«Ensino Formação e Língua Portuguesa – Por onde ir e como proceder?» Esta foi a questão lançada aos cerca de 40 luso-eleitos oriundos de cinco países que participaram no I Encontro Mundial de Luso-Eleitos, realizado no Centro Cultural de Cascais, em Portugal, organizado pelo semanário «O Emigrante/Mundo Português» e pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, com o apoio da Câmara Municipal de Cascais.
A presidente do Instituto Camões (IC) – organismo tutelado pela Secretaria de Estado das Comunidades e que gere a rede do ensino do português no estrangeiro – afirmou que “no momento em que talvez fosse necessário expandir mais a língua”, o instituto está confrontado “com uma dificuldade” de ordem económica. Por esse motivo, justificou Ana Paula Laborinho, “temos que ser ainda mais rigorosos e fazer escolhas que possam ser devidamente justificadas, tendo em conta as limitações orçamentais que todos conhecem”.
Voltando-se para os luso-eleitos presentes, a presidente do IC centrou grande parte da sua apresentação na importância económica da língua portuguesa, tendo destacado que “o português é uma ferramenta útil também na área dos negócios”. A responsável sublinhou a rota dos negócios muitas vezes tem a língua como orientação importante e exemplificou. “Vemos países que estão a implementar o ensino da língua, é o caso da China, precisamente porque têm objetivos de negócio em países de língua portuguesa”, destacou, acrescentando que o português é já a língua mais falada no hemisfério sul.
Temos que ter a noção de que (o português) não é apenas uma língua que marca uma relação identitária, mas pode também ser uma ferramenta útil para os mais jovens e para as suas opções profissionais”, afirmou Ana Paula Laborinho defendendo que deve “ser conformada ao nível do ensino com uma qualidade e um plano de desenvolvimento, que não se compadece com fórmulas mais antigas”.
Durante o debate, vários luso-eleitos defenderam mudanças na estrutura do ensino. Alexandra Mendes, presidente do partido Liberal no Quebeque, Canadá, lembrou que foi professora de português durante seis anos na cidade de Brossard e lamentou que ali tenham passado de 180 alunos para os atuais 32. Para Alexandra Mendes o problema não está apenas nos “casamentos mistos”, mas também nos horários em que a língua portuguesa é ensinada. “As crianças querem fazer as coisas que as outras fazem, e não perder o sábado de manhã a aprender português, particularmente quando chegam à adolescência”, alertou a política luso-canadiana defendendo que seria importante “aproveita as novas tecnologias para os incentivar” e ensinar a língua “com assuntos que interessam aos alunos”.
Ana Paula Laborinho afirmou que essas “são as questões que nós também nos colocamos”. “Gostaríamos que as crianças não fossem empurradas para aulas pós escola”, afirmou, admitindo que este modelo tem “um efeito negativo” na perceção com que essas crianças ficam da aprendizagem do português.
E lamentou que as dificuldades económicas não tenham permitido ao IC ter mais meios financeiros. “Precisamos de 300 mil euros para criar uma plataforma de ensino da língua à distância, ainda não conseguimos”, lamentou.