É um clássico dos anos 80. Lançado em 1984, pelo escritor, roteirista e produtor Manuel Arouca, «Filhos da Costa do Sol» marcou uma geração, vendeu mais de 100 mil exemplares e regressou este ano às livrarias portuguesas. Quase 30 anos depois da sua primeira edição, a obra mantém-se atual, como comprovam as sucessivas reedições que teve, sempre com grande procura de público.
Retrato realista de uma geração inquieta mas cheia de ideais, a obra desvenda sem complexos os grandes temas da joventude nos anos 70 do século XX: famílias dissolutas, sexo, droga e novos valores. A história passa-se nos dias agitados da Revolução de Abril, e retrata a vida despreocupada da Costa do Estoril, mas também o confronto com uma sociedade fechada e com preconceitos.
“Este é o meu primeiro livro. «Filhos da Costa do Sol» foi editado em 1984, escrevi-o entre os meus 25 e 27 anos. O livro foi uma surpresa, porque na época foi um bestseller”, contou o autor numa entrevista ao Mundo Português, sublinhando o “fenómeno” pelo facto da obra ter “percorrido as gerações”.
Desde o seu lançamento, «Filhos da Costa do Sol» tem passado por várias reedições e além comemorar os quase trinta anos do lançamento com esta nova edição, Manuel Arouca tem a celebrar ainda os mais de 100 mil exemplares vendidos desde que a obra foi editada, em 1984.
“Quando o escrevi não estava nada à espera que fosse este fenómeno”, confessou o escritor, lembrando entretanto que a história central é “dramaticamente rica”.
“É um livro sobre a juventude no período antes e depois do 25 de Abril. Dramaticamente, é rico, por a história se passar numa época de rutura, e vai sendo sucessivamente reeditado”, explica, vendo no interesse dos próperios filhos, a explicação para que esta seja “uma história que vai sendo sempre lida”.
Com esta nova edição, regressa um clássico da literatura nacional dos anos 80, que marcou uma geração e um estilo de vida, mas que reúne ingredientes à volta de uma época comum a todas as gerações: os anos de ‘rutura’ da juventude.
Manuel Arouca diz que esse é um dos motivos dos sucessivos e dem sucedidos relançamentos, mas acrescenta ainda outro.
“Acho que é por isso e por se passar nos anos 70. Não sei porquê mas é uma década com a qual os jovens ainda se identificam, mesmo na música. Talvez por serem os anos da rebeldia, houve muitas mudanças comportamentais”, defende, ainda que concorde que “mesmo que hoje em dia haja muita coisa diferente, há muitos aspetos com os quais os jovens continuam a identificar-se”.
Ana Grácio Pinto