O arquipélago dos Açores voltou a ser considerado o melhor destino turístico ecológico global da Europa. O galardão atribuído pela European Coastal and Marine Union (União Costeira e Marítima da Europa) já tinha sido destinado aos Açores em 2012, e a nova conquista deveu-se a diversos fatores. “Os Açores têm beneficiado com a sua política de produzir os produtos locais e regionais de uma forma tradicional, especialmente vinho, queijo, frutas, chá e atum”, referiu a organização, que destacou ainda a “exploração e optimização das energias renováveis” no arquipélago.
Este ano, repetiu o ouro e conquistou ainda o primeiro lugar entre todos os galardoados com essa medalha pela European Coastal and Marine Union – uma organização que tem por objectivo estabelecer uma rede mundial de comunidades costeiras que partilham valores semelhantes sobre o desenvolvimento sustentável, natureza e biodiversidade, o património cultural e identidade, e responsabilidade social, mantendo ao mesmo tempo, elevados padrões na qualidade do seu turismo.
Considerados “o maior programa internacional de certificação de destinos com turismo sustentável”, os prémios «QualityCoast» são atribuídos desde 2007 e já distinguiram 140 locais em 23 países. Segundo a organização, um júri internacional avalia mais de mil destinos em todo o mundo, com base numa série de factores centrados em cinco critérios: Natureza, Ambiente, Identidade e Cultura, Turismo e Negócios, Acolhimento e Segurança. Este ano, os galardões – em ouro, prata e bronze – foram atribuídos a 22 destinos, entre cidades costeiras, ilhas e parques naturais. “Estes são os destinos mais atrativos para os turistas, em termos de património natural e cultural, beleza nativa, identidade local e ambiente protegido intactos”, explica a organização.
Para além de escolher os Açores como o melhor entre os melhores destinos ecológicos, a organização galardoou com ouro as cidades de Baiona, em Espanha, e de Pafos, no Chipre.
Açores melhor entre os melhores
Os destinos cujas candidaturas foram apresentadas à European Coastal and Marine Union foram avaliados com base em mais de 100 indicadores e os prémios são um reconhecimento aos esforços realizados nesses locais para se manter a sustentabilidade das suas atrações turísticas no futuro.
“Não são classificados apenas os aspectos visíveis e tangíveis, como o património natural, mas também as políticas e planos de gestão que têm em conta os princípios de desenvolvimento sustentável”, destaca a organização.
E foi este conjunto de factores que valeu ao arquipélago dos Açores o galardão de melhor destino turístico ecológico global da Europa.
“Os Açores lideram a lista europeia de turismo “verde” desde maio de 2012”, destaca a organização num comunicado divulgado à imprensa a 20 de maio. Para a EUCC, “os Açores têm beneficiado com a sua política de produção de produtos locais e regionais de uma forma tradicional, especialmente vinho, queijo, frutas, chá e atum”.
No comunicado, é ainda referido o facto de o atum dos Açores ser capturado “com canas e fios de pesca tradicionais, de um modo ‘amigável’ para os golfinhos”.
Este processo coloca a pesca ao atum nos Açores “entre as mais sustentável do mercado mundial”, realça a organização, que elogia o facto de no arquipélago ter-se conseguido “transformar a desvantagem económica causada pela proibição internacional da caça à baleia, numa oportunidade de desenvolvimento da observação de cetáceos”.
Os Açores destacaram-se ainda pelos projectos desenvolvidos pelas autoridades locais quanto à “exploração e optimização das energias renováveis, em particular vento, energia geotérmica e biomassa”. “Atualmente, 28% da energia gerada provém de fontes renováveis, com o objectivo de chegar a 75% em 2018”, destaca a EUCC.
Além dos Açores, Portugal recebeu três outros galardões. A vila de Cascais (juntamente com a ilha alemã de Norderney) recebeu a medalha de Prata e o conjunto dos municípios da região Oeste (incluindo Peniche, Torres Vedras, Óbidos, Nazaré) recebeu o Bronze QualityCoast. O mesmo galardão foi ainda atribuído à cidade algarvia de Lagos.
Natureza “Muito rica”
No texto de apresentação dos Açores com o título de «Sinta-se vivo!», as nove ilhas do arquipélago são referidas como locais “com uma natureza muito rica”, onde apenas cinco por cento de terreno foi edificado.
“Um dos destaques é a incrível variedade de características vulcânicas: cones e domos, crateras e lagos de crateras, cavernas, grutas e nascentes termais. As ilhas são muito conhecidas pelo seu caráter sustentável”, afirma a organização, exemplificando com uma rica e protegida vida marinha, áreas naturais protegidas, trilhos pedestres bem regulados e o uso de energias renováveis.
“A rica vida marinha dos Açores – incluindo golfinhos, cachalotes e baleias, tartarugas e aves marinhas, peixes pelágicos e corais de água fria – é única”, destaca a EUCC que refere a agricultura, a pecuária leiteira, a criação de gado, a pesca e o turismo como os principais setores de dinamização da economia local.
Como aspectos positivos a organização dos Prémios «QualityCoast» os mais de 60 trilhos pedestres e ciclovias espalhados pelas ilhas, que são regulados por uma lei local e a Rede de Áreas Protegidas dos Açores que “não é estática” e aumenta na mesma proporção em que a sua regulamentação “continuar a melhorar”.
Outros aspetos elogiados são as praias que “têm uma excelente qualidade” e a “grande importância” que tem sido dada à conscientização da população local, incluindo ações nas escolas. Como questões a melhoras, a EUCC defende um maior envolvimento do setor do turismo em medidas de desenvolvimento sustentável, em particular na gestão da água e na utilização de energias renováveis.
Ana Grácio Pinto
