Portugal tem um sistema de investigação e inovação “completo”, mas é necessário reforçá-lo e resolver as suas fragilidades, nomeadamente “implementando estratégias nacionais e regionais”. Esta é a conclusão de um relatório elaborado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, que revela ter havido um crescimento na área da investigação em Portugal.
Elaborado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o «Diagnóstico do Sistema de Investigação e Inovação, desafios, forças e fraquezas rumo a 2020» refere que apesar do crescimento, Portugal continua abaixo do seu potencial.
O relatório faz a comparação entre Portugal e outros dez países europeus (Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Noruega, Finlândia, Irlanda, Áustria, Hungria e República Checa) e conclui que o Sistema Nacional de Investigação e Inovação tem crescido a uma taxa média de 8% ao ano.
O relatório revela que Portugal apresentou o maior crescimento na produção científica dos países em análise no período 2000-2010, mas mesmo assim “situava-se em 9º lugar quer em termos de quota mundial quer em volume de produção normalizada pela população dos países”.
“O país encontrava-se igualmente em 9º lugar relativamente à sua produtividade no universo em causa. Assim, Portugal continuava a posicionar-se a níveis abaixo do seu potencial (tendo como base o número de investigadores medidos em equivalente a tempo integral)”, lê-se no documento.
Mesmo assim, o número de publicações em colaboração internacional triplicou entre 2000 e 2010, tendo incidido mais nas Ciências Médicas e da Saúde. “As Ciências da Engenharia e Tecnologias, as Ciências Naturais, as Ciências Sociais, as Ciências Agrárias, e as Humanidades constituem as áreas que se seguem em número de publicações”, revela ainda o documento.
Produção científica diversificada
Já o perfil da produção científica nacional por região, é bastante diversificado, com cada região a contribuir para o conjunto da produção nacional. Assim, a Ciência dos Materiais domina o número de publicações na região Norte, enquanto no Centro e em Lisboa o predomínio é da Engenharia Electrotécnica e Electrónica.
No Alentejo, a maior quantidade de produção científica centrou-se nas Ciências do Ambiente, enquanto no Algarve e Açores, foi a Biologia Marinha e Aquática e na Madeira predominaram trabalhos na área da Física Aplicada.
Quanto às áreas de especialização, no período de período 2000-2010, Portugal destacou-se nas Ciências do Mar, principalmente “em domínios como as Pescas e as Biologias Marinha e Aquática, a Oceanografia e a Engenharia Oceânica nos quais o país reforçou sua especialização”, destaca o relatório. Portugal também se tem destacado nos domínios do Ambiente e da Biologia que apresentam “elevado potencial para clusters nacionais relevantes de natureza tecnológica ou económica tais como os do Mar, da Biotecnologia e de Saúde, das Engenharias da Produção e Civil, dos Materiais, e dos Transportes”.
O relatório chama ainda a atenção para o facto do esforço de patenteamento ser baixo em relação à média europeia, apesar do crescimento observado. A FCT destaca que entre 2000 e 2009 houve um aumento “sensível” das patentes solicitadas por via europeia por residentes portugueses, mas esse número diminuiu em 2010 e 2011.
“Os domínios Produtos Farmacêuticos, Engenharia Civil, e Química Fina correspondem aos dominantes em 2010 em termos de pedidos de patentes efetuados.
A nível de pedidos de patentes por via europeia ocorreu um crescimento significativo no número daqueles que têm origem no Ensino Superior, sendo, contudo, ainda, muito baixo o número total de patentes atribuídas. No que respeita à distribuição do total de pedidos de patentes por via europeia por domínio tecnológico, observou-se, no período 2000-2008, uma maior intensidade nas áreas das Tecnologias da Informação, Produtos Farmacêuticos, Biotecnologia, Tecnologias Médicas, Energias Renováveis, e Gestão do Ambiente”, refere o relatório.
Ana Grácio Pinto