Está a chegar o mês de Agosto e o trânsito automóvel em Portugal tem um aumento substancial, para o qual também conta o regresso para férias dos portugueses residentes no estrangeiro. Nesse sentido, é sempre importante relembrar normas de segurança. Porque a taxa de sinistralidade em Portugal continua a ser alta, as informações rodoviárias e sinalização por vezes não as mais corretas. E porque a segurança rodoviária começa em cada um dos condutores, corrigindo comportamentos e hábitos de condução, respeitando sempre o código de estrada e os limites de velocidade impostos e não ingerindo bebidas alcoólicas quando se está ao volante. Sejam bem vindos e boas férias!
Estude os percursos e itinerários antes de partir
Muitas situações de perigo e até acidentes, ocorrem quando condutores, distraídos ou perdidos, efetuam manobras de correção bruscas, perigosas, proibidas ou inesperadas para os outros. Enganos nas saídas das auto-estradas, inversões de sentido de marcha, marchas-atrás, mudanças bruscas de direção, são muitas vezes resultado de falta de preparação de percursos e do desconhecimento dos itinerários. Assim deve transportar água fresca e mantimentos para o caso de paragem prolongada
Por vezes as viagens de férias tornam-se num suplício devido às intermináveis filas. Tantas vezes os condutores são apanhados em engarrafamentos de quilómetros onde têm de esperar pacientemente, por vezes horas a fio. Por isso leve sempre consigo água e comida para ajudar a passar o tempo e para refrescar.
Seja pessimista a calcular o tempo que julga necessário para o percurso
Nunca calcule o tempo da viagem por defeito. Se a viagem tem 300 kms, mesmo que a faça por auto-estrada, faça um cálculo de média de circulação de 80 ou 90 kms/h. Conte com filas, paragens, atrasos, etc. Assim não se enerva tanto e evita andar a “correr”, o que em estrada se traduz em excessos de velocidade e ultrapassagens por vezes perigosas.
Preparar a viagem
Conduzir implica sempre um certo risco. Assim, a única coisa a fazer é evitar qualquer factor susceptível de agravar esse risco: preparar a viagem; ter o automóvel em bom estado; estar, o próprio condutor, igualmente em boas condições físicas e psicológicas; e, durante a viagem, adoptar, desde logo uma condução defensiva. Estes são requisitos necessários para chegar são e salvo ao seu destino.
Manter o veículo em bom estado é um elemento básico de segurança. Assim:
– Deve ter em dia as revisões periódicas aconselhadas pelo fabricante;
– O próprio condutor pode fazer as suas revisões. Não interessa apenas cuidar dos factores que afectam directamente a segurança (travões, rodas,…), mas também de tudo o que possa causar uma avaria e deixar-nos na estrada, pois, nesta situação, existe risco de colisão ou de atropelamento;
– De 15 em 15 dias, convém rever os níveis de óleo, refrigerador, limpa-vidros, líquido de direcção assistida e líquido dos travões;
– De cada vez que utilizar o seu automóvel, faça uma rápida inspecção para ver, por exemplo, se as rodas estão em bom estado, ou se em redor do carro, não existe algo no piso que possa danificar o pneu ou a própria viatura.
– Verifique, com os pneus frios, se estes têm a pressão aconselhada. Uma pressão desadequada provoca falta de aderência e aumenta o consumo e o desgaste da borracha. Para um desgaste superior a 3mm, o pneu piora o seu comportamento, aumentando o risco de “aquaplanning” (quando o rasto de um pneu não é suficientemente profundo para escoar a quantidade de água que esteja sobre o pavimento da estrada).
– Teste as luzes, em especial as de trás, que são as que mais dificilmente se repara que estão fundidas. Verifique também se os médios não encandeiam;
– Limpe os vidros, para ter melhor visão possível da estrada. As escovas do limpa-vidros devem ser mudadas uma vez por ano, de preferência com as primeiras chuvas após o Verão (com o calor, as borrachas ficam rijas).
– A correcta colocação de passageiros, objectos e equipamentos no interior do veículo é de grande importância. As crianças são muito vulneráveis. Por isso, devem ir sempre bem sentadas e seguras, com o cinto de segurança colocado. As mais novas (pelo menos até aos três anos) devem ter acentos adequados para a sua idade e peso. Os passageiros devem colocar o cinto de segurança, não só à frente mas também atrás.
– Não deixe objectos soltos no interior do automóvel, pois podem converter-se em projécteis perigosos.
– Cuidado com a tampa do guarda-luvas: não a deixe aberta.
Um condutor na plenitude das suas faculdades pode reagir melhor e mais rapidamente aos estímulos, antecipar-se a potenciais perigos e evitá-los. A comodidade é importante: o condutor deve ajustar os espelhos retrovisores, acentos, cintos de segurança,… à sua altura. Além disso, o habitáculo deve estar bem ventilado.
Programe paragens
Quando programar a viagem, que tal aproveitar para finalmente conhecer aquele local de interesse de que tanto lhe falaram? Afinal está de férias e tem o tempo por sua conta. Aproveite. Viajar não é só “comer” quilómetros com o carro.
Descanse antes de partir. Se a sua viagem de férias é superior a 200 kms ou exige mais de 2 horas de condução, faça uma sesta antes de partir ou parta depois de dormir. Um dos piores inimigos do condutor é o cansaço. Sair a correr no final do último dia de trabalho só porque a casa de férias fica vaga nessa noite, é asneira. Assim vai começar as férias mais cansado e stressado. Parta com calma no dia seguinte. Evite as horas de ponta!
Coma pouco e não ingira bebidas alcoólicas Antes de pegar no volante, e durante a viagem, evite alimentos de difícil digestão ou refeições pesadas. E nunca beba bebidas com álcool antes e durante o percurso. Após os primeiros 5 kms, pare e verifique a colocação da bagagem e carga. A bagagem tende a mover-se, a mudar de posição ou a criar folgas com o movimento do carro. Em movimento, as cargas e bagagens podem ver o seu peso aumentado dezenas de vezes, graças às forças da física. Por isso, se levar bagagem no tejadilho ou porta–malas, depois de 5 ou 6 quilómetros, pare e faça uma verificação da carga. Durante a viagem, sempre que parar, verifique de novo.
No dia antes de partir, dê um pouco de atenção ao seu carro. Na véspera da partida ou nos dias que a antecedem, faça uma verificação dos pneus (sem esquecer o suplente, macaco e triângulo), lave e aspire o carro, verifique os fluidos (óleo do motor, água de arrefecimento, água do limpa-vidros), estado das escovas, luzes e equipamentos de segurança e apoio (colete, extintor, caixa de primeiros socorros, lanterna, luvas, etc..). Se necessário mande o carro à revisão e verifique o ar condicionado.
Mantenha sempre todos os ocupantes com os sistemas de retenção colocados. Durante as viagens longas, os ocupantes tendem a retirar ou a soltarem-se dos sistemas de retenção (cintos, cadeirinhas, etc.). Os miúdos querem deitar-se no banco para dormir ou o passageiro da frente quer esticar as pernas e fazer uma sesta. Arranjem maneira de o fazer sem tirarem os cintos ou sair das cadeirinhas. Se estão todos muito cansados, pare o carro durante uns minutos e vai ver que tudo volta ao normal. No mínimo irão todos adormecer com os cintos postos cinco minutos depois de voltar a andar…
Preparar o veículo
Como já foi referido, infelizmente as viagens de férias, para muitos condutores, representam a maior viagem do ano. Para outros, mesmo para quem viaja muito, representa um esforço adicional para o carro, pois apesar de estar habituado a viagens longas, não está habituado a fazê-las com carga e passageiros. Por isso previna-se contra avarias e pequenos incidentes. Mantenha à mão o número da assistência em viagem (seguro ou clube de assistência). Leve panos ou cortinas para tapar o sol do banco de trás e água.
Condução de noite ou horas seguidas
Muitos dos mais graves acidentes rodoviários ocorrem durante a noite. Quando acontecem, entre as 23h00 e as 06h00, têm vulgarmente como consequência a morte do condutor (e por vezes também dos passageiros) e a perda total do veículo e da carga.
Quais as causas? Entre as primeiras aparece o adormecimento ao volante. Deparamo-nos com um problema do foro fisiológico. O ser humano (o condutor do veículo) tem um ciclo de actividade/descanso que obedece ao ciclo solar: trabalhar de dia e dormir de noite!
Por este facto é natural que o condutor – mesmo aquele que habitualmente trabalha no turno da noite – tenha tendência para adormecer quando está escuro. E todos nós, como condutores, já sentimos os efeitos da sonolência ao volante e sabemos quão difícil é manter os “olhos abertos” quando o cansaço aperta.
Quais as soluções para este mal? Bem, podemos começar por entender quais as implicações que os hábitos do condutor têm na sua capacidade de vigilância e de que forma acentuam (ou não) a fadiga e aumentam a sonolência.
Factores como a alimentação (tipo, quantidade e frequência), saber dormir (mesmo de dia), programação de paragens e descansos, medicamentos e drogas (legais e ilícitas), higiene pessoal e controlo de saúde (física e mental), são importantes, em especial para quem tem de conduzir um veículo durante a noite, pontualmente, e fundamentais para quem trabalha de noite.
Travagens de emergência
Durante uma travagem de emergência, vários factores influenciam a distância total de travagem: a velocidade, a aderência, o peso, o declive da via, o tipo de travão e a forma de travar. No entanto, sempre que um veículo se movimenta, desenvolve energia cinética. Esta energia só pode ser anulada pelo atrito gerado nos travões, nos pneus, pelo motor ou por colisão contra qualquer obstáculo.
Das três anteriores, só os travões têm verdadeira capacidade para desacelerar rapidamente e parar o veículo sem danos, desde que a travagem seja feita sem bloquear as rodas, pois caso elas bloqueiem, a desaceleração será feita pela dissipação do atrito dos pneus com o pavimento.
Sempre que o condutor tem de travar forte – com travões convencionais – corre o risco de bloquear as rodas, provocando uma derrapagem com diversas consequências: o desequilíbrio do veículo (perda do controlo director), o aumento da distância de travagem, a deterioração dos pneus e a perda do controlo direccional.
É esta última que o sistema ABS (sistema anti-bloqueio de travagem) permite evitar. Todos os veículos com este sistema de apoio à travagem permitem manter o controlo director e direccional (alterar a trajectória) durante uma travagem forte.
Também em pisos molhados a distância de travagem com ABS tende a ser menor do que sem ABS. Não esqueça que, especialmente em pisos escorregadios (com qualquer veículo) e em viaturas de tracção traseira deve sempre desembraiar o veículo durante toda a travagem, de forma a evitar que o próprio motor do veículo bloqueie as rodas e diminua o controlo do veículo.
Nota: A baixas velocidades (< 40 kms/hora) em alcatrão seco, a distância de travagem com ABS tende a ser maior do que com as rodas bloqueadas.
Desembraiar, significa cortar a cadeia cinemática de transmissão, carregando no pedal de embraiagem.
Todos os anos a cena repete-se nas mesmas alturas. No Natal e Ano Novo, no início e no final das férias do Verão, somos inundados com números, estatísticas, comparações percentuais relativamente a anos anteriores, conselhos de prudência, campanhas de sensibilização,… numa tentativa de reduzir o peso trágico de feridos e mortos na estrada. Mas, ano após ano, a quantidade de acidentes rodoviários registados continua a ser preocupante, apesar do número de vítimas resultantes deste tipo de acidentes ter vindo a diminuir. O condutor, o carro, a estrada, são factores que se conjugam e determinam se uma viagem é ou não segura.
Acidentes evitáveis
Embora muitos dos acidentes possam ser atribuídos a falhas humanas, não nos podemos esquecer de outros factores que entram em jogo, nomeadamente as condições em que as estradas se encontram. Sinalização deficiente, pavimentos em mau estado, estradas mal desenhadas, má visibilidade, contribuem para uma condução menos segura, mesmo que o condutor tenha cuidado.
Por isso, este deve levar a cabo uma condução ainda mais segura e cautelosa:
– deverá conduzir sempre nas melhores condições possíveis (depois de descansar, sem ter bebido ou tomado medicamentos que indiquem que não deve conduzir);
– deve também tentar prever os possíveis erros dos outros condutores. Mesmo que seja um excelente condutor, pode sofrer um acidente devido à negligência de outrem. A antecipação é a chave para, na medida do possível, acautelar situações de perigo.
Precaução
Quando viaja, o condutor pode ver-se obrigado a encarar diversas situações de perigo. Por isso, é essencial pôr em prática uma condução defensiva. Ou seja: evitar erros próprios e, também, prever os atos dos demais condutores, agindo de forma a esquivar-se aos riscos.
Enquanto está a circular, o condutor deve estar atento a todas as informações. O essencial é ver, analisar e agir. Olhe pelos retrovisores com frequência. Para controlar os ângulos mortos há que olhar por cima do ombro sempre que necessário (rotundas, entradas em auto-estradas, mudanças de faixas de rodagem).
Numa rotunda
Ao colocar-se bem numa rotunda, de acordo com o sítio para onde pretende seguir, evita problemas: se vai sair da rotunda, coloque-se, de imediato, na faixa de fora, caso contrário, coloque-se no interior. Evite parar em túneis e auto-estradas, o que aliás constitui uma contra-ordenação. Só o faça em caso de avaria. Evite também fazer mudanças bruscas de sentido em zonas não visíveis (cruzamentos e curvas com má visibilidade por exemplo) para outros condutores. Boa estadia entre nós!