amigo, que me desafiou a entrar na vida política. Somos de partidos diferentes – ele é Republicano e eu sou Democrata – mas a nível local isso não interessa”, contou ao «Mundo Português», recordando que logo na primeira eleição o presidente da câmara nomeou-o vice-presidente, cargo que lhe trouxe “mais responsabilidades”, pelo acumulo de funções. “E quando o presidente se ausenta, assumo a presidência da autarquia”, lembra o político português, que desde então mantém a vice-presidência da autarquia.
De Estarreja para os EUA
Paulo Pereira nasceu em Veiros, concelho de Estarreja, em 1972, tendo seguido ainda pequeno com os pais, para os Estados Unidos. “Emigrei para os Estados Unidos com seis anos e já lá estou há 36 anos”, revelou num português fluente que tem muito orgulho em falar. “Os meus pais entenderam que era muito importante, que eu continuasse a falar português. Hoje, agradeço essa decisão. Porque vejo com os meus filhos que não é fácil manter a ligação através do português. Apesar de dizer que é bom falar outra língua, é uma mais-valia”, defendeu.
A política faz parte do seu dia-a-dia já há quase seis anos, mas é um trabalho que desempenha “em ‘part-time’”. Porque a sua grande paixão, é o ensino. “A minha formação – licenciatura e mestrado – foram em História e sou professor dessa disciplina há 21 anos, dando aulas na Escola Secundária de Mineola. Sempre gostei de História, foi o meu primeiro ‘amor’, e algo que nasceu das minhas raízes portuguesas”, revelou a este jornal. O professor e político orgulha-se ainda pelo facto da escola onde leciona ter sido, em setembro de 2012, a primeira no ensino oficial em todo o Estado de Nova Iorque a oferecer aos seus alunos, o português como língua estrangeira de opção, possibilidade que mantém até hoje.
Sobre o início da sua carreira política, Paulo Pereira reconhece em Jack Martins o mérito de ter “lutado para que muitos dos portugueses da cidade se recenseassem e votassem”, algo que, afirma, contribuiu para a votação que recebeu em 2008. “A comunidade portuguesa ajudou muito à minha eleição”, assegura, apesar de saber que não pode “contar apenas com os portugueses de Mineola”, pois não foi eleito “apenas para representar a comunidade lusa”.
Mas o luso-eleito aponta ainda a profissão que exerce há mais de duas décadas e o seu envolvimento na vida comunitária da cidade, como os outros fatores preponderantes nas suas sucessivas eleições. “Acredito que ajudou muito o facto de ser professor: ex-alunos e pais de atuais e antigos alunos votaram em mim, porque dou aulas na cidade onde vivo. E sempre estive envolvido na comunidade local, na escola comunitária portuguesa, no Lions Club e ao nível do serviço comunitário. Sou treinador de futebol da equipa da escola, há 17 anos. As pessoas conheciam-me pela minha envolvência comunitária”, recorda.
Com cerca de 20 mil habitantes, Mineola é uma cidade a pouco mais de 30 quilómetros do centro de Nova Iorque (Manhattan), que detém um nível económico bastante elevado. “Do total da população, cerca de seis mil têm origem portuguesa”, destaca o político, que como vereador não está ligado a um pelouro específico. “Nos Estados Unidos, num cargo a nível autárquico somos responsáveis por tudo, apesar da nossa responsabilidade maior ser gerir o orçamento anual do município, que ronda os 22 milhões de dólares”, explica, acrescentando que Mineola é “uma cidade bastante complexa em termos de gestão pública”.
Num futuro próximo, para além de voltar a candidatar-se a um cargo de vereador – já nas eleições deste ano – Paulo Pereira vai continuar a lecionar. “Não quero deixar de ser professor, é a minha grande paixão”, assegura, acrescentando que a política a nível autárquico não o impede de dar aulas. “Há outros cargos, como senador estadual, que me obrigariam a deixar o magistério. Talvez, quando me reformar e se ainda estiver interessado, possa pensar em concorrer a outro cargo político. Para agora, mantenho-me na vida autárquica. Além disso, tenho três filhos jovens e que ter tempo para a minha família”, concluiu.
Ana Grácio Pinto
O professor de História aceitou o desafio colocado pelo amigo e concorreu a um cargo de vereador em 2008, tendo sido eleito. Desde então, já foi reeleito três vezes e planeia voltar a candidatar-se nas eleições autárquicas de 2014. E se Jack Martins foi o primeiro luso-americano a ser eleito no estado de Nova Iorque, Paulo Pereira orgulha-se de ter sido o primeiro português eleito naquele estado.
“Foi o Jack Martins, de quem sou amigo, que me desafiou a entrar na vida política. Somos de partidos diferentes – ele é Republicano e eu sou Democrata – mas a nível local isso não interessa”, contou ao «Mundo Português», recordando que logo na primeira eleição o presidente da câmara nomeou-o vice-presidente, cargo que lhe trouxe “mais responsabilidades”, pelo acumulo de funções. “E quando o presidente se ausenta, assumo a presidência da autarquia”, lembra o político português, que desde então mantém a vice-presidência da autarquia.
De Estarreja para os EUA
Paulo Pereira nasceu em Veiros, concelho de Estarreja, em 1972, tendo seguido ainda pequeno com os pais, para os Estados Unidos. “Emigrei para os Estados Unidos com seis anos e já lá estou há 36 anos”, revelou num português fluente que tem muito orgulho em falar. “Os meus pais entenderam que era muito importante, que eu continuasse a falar português. Hoje, agradeço essa decisão. Porque vejo com os meus filhos que não é fácil manter a ligação através do português. Apesar de dizer que é bom falar outra língua, é uma mais-valia”, defendeu.
A política faz parte do seu dia-a-dia já há quase seis anos, mas é um trabalho que desempenha “em ‘part-time’”. Porque a sua grande paixão, é o ensino. “A minha formação – licenciatura e mestrado – foram em História e sou professor dessa disciplina há 21 anos, dando aulas na Escola Secundária de Mineola. Sempre gostei de História, foi o meu primeiro ‘amor’, e algo que nasceu das minhas raízes portuguesas”, revelou a este jornal. O professor e político orgulha-se ainda pelo facto da escola onde leciona ter sido, em setembro de 2012, a primeira no ensino oficial em todo o Estado de Nova Iorque a oferecer aos seus alunos, o português como língua estrangeira de opção, possibilidade que mantém até hoje.
Sobre o início da sua carreira política, Paulo Pereira reconhece em Jack Martins o mérito de ter “lutado para que muitos dos portugueses da cidade se recenseassem e votassem”, algo que, afirma, contribuiu para a votação que recebeu em 2008. “A comunidade portuguesa ajudou muito à minha eleição”, assegura, apesar de saber que não pode “contar apenas com os portugueses de Mineola”, pois não foi eleito “apenas para representar a comunidade lusa”.
Mas o luso-eleito aponta ainda a profissão que exerce há mais de duas décadas e o seu envolvimento na vida comunitária da cidade, como os outros fatores preponderantes nas suas sucessivas eleições. “Acredito que ajudou muito o facto de ser professor: ex-alunos e pais de atuais e antigos alunos votaram em mim, porque dou aulas na cidade onde vivo. E sempre estive envolvido na comunidade local, na escola comunitária portuguesa, no Lions Club e ao nível do serviço comunitário. Sou treinador de futebol da equipa da escola, há 17 anos. As pessoas conheciam-me pela minha envolvência comunitária”, recorda.
Com cerca de 20 mil habitantes, Mineola é uma cidade a pouco mais de 30 quilómetros do centro de Nova Iorque (Manhattan), que detém um nível económico bastante elevado. “Do total da população, cerca de seis mil têm origem portuguesa”, destaca o político, que como vereador não está ligado a um pelouro específico. “Nos Estados Unidos, num cargo a nível autárquico somos responsáveis por tudo, apesar da nossa responsabilidade maior ser gerir o orçamento anual do município, que ronda os 22 milhões de dólares”, explica, acrescentando que Mineola é “uma cidade bastante complexa em termos de gestão pública”.
Num futuro próximo, para além de voltar a candidatar-se a um cargo de vereador – já nas eleições deste ano – Paulo Pereira vai continuar a lecionar. “Não quero deixar de ser professor, é a minha grande paixão”, assegura, acrescentando que a política a nível autárquico não o impede de dar aulas. “Há outros cargos, como senador estadual, que me obrigariam a deixar o magistério. Talvez, quando me reformar e se ainda estiver interessado, possa pensar em concorrer a outro cargo político. Para agora, mantenho-me na vida autárquica. Além disso, tenho três filhos jovens e que ter tempo para a minha família”, concluiu.
Ana Grácio Pinto