Não é fácil localizar, com exatidão, a data do seu aparecimento em Peniche, ainda que seja indiscutível que já no século XVII os bilros saracoteiam nas almofadas cilíndricas das mulheres penichenses a dar vida às formas mais ou menos ingénuas dos desenhos traçados sobre os piques cor de açafrão.
Se, tradicionalmente, os homens se dedicavam à pesca e à lavra dos campos, as mulheres, para além de auxiliarem na salga, transformação e armazenamento do pescado, entretinham-se, geralmente à porta de casa, a rendilhar delicadas e alvas peças de Renda de Bilros de Peniche, cuja venda complementava frequentemente o parco rendimento obtido na árdua labuta piscatória.
Pelo menos num testemunho datado de 1625, se regista a doação de uma renda e, poucos anos depois, já a pintora Josefa de Óbidos as inclui em vários dos seus quadros.
Por outro lado, como pelo extenso litoral brasileiro se tecem as chamadas “rendas da praia”, com artefatos e técnica muito semelhantes aos usados pelas rendilheiras de Peniche, é ainda legítimo supor que, no início de tal século, aquando do surto migratório e repovoamento do Brasil, possa ter ido de Peniche, com as mulheres dos pescadores mareantes que da região emigraram, um saber popular que, em terras de Vera Cruz, as penichenses terão naturalmente disseminado.
Entretanto, a originalidade e a qualidade das Rendas de Bilros de Peniche atingiram tal grau de perfeição e notoriedade, que toda e qualquer renda de bilros portuguesa passou a ser conhecida, simplesmente, por Renda de Peniche.
Em meados do séc. XIX existiam em Peniche quase mil rendilheiras e, segundo Pedro Cervantes de Carvalho Figueira, eram oito as oficinas particulares onde crianças a partir dos quatro anos de idade se iniciavam na aventura desta arte.
Mas foi em 1887, com a fundação da escola de Desenho Industrial Rainha D. Maria Pia (mais tarde Escola Industrial de Rendeiras Josefa de Óbidos), sob a direção de D. Maria Augusta Bordalo Pinheiro, que as rendas de Peniche atingiriam um grau de perfeição e arte difíceis de igualar.
As Rendas de Bilros de Peniche são de dois tipos: eruditas e populares, cujas diferenças assentam, essencialmente, no desenho dos padrões: as primeiras com desenhos muito elaborados, de motivos muito complexos e não repetitivos, o que exige a utilização de pontos muito variados e grande mestria de execução. As segundas, de desenho mais elementar, cujo motivo é, normalmente, repetitivo, com utilização de pontos mais tradicionais e de mais simples execução.
Com o advento da industrialização, as Rendas de Bilros de Peniche foram sofrendo uma regressão mas atualmente têm sido salvaguardadas e dignificadas.
Para além de iniciativas particulares, o aparecimento dos Artesãos de Santa Maria (da responsabilidade da paróquia), da Escola de Rendas de Peniche da Câmara Municipal de Peniche e da constituição da Peniche – Rendibilros (Associação para a defesa e promoção das rendas de bilros de Peniche) e, mais tarde, da Universidade Sénior de Peniche, a arte preservou-se nos nossos dias. E são mais de meio milhar as penicheiras que sabem tecer renda de bilros.
Se, tradicionalmente, os homens se dedicavam à pesca e à lavra dos campos, as mulheres, para além de auxiliarem na salga, transformação e armazenamento do pescado, entretinham-se, geralmente à porta de casa, a rendilhar delicadas e alvas peças de Renda de Bilros de Peniche, cuja venda complementava frequentemente o parco rendimento obtido na árdua labuta piscatória.
Pelo menos num testemunho datado de 1625, se regista a doação de uma renda e, poucos anos depois, já a pintora Josefa de Óbidos as inclui em vários dos seus quadros.
Por outro lado, como pelo extenso litoral brasileiro se tecem as chamadas “rendas da praia”, com artefatos e técnica muito semelhantes aos usados pelas rendilheiras de Peniche, é ainda legítimo supor que, no início de tal século, aquando do surto migratório e repovoamento do Brasil, possa ter ido de Peniche, com as mulheres dos pescadores mareantes que da região emigraram, um saber popular que, em terras de Vera Cruz, as penichenses terão naturalmente disseminado.
Entretanto, a originalidade e a qualidade das Rendas de Bilros de Peniche atingiram tal grau de perfeição e notoriedade, que toda e qualquer renda de bilros portuguesa passou a ser conhecida, simplesmente, por Renda de Peniche.
Em meados do séc. XIX existiam em Peniche quase mil rendilheiras e, segundo Pedro Cervantes de Carvalho Figueira, eram oito as oficinas particulares onde crianças a partir dos quatro anos de idade se iniciavam na aventura desta arte.
Mas foi em 1887, com a fundação da escola de Desenho Industrial Rainha D. Maria Pia (mais tarde Escola Industrial de Rendeiras Josefa de Óbidos), sob a direção de D. Maria Augusta Bordalo Pinheiro, que as rendas de Peniche atingiriam um grau de perfeição e arte difíceis de igualar.
As Rendas de Bilros de Peniche são de dois tipos: eruditas e populares, cujas diferenças assentam, essencialmente, no desenho dos padrões: as primeiras com desenhos muito elaborados, de motivos muito complexos e não repetitivos, o que exige a utilização de pontos muito variados e grande mestria de execução. As segundas, de desenho mais elementar, cujo motivo é, normalmente, repetitivo, com utilização de pontos mais tradicionais e de mais simples execução.
Com o advento da industrialização, as Rendas de Bilros de Peniche foram sofrendo uma regressão mas atualmente têm sido salvaguardadas e dignificadas.
Para além de iniciativas particulares, o aparecimento dos Artesãos de Santa Maria (da responsabilidade da paróquia), da Escola de Rendas de Peniche da Câmara Municipal de Peniche e da constituição da Peniche – Rendibilros (Associação para a defesa e promoção das rendas de bilros de Peniche) e, mais tarde, da Universidade Sénior de Peniche, a arte preservou-se nos nossos dias. E são mais de meio milhar as penicheiras que sabem tecer renda de bilros.