É uma das mais prestigiadas cientistas portuguesas e uma autoridade mundial na pesquisa da malária. Maria Manuel Mota viu agora o seu trabalho reconhecido com a atribuição do Prémio Pessoa 2013. O anúncio do galardoado da 27ª edição do prémio – no valor de 60.000 euros – decorreu no Palácio dos Seteais, em Sintra. “Fico muito satisfeita que a sociedade portuguesa considere que a nossa equipa está a fazer um bom trabalho, que merece ser reconhecido, e que isso tem impacto no país. Isso dá-nos um grande entusiasmo, uma vontade de continuar a fazer o que podemos fazer melhor: descobrir alguma estratégia para combater a malária” disse depois de ser distinguida.
Com 42 anos, licenciou-se na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, e desenvolveu estudos sobre a malária e trabalha atualmente no Instituto de Medicina Molecular.
Na ata do júri que reuniu em Setais, em Sintra, é destacado “o seu empenho entusiástico no que se pode chamar de cidadania da ciência”, sendo fundadora e presidente da Associação Viver a Ciência, que “tem como objetivo encorajar a filantropia em Portugal”.
Natural da freguesia da Madalena, no concelho de Vila Nova de Gaia, fez o mestrado em imunologia e concluiu a sua tese de doutoramento na University College de Londres, em 1998, tendo feito o pós-doutoramento na New York University Medical Center, em 2001.
Foi investigadora principal no Instituto Gulbenkian de Ciência e é desde 2005 investigadora principal do IMM e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
“Era algo que não imaginava que pudesse acontecer”
A cientista Maria Manuel Mota, hoje distinguida com o Prémio Pessoa, atribuiu este galardão “a todos os cientistas a fazer ciência em Portugal”.
Em declarações à agência Lusa, a investigadora confessou que recebeu a notícia do prémio com “completa surpresa”. Era algo que não imaginava que pudesse acontecer”.
“Fico muito satisfeita que a sociedade portuguesa considere que a nossa equipa está a fazer um bom trabalho, que merece ser reconhecido, e que isso tem impacto no país, isso dá-nos um grande entusiasmo, uma vontade de continuar a fazer o que podemos fazer melhor: descobrir alguma estratégia para combater a malária”, disse AINDA.
A investigadora no Instituto de Medicina Molecular (IMM) reconhece que o prémio representa também “uma grande responsabilidade”.
Temos de “pensar o que podemos contribuir mais para a sociedade portuguesa”, disse.
Maria Manuel Mota enalteceu “a ascensão magnífica” que a ciência teve nos últimos 15-20 anos e, a esse propósito, dedica este prémio a “toda a comunidade científica portuguesa ou cientistas a fazer ciência em Portugal”.
A cientista deixa ainda um alerta: Esta ascensão “não pode desacelerar e obviamente que, nas condições que o país está a atravessar, a ciência também sofre com isso”.
Júri elogia investigadora
A investigadora Maria Manuel Mota representa “um tecido de jovens cientistas portugueses que inspira os novos a querer fazer ciência”, afirmou Maria de Sousa, membro do júri do galardão.
“Por cima dessas pessoas há o aviso ao país, e ao Governo, que há uma administração da Ciência, neste momento, pode dizer-se, que é insuficiente, para não dizer incompetente”, sublinhou a também investigadora na área da imunologia.
Na ata do júri é ainda destacado “o seu empenho entusiástico no que se pode chamar de cidadania da ciência”, uma vez que é também fundadora e presidente da Associação Viver a Ciência, que “tem como objetivo encorajar a filantropia em Portugal”.
O Prémio Pessoa, no valor de 60 mil euros e que vai na 27ª edição, é atribuído anualmente a uma personalidade que “tiver sido protagonista de uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do país”.
Em 2012, o Prémio Pessoa foi atribuído ao investigador norte-americano Richard Zenith, um dos maiores especialistas na obra de Fernando Pessoa, e que está radicado em Portugal desde os anos 1980.
Em anos anteriores foram distinguidos, entre outros, o historiador José Matoso, os poetas António Ramos Rosa e Herberto Helder (que recusou o galardão), a pianista Maria João Pires, o arquiteto Eduardo Souto de Moura, o compositor Emmanuel Nunes, o constitucionalista José Joaquim Gomes Canotilho, a historiadora Irene Flunser Pimentel e o ensaista Eduardo Lourenço.
O júri, presidido por Francisco Pinto Balsemão, integra Fernando Faria de Oliveira, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, João Lobo Antunes, José Luís Porfírio, Maria de Sousa, Mário Soares, Miguel Veiga, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.
Reconhecimento a ciência portuguesa
Também o Ministério da Educação e Ciência (MEC) felicitou a jovem investigadora Maria Mota pela atribuição do Prémio Pessoa, sublinhando o facto de o “prestigiado galardão nacional” voltar a reconhecer a ciência portuguesa.
“A investigadora Maria Mota, que fez inicialmente um percurso internacional antes de ter regressado a Portugal, viu o seu trabalho várias vezes reconhecido por prémios científicos internacionais e é membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, órgão consultivo do primeiro-ministro”, refere o MEC, em comunicado enviado para a agência Lusa. O MEC felicita a jovem investigadora da área da imunologia e “regozija-se pelo facto de este prestigiado galardão nacional ter reconhecido mais uma vez a ciência portuguesa”.
“Excelência científica ao serviço da Humanidade”
A investigadora Maria Manuel Mota, Prémio Pessoa 2013, representa “a excelência científica ao serviço da Humanidade”, afirmou a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves.
Numa nota de louvor a propósito da atribuição do Prémio Pessoa a Maria Manuel Mota, Assunção Esteves referiu que este galardão para a área da investigação “constituirá, seguramente, um estímulo muito importante para toda a comunidade científica portuguesa”. “Além da sua extraordinária trajetória como cientista, é igualmente de saudar o seu empenho em prol da divulgação e estímulo para ciência junto do grande público, nomeadamente através da Associação Viver a Ciência”, elogiou.
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