Milhares de peregrinos são hoje esperados em Fátima, no santuário da Cova de Iria, para as celebrações católicas da Peregrinação do Migrante.
A peregrinação, que este ano é presidida pelo arcebispo do Luxemburgo, Jean-Claude Hollerich, realiza-se hoje e amanhã e tem início marcado para as 18h30, com o acolhimento dos peregrinos e saudação aos migrantes na Capelinha das Aparições. A partir das 21:30 tem lugar um dos momentos altos do primeiro dia das cerimónias, quando os milhares de peregrinos aguardados no Santuário de Fátima participarem na procissão de velas e na eucaristia. Na terça-feira, o destaque vai para a celebração da eucaristia, também presidida por Jean Claude Hollerich, que termina com a “Procissão do Adeus”.
A peregrinação deste ano é marcada pelo alerta da Igreja Católica para os perigos associados ao fenómeno da emigração e para os riscos da indiferença perante o sofrimento alheio. Em entrevista ao serviço de comunicação do Santuário de Fátima, Jean-Claude Hollerich assumiu que irá falar sobre os perigos da “globalização da indiferença”, uma ideia lançada pelo papa Francisco.
Já o bispo Vitalino Dantas, da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, disse à agência Lusa que a peregrinação deve servir para “alimentar a esperança e não a ilusão da emigração”. Isto porque “é cada vez mais difícil ter sucesso na procura de emprego na Europa”, alertou o prelado, vogal da comissão episcopal da Igreja Católica e responsável por áreas como as da emigração e imigração.
Se o arcebispo que preside à peregrinação lembra, por um lado, que a pergunta que o papa fez – ‘Que fizeste do teu irmão?’ – “é muito forte e tem que ser levada a sério”, uma das responsáveis do secretariado da OCPM sublinhou à Lusa a necessidade de reforçar precisamente “a sensibilização das diversas estruturas eclesiais para o acolhimento (dos emigrantes)”. Eugénia Quaresma, por outro lado, assinalou que durante a Peregrinação do Migrante a mensagem irá focar-se numa “visão positiva sobre as migrações, em olhar para os migrantes como protagonistas da evangelização num tempo em que tanto se fala de crise”.