O Queijo Serra da Estrela DOP e os cogumelos silvestres nativos estão no centro de dois projetos de investigação e inovação tecnológica aprovados recentemente pela União Europeia, que receberam recentemente fundos comunitários no montante total de 522 mil euros.
Aprovados pela União Europeia através da atribuição de fundos comunitários no valor total de 522 mil euros, os projetos de inovação tecnológica têm como objetivo “alavancar o desenvolvimento da produção de dois grandes embaixadores da gastronomia portuguesa: o Queijo Serra da Estrela DOP e os cogumelos silvestres nativos”, explica a BLC3 num comunicado.
O estudo aplicado ao queijo está a ser desenvolvido em parceria com a Universidade do Minho e uma queijaria da região demarcada, a Casa Matias, e pretende mudar a realidade de um dos melhores queijos do mundo, “que tem estado sujeito a uma grande indisciplina de mercado, arriscando-se mesmo a entrar em vias de extinção”, refere o comunicado, explicando que “na região demarcada só 10 por cento do queijo é produzido com leite da raça Bordaleira Serra da Estrela, sendo o restante fabricado com leite importado de Espanha e de outras regiões”.
O projeto, que recebeu um financiamento de 259 mil euros através de fundos comunitários, prevê a criação de um “kit” analítico que diferencie o queijo produzido com o leite da raça Bordaleira daquele que incorpora leite importado de Espanha ou de outras regiões geográficas. Pretende ainda conseguir a eliminação dos bolores, que dificultam a conservação do queijo após os 35 a 40 dias de cura e a fatiagem do produto em doses individuais para responder aos novos padrões de consumo, “através de uma embalagem que mantenha a textura da fatia e permita a sua conservação, sem bolores”, lê-se no comunicado da BLC3.
Com este choque tecnológico numa riqueza regional que foi considerada como uma das sete maravilhas da gastronomia portuguesa, um dos grandes objetivos passa por criar condições efetivas para que o queijo possa entrar em mercados gourmet nacionais e internacionais a que hoje não tem acesso, podendo ser substancialmente valorizado, e invertendo-se assim o desinteresse na produção a que se vem assistindo. Outro objetivo desta investigação passa por criar condições efetivas para que o queijo possa entrar em mercados gourmet nacionais e internacionais.
Cogumelos e trufas
Já o estudo de investigação dos cogumelos silvestres nativos, centra-se no lançamento de um projeto biotecnológico para desenvolver o desenvolvimento da sua produção no interior do país. Com um incentivo financeiro aprovado pela União Europeia no montante de 263 mil euros, está a ser desenvolvido em parceria com o Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra e a Voz da Natureza – uma empresa incubada na BLC3 com atividade na área da investigação científica e tecnológica para o desenvolvimento de produtos inovadores.
Para além de fomentar a produção de inóculo de cogumelos silvestres nativos na região interior centro do país, o projeto inclui ainda a investigação das biomoléculas e das condições para a produção de trufas – fungos do solo que formam cogumelos subterrâneos e que, nos mercados internacionais, têm uma cotação que varia entre os 400 e 500 euros por quilo.
“Num território com elevada capacidade de produção de cogumelos nativos – em Portugal o potencial industrial, económico e ambiental associado aos cogumelos silvestres, tem sido subvalorizado – a BLC3 propõe-se avançar com um Centro de Micologia Aplicada, por forma a alavancar o desenvolvimento de uma nova economia na região, através da valorização do território e dos melhores recursos que esta gera”, informa a entidade.
A BLC3 é a primeira entidade em Portugal criada para o desenvolvimento de biorrefinarias de segunda e terceira geração e de regiões com autonomia energética. Lançada pela Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, tem como objetivo desenvolver, apoiar e aplicar o conhecimento avançado, dando suporte e promovendo iniciativas empresariais de elevado potencial.
Está ligada à Universidade de Coimbra, Universidade de Aveiro, Laboratório Nacional de Energia e Geologia, Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital, Instituto Politécnico de Coimbra, Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica, BIOCANT, Universidade do País Basco e Conselho Superior de Investigação Científica de Espanha.
A.G.P.