ISABEL WISELER-LIMA: Uma voz política portuguesa na capital do Grão-Ducado…

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Isabel Wiseler-Lima nasceu às portas de Lisboa, no concelho de Odivelas mas tinha apenas três anos quando chegou com os pais ao Luxemburgo. Licenciada em Letras Modernas, por uma universidade de Paris, é professora de francês numa tradicional e conceituada escola privada para raparigas, da qual faz ainda parte da direção. É conselheira comunal na capital do Grão-Ducado…

Foi sempre professora “com muito, muito gosto”, como fez questão de frisar, sem deixar de elogiar a instituição de ensino a que está ligada. “É uma escola muito aberta a todos os tipos e ensino, tanto clássico como profissional” que desenvolve ainda “um projeto para alunas com dificuldades”, revela Isabel Isabel Wiseler-Lima, 51 anos, que entre outras atividades está ligada diretamente à formação contínua dos professores.
Mas com tantas atividades, conseguiu ainda tempo para desenvolver uma outra que desde sempre lhe foi muito «cara» – a política. Um gosto que não advém do facto de ser casada com Claude Wiseler, ministro do Desenvolvimento Sustentável e das Infaestruturas do Luxemburgo: o ‘bichinho’ da política, deve-o aos pais. “Eu sempre estive interessada em política. Os meus pais sempre se interessaram por política, lembro-me de que quando era pequena, não se passava um dia sem ver os noticiários. Eu cresci assim, a partir do momento em que tivermos televisão em casa, víamos o noticiário francês. Eu tinha oito anos”, recorda numa entrevista ao Mundo Português.
Aos 13 anos diz que o seu gosto pela política recebeu um “incentivo maior”, por causa da Revolução em Portugal. “Tinha 13 anos, uma idade em que pessoalmente estava muito sensível a essa questão, mas sendo portuguesa isso não foi anormal, apesar da idade”, recorda. E diz que durante o período da licenciatura, o interesse do marido, de quem foi colega de universidade, pela política, foi outro incentivo.
Mas a carreira profissional e a maternidade adiaram durante anos os planos de iniciar uma carreira política. Aos 27 anos tinha três filhos pequenos e preferiu empenhar-se na sua profissão. Foi em 2005, aos 43 anos, que surgiu o convite do CSV (Partido Cristão Social) para integrar a lista do partido às eleições comunais. “Os meus filhos já estavam grandes, o mais novo tinha 15 anos, já estavam encaminhados, mas não esperava ser eleita”, afirma, sublinhando porém que ao longo dos anos anteriores sempre se empenhou apelar à participação política dos cidadãos.
Isabel Wiseler-Lima acredita que deve a sua primeira eleição ao facto de ter sido sempre ativa na sociedade da capital do Luxemburgo. E assegura que nunca sentiu nenhum problema por ter nascido noutro país e ser oriunda de uma comunidade estrangeira.
Na eleições de outubro de 2011, Isabel Wiseler-Lima, foi reconduzida como conselheira comunal na capital do Grão-Ducado, uma eleição que a deixou “particularmente contente”, por ter sido o reconhecimento do trabalho que realizou no mandato anterior.
Vai manter-se em funções até 2017 (ano das próximas eleições) e apesar de estar na oposição, há muito trabalho a fazer.
Isabel Wiseler-Lima está ligada a duas comissões – Social e de Desenvolvimento Urbano – e elege o problema da habitação na capital, como uma das principais questões pelas quais se debate. “Temos um grande problema de alojamento, tem que se fazer bastante para que haja mais habitações e sobretudo a preços razoáveis, é uma cidade muito cara, muito difícil nesse sentido”, alerta.

Língua dificulta participação cívica dos portugueses
Num país onde os portugueses formam a mais importante comunidade estrangeira – e onde são a par da francesa, a maior na capital – a conselheira comunal lamenta a fraca participação cívica dos seus conterrâneos. “Os portugueses estão pouco envolvidos na política”, afirma defendendo que um dos principais problemas para a fraca participação está na língua. “Temos diferentes níveis de problemas, mas um deles continua a ser a língua: a língua dos luxemburgueses continua a ser o luxemburguês, e muitos portugueses, mais velhos ou que já vieram para cá adultos, que têm imensas dificuldades por causa da língua”, lamenta.
A facilidade em falar francês – uma das línguas oficiais do país, para além do luxemburguês e do alemão – permite que não haja uma necessidade absoluta em aprender o luxemburguês, mas a verdade é “a vida política faz-se em luxemburguês”, sublinhaa a conselheira comunal. Mas Isabel Wiseler-Lima sublinha que há cada vez mais pessoas de origem portuguesa a “implicarem-se”, apesar de ser “um processo lento”. “Temos muitos portugueses ou de origem portuguesa, ou com a dupla-nacionalidade nas administrações, nas escolas. Há cada vez mais pessoas licenciadas”, alegra-se a luso-eleita, sem deixar de apelar à comunidade portuguesa para que se envolva mais na vida cívica e política, já que têm direito a votar para as aleições comunais no Luxemburgo: basta inscreverem-se junto dos serviços nas comunas.
Sobre o seu futuro político, garante que continuar a envolver-se politicamente a nível autárquico e a apoiar a carreira política do marido. Deverá candidatar-se nas próximas eleições comunais em 2017. “Sinto-me muito implicada nesta cidade onde sempre vivi. Acho que, quando podemos, devemos envolver-nos civicamente”, defende.
Sobre a participação o II Encontro Mundial de Luso-Eleitos alegra-se por ter decidido vir este ano. Nem o facto de ter lugar lugar entre 24 e 26 de outubro, quatro dias depois das eleições legislativas no Luxemburgo (nas quais participa o marido), a impediu de vir. “Sinto-me muito ligada a Portugal, toda a minha família, à exceção de um primo, está aí e esse continua a ser o meu país. Portugal vive momentos difíceis e acho que é sobretudo nos tempos difíceis que devemos  mostrar o quando somos solidários. Não tenho nenhum cargo político em Portugal, mas tal não me impede de sentir muito próxima de Portugal”.
Ana Grácio Pinto
apinto@mundoportugues.org

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