“É fantástico visitar aquilo que visitámos. É extraordinário sentir o fervor clubista que todos os portistas aqui demonstram, mas é sobretudo comovente [ver] quem está tão longe de Portugal, quem muitas vezes é esquecido por Portugal, demonstrar, nos mais ‘pequenos pormenores’, o seu amor à nossa pátria”, disse Pinto da Costa.
O presidente azul e branco, que falou para quase um milhar de pessoas que estiveram presentes no ao Centro Português de Caracas, participou num jantar organizado pela Filial 43 do Futebol Clube Porto (FC Porto)- a filial na Venezuela – em homenagem a Pinto da Costa. “E é pena que os nossos governantes não tenham conhecimento das ações que todos vós praticais aqui tão longe. Talvez que, se da parte deles houvesse gestos que traduzissem o carinho que aqui se respira, talvez o nosso país estivesse melhor”, sublinhou.
Pinto da Costa frisou ainda que será “intérprete junto dos portugueses no continente [em Portugal], de tudo aquilo” que viu, “da obra realizada, do entusiasmo das ações, mas sobretudo do ‘portuguesismo’ que se sente e respira na mais pequena atitude” da comunidade portuguesa na Venezuela.
“Vocês são mais do que um exemplo, são um estímulo a que continuemos cada vez mais a lutar pelo FC Porto, para que em Caracas haja cada vez mais festas e que, neste Centro [Português] se possam festejar muitos títulos, quiçá mais do que um título europeu”, concluiu.
Pinto da Costa fez ainda uma revelação curiosa, admitindo que a direção do Futebol Clube do Porto pondera usar jogadores venezuelanos para reforçar a sua equipa. “Com a melhoria que teve o futebol venezuelano, estamos atentos a alguns jogadores para o FC Porto”, disse.
O presidente “azul e branco” falou aos jornalistas à chegada ao Centro Português de Caracas.
“O mercado sul-americano em geral é aquilo que nós procuramos para reforçar a nossa equipa”, disse.
O presidente do FC Porto esclareceu, no entanto, que uma eventual contratação na Venezuela para o FC Porto, já não seria a primeira, porque o clube já tem um jogador venezuelano, “embora na categoria de juniores”.
Pinto da Costa explicou que se trata de Vítor Garcia, “um talento que foi descoberto e que esperamos (que), quando tiver a idade para isso, possa integrar o nosso plantel principal”.
Por outro lado, explicou que é para ele “uma enorme satisfação” poder voltar a Caracas depois de quase 30 anos.
“Curiosamente, quando assumi a presidência do FC Porto, em 23 de abril de 1982, o primeiro ato que fiz como presidente, depois de ter assinado o ato de posse, foi assinar um contrato para vir a um torneio à Venezuela com a equipa principal de futebol. E o primeiro jogo de futebol que realmente disputei como presidente foi também aqui na Venezuela, em Barquisimeto (cidade), um grande torneio de futebol com o Real Madrid, Barcelona e o Inter de Milão”, disse ainda.
Antes, Pinto da Costa passou o dia com o embaixador português na Venezuela. O presidente “azul e branco” e o embaixador venezuelano visitaram a casa do FC Porto de Caracas, onde Pinto da Costa foi surpreendido com a inauguração de uma pequena galeria com fotografias e acessórios em homenagem a Pinto da Costa.
O presidente do FC Porto e o embaixador voltaram a encontrar-se depois, desta feita para jantar, numa cerimónia na qual o presidente portista foi condecorado pela Associação de lusodescendentes na Venezuela com a ordem do Infante.
Porto venceu Deportivo Anzoátegui
O FC Porto venceu o Deportivo Anzoátegui por 4-2, em jogo da Copa Euro-americana de futebol, com golos de Varela (dois), Jackson Martinez e Mangala, numa partida em que Iturbe se voltou a destacar pela capacidade ofensiva. Na Venezuela, a equipa dirigida por Paulo Fonseca venceu o seu quarto encontro da pré-temporada, naquele que foi o seu primeiro jogo na digressão que está a fazer por Venezuela e Colômbia.
O novo técnico portista apostou num “onze” algo diferente daqueles que tem apresentado, com alterações significativas, como a presença do “reforço” Ghilas no lugar habitualmente atribuído a Jackson Martinez, além da titularidade do guardião Fabiano e de Fucile, Carlos Eduardo e Iturbe.
Aliás, pertenceram ao argentino, que na época passada esteve emprestado ao River Plate, alguns dos melhores momentos da partida, nomeadamente pela sua atividade – e velocidade – no flanco esquerdo do ataque portista. Iturbe e o argelino Ghilas deram os primeiros sinais de perigo, tentando alvejar a baliza dos venezuelanos, que responderam com um remate perigoso de David Moreno, por cima da baliza de Fabiano.
Com a maior posse de bola do FC Porto, acabou por ser num lance rápido do ataque do Anzoátegui, aos 39 minutos, que Edwin Aguilar conseguiu ganhar posição entre os dois centrais “azuis e brancos”, chegando mais cedo do que Fabiano à bola, para inaugurar o marcador.
As alterações efetuadas ao intervalo deram resultado oito minutos após o reatamento, com dois protagonistas que saltaram do “banco”: Danilo “desceu” pela direita, cruzou tenso para Jackson Martinez, que cabeceou com êxito.
Mas, num lance algo estranho, o defesa Fuenmayor remata para novo golo venezuelano, aproveitando uma bola que ficou “enrodilhada” na barreira portista, após a marcação de um livre direto. Na resposta, Mangala empatou, após um canto desviado por Jackson Martinez, que deixou a bola à disposição do remate do central francês do FC Porto.
E o terceiro golo portista apareceu dois minutos volvidos, por intermédio de Varela, que desviou com êxito de cabeça. Seguiram-se mais algumas substituições, para dar minutos a jogadores como Herrera e Castro, e Varela, já nos descontos, ainda marcou o quarto golo, após bom entendimento entre Jackson Martinez e Lucho González, que lançou o português em velocidade.
A Copa Euro-americana é disputada por três equipas europeias (FC Porto, Atlético de Madrid e Sevilha), que jogam contra oitos emblemas da América do Sul (os argentinos do Estudiantes, os peruanos do Sporting Cristal, os chilenos da Universidad Católica, os colombianos do Atlético e do Milionários, os venezuelanos do Anzoátegui, os equatorianos do Barcelona e os uruguaios do Nacional).