A adoção de uma dieta mediterrânica pode ajudar a preservar a memória e a capacidade de raciocínio, reduzindo os riscos de demência. A conclusão é de um novo estudo norte-americano, que associa estes benefícios à eliminação das gorduras saturadas e à ingestão de ácidos gordos ómega-3 presentes nas carnes brancas (como o frango e o peixe) e nos temperos das saladas onde o azeite é “rei”.
O estudo, o maior realizado até agora sobre a dieta mediterrânica, analisou informação sobre a alimentação de 17.478 pessoas com uma média de 64 anos.
Em pessoas saudáveis, os que seguiam regularmente uma dieta do tipo mediterrânico tinham menos 19 por cento de probabilidades de desenvolver problemas ao nível do pensamento e das capacidades da memória do que os que não se alimentavam desse modo.
“No entanto, a dieta é apenas um dos aspectos do estilo de vida que podem desempenhar um papel no funcionamento mental numa idade avançada”, referiu Tsivoulis, adiantando ser “igualmente importante fazer exercício, evitar a obesidade, não fumar e tomar medicação para doenças como a diabetes e a hipertensão”.
No entanto, adianta um comunicado divulgado pela Universidade de Alabama-Birmingham, os investigadores verificaram também que nos pacientes com diabetes não se notou qualquer diminuição do risco de problemas associados à memória e ao raciocínio graças a este tipo de dieta.
“A dieta é um factor importante que pode ajudar a preservar o funcionamento cognitivo adequado numa fase avançada da vida”, realça o líder da investigação.
“Contudo, é apenas umas das práticas que tem um papel de relevo nos mecanismos mentais. O exercício, a ‘fuga’ à obesidade, a abstinência tabágica e o acompanhamento cuidadoso de problemas como a diabetes e a hipertensão são igualmente importantes”, conclui Tsivgoulis.
‘Pirâmide’ mediterrânica
Esta dieta inclui, essencialmente, alimentos como azeitonas e azeite; grãos inteiros (especialmente em pães e cereais em vez de massas); pouca carne vermelha; peixe e mariscos; queijos, mas pouco leite; bastantes vegetais; legumes e frutos secos e vinho tinto. Não é necessário viver na Grécia, Itália ou Portugal para ter uma alimentação mais saudável, de acordo com a dieta mediterrânica. A concepção de uma pirâmide específica para este tipo de alimentação que ajuda a escolher quais os melhores alimentos para a saúde. A base da pirâmide é formada por alimentos como pão, cereais, massas, batatas e arroz. Frutas, legumes, vegetais e frutos secos são outra parte importante da dieta diária, juntamente com pequenas quantidades de queijo, iogurte e azeite. Aves, peixe e ovos são consumidos numa base semanal e a carne vermelha apenas uma vez por mês. É sugerido ainda que se deve beber seis copos de água por dia, juntamente com um consumo moderado de vinho tinto. A dieta mediterrânica permite até um doce por semana.
Desengane-se quem pense que o estilo de vida associado à Dieta Mediterrânica parou algures no tempo. Pelo contrário, evoluiu, acolhendo e incorporando de forma sábia novos alimentos e técnicas, como resultado da localização estratégica e capacidade de mistura e intercâmbio do povo mediterrânico.
A Dieta Mediterrânica tem sido, e permanece, como uma herança cultural vital, dinâmica e evolucionária. Neste contexto, a prática de exercício físico moderado e diário complementa este estilo de vida que a própria ciência moderna convida a seguir para benefício da saúde – ajuda na prevenção de vários tipos de cancro, doenças cardiovasculares, demência e, por outro lado, aumento da longevidade.
Por estas razões, a 16 de Novembro de 2010, a Unesco declarou a Dieta Mediterrânica como Património Cultural Imaterial da Humanidade.