Uma técnica aperfeiçoada por uma equipa de biólogos e químicos da Universidade de Aveiro (UA) é o principal chaou a atenção da Sea Life, uma organização britânica que tem 40 centros marinhos espalhados pelo mundo. O teste desenvolvido pelos departamentos de Biologia e de Química da UA deteta método de pesca altamente destrutivo para os recifes e pode vir a erradicar do planeta a pesca com cianeto.
Para erradicar esta prática a Sea Life lançou uma campanha que tem num teste desenvolvido na Universidade de Aveiro (UA), o seu elemento mais importante. A técnica aperfeiçoada por uma equipa de biólogos e químicos da UA torna possível, pela primeira vez, descobrir se um peixe foi exposto ao cianeto sem ser necessário sacrificá-lo e dissecá-lo.
A Sea Life, que com os seus 40 centros marinhos espalhados pelo mundo tem a maior rede mundial de aquários públicos, um dos quais na cidade do Porto, está desde o início do mês de julho a utilizar o teste aperfeiçoado em Aveiro para assegurar que todas as espécies que recebe para exposição foram capturadas sem recurso ao cianeto.
O novo teste aperfeiçoado pela UA, ao contrário dos já existentes que obrigavam à dissecação dos peixes na procura por vestígios de cianeto no sangue e nos músculos, envolve a transferência dos animais recém-entregues para água salgada artificial. É nessa água que os investigadores procuram quantidades vestigiais de tiocianato, um composto que deriva da metabolização do cianeto pelo peixe e que é expulso do organismo pela urina. “Utilizámos como modelo os peixes palhaços e verificámos que a excreção de tiocianato pela urina acontece vários dias depois de terem sido pescados”, explica Ricardo Calado, investigador do Departamento de Biologia (DBIO) da UA. “Através da análise da água consegue-se assim saber se, vários dias antes, um peixe foi ou não exposto ao cianeto nas Filipinas ou na Indonésia”, aponta o coordenador da equipa de Aveiro cujo estudo cativou a Sea Life.
O Sea Life já está a utilizar o teste da UA. A empresa escolhe aleatoriamente amostras de água onde os peixes são depositados depois de entregues e envia-os para a academia de Aveiro. Consoante os resultados químicos encontrados nas análises supervisionadas por Valdemar Esteves, investigador do Departamento de Química da UA o Sea Life aceita ou não os peixes.
A recusa, no caso da presença do químico, serve para que os respetivos fornecedores do Pacífico boicotem os pescadores que usam cianeto obrigando-os, para fazerem negócio, a usarem métodos de captura ecologicamente sustentáveis.
Para além do Sea Life, várias empresas de importação e exportação de peixes tropicais estão igualmente interessadas em trabalhar com o teste da UA.
“Queremos que esta iniciativa de erradicação da pesca com cianeto, através da utilização do método de deteção do químico que desenvolvemos, seja difundida a instituições de investigação, a aquários públicos e à indústria em redor do planeta”, aponta Ricardo Calado.