O Governo luxemburguês está a negociar com o executivo de Portugal a contratação de técnicos de serviço social portugueses para trabalhar em lares de terceira idade no Luxemburgo, afirmou o secretário de Estado das Comunidades.
“É uma área em que nós fizemos muita formação, e eles sentem aqui necessidade de pessoas nas instituições locais que garantam a integração dos nossos reformados e dos nossos idosos”, explicou o secretário de Estado, que destacou também a experiência dos técnicos portugueses na integração das comunidades estrangeiras.
Os profissionais portugueses poderão vir a ser contratados pelo Servior, um estabelecimento público que emprega 1.600 pessoas e tem capacidade para acolher outros tantos idosos, informou à Lusa a ministra da Família e da Integração, Marie-José Jacobs.
“Estamos a trabalhar juntos na homologação dos diplomas, para verificar se a formação que é dada em Portugal corresponde às mesmas competências no Luxemburgo, mas são questões a resolver”, adiantou a ministra, que frisou que os técnicos deverão também “aprender francês e luxemburguês”.
O secretário de Estado das Comunidades acrescentou que o pedido já foi “canalizado para o Instituto de Emprego” em Portugal e que falta agora “clarificar, do lado do Governo luxemburguês, quando é que pretende fazer essa contratação”.
José Cesário, visitou no início deste mês o Luxemburgo e entregou duas dezenas de livros de autores lusófonos às Associações de Pais e Alunos de Ettelbruck e de Diekirch, parte das 700 mini-bibliotecas que o Instituto Camões está a distribuir pelas comunidades portuguesas para incentivar a leitura.
O governante participou ainda na festa do 33º aniversário do Centro de Apoio Social e Associativo (CASA), onde estiveram também os deputados Paulo Pisco e Carlos Gonçalves, eleitos pela emigração.
Cesário diz que filial de Açomonta é empresa cumpridora
José Cesário defendeu durante a sua visita ao Luxemburgo que a empresa portuguesa Açomonta é “uma empresa cumpridora”. A filial no Luxemburgo do grupo português Açomonta foi acusada por um sindicato luxemburguês de praticar “escravatura moderna”, mas José Cesário diz que não tem conhecimento de “nenhuma situação irregular”.
“A Açomonta tem uma monitorização permanente por parte da Inspeção do Trabalho e não há nota de nenhuma situação irregular. Se há situações irregulares, podem acontecer com alguns subempreiteiros, e é essa questão que deverá ser esclarecida”, disse o governante. Em causa está uma denúncia do sindicato luxemburguês OGB-L, noticiada pela Lusa a 19 de março, em que a empresa portuguesa é acusada de recrutar, através de subempreiteiros, trabalhadores portugueses que recebem 300 a 700 euros por mês, muito abaixo do salário legal no Luxemburgo, que ronda os 2.400 euros brutos.
Segundo o sindicato, os trabalhadores, a maioria “provenientes das ex-colónias portuguesas”, são obrigados a trabalhar “sete dias por semana” e “mais de dez horas por dia”, sendo alojados em “condições desumanas” em França, na fronteira com o Luxemburgo.