O incêndio que começou em Tavira às 14h do dia 18, já consumiu um terço da área total do concelho, afirmou o presidente da Câmara, Jorge Botelho, que apelou ao Governo para decretar o estado de calamidade pública.
A partir da 1h30 da manhã desta sexta-feira, o fogo teve três frentes ativas, duas delas a arder com intensidade, e estava a ser combatido por mais de 650 bombeiros, apoiados por 150 veículos e um helicóptero. Entretanto, No ponto da situação feito às 10 horas, a Proteção Civil informava que o incêndio tinha duas frentes ativas, que estavam a ser combatidas por 712 bombeiros, 192 veículos operacionais, 3 helicópteros bombardeiros e 4 aviões bombardeiros. Ainda no dia de hoje, vão juntar-se cerca de uma centena de bombeiros do Porto e de Leiria, depois de ter sido pedido um reforço de meios.
Situação drástica
“O ponto de situação no concelho é drástico, porque o fogo chegou a Tavira. Um incêndio que acontece em Cachopo, com dois dias de operações com muitos meios no terreno, chegar a Tavira, independentemente das consequências, só posso dizer que foi drástico e grave”, afirmou Jorge Botelho, na manhã de hoje à Lusa.
“Para termos uma ideia da calamidade são muitos proprietários, muita economia e é um concelho queimado”, constatou o autarca, sublinhando que em causa estão áreas de sobreiros, pinheiros, eucaliptos e zonas de caça. No concelho vizinho de São Brás de Alportel, hoje ao início da manhã via-se uma coluna de fumo a pairar sobre a vila e o ar estava irrespirável, conforme constatou o o jornalista do «Público» no local.
O autarca esteve reunido durante a madrugada com o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, a quem pediu que seja decretado o estado de calamidade pública. Segundo Jorge Botelho, já arderam cerca de 20 mil hectares, ou seja, um terço do território do concelho. Mas Miguel Macedo pediu entretanto mais tempo para avaliar a situação. Em declarações aos jornalistas após visitar o posto de comando móvel da Autoridade Nacional de Proteção Civil situado em Cachopo, o ministro afirmou que a declaração do estado de calamidade “ver-se-á”, porque “há legislação própria e requisitos que têm de ser cumpridos” para que possa ser decidida.
Situação “grave e séria” em São Brás de Alportel
Mas o autarca de São Brás de Alportel já veio alertar que a situação é “grave e séria” no concelho, revelando que as chamas estavam ainda de manhã, a apenas dois quilómetros da vila. “O fogo ficou descontrolado durante o início da noite ontem (quinta-feira) e chegou desde o norte de São Brás até às portas de Tavira. Aqui em São Brás está a dois quilómetros do centro da vila. Vamos ter que fazer o ponto da situação de manhã para ver que passos dar”, explicou António Eusébio.
De acordo com o autarca, a “situação é grave é séria” tanto mais que apesar do número elevado de meios os bombeiros estão exaustos, alguns dos quais vieram de outros incêndios, e quando há mais vento a situação complica-se.
Pouco antes das 10 da manhã começaram a ser retiradas do Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul, em São Brás de Alportel, cerca de uma centena de pessoas, 50 dos quais doentes. O presidente da Câmara referia que as pessoas estavam a ser retiradas do edifício apenas por uma questão de segurança e para respirarem melhor, porque nesta altura o “ar é muito denso, devido ao muito fumo”.
O autarca acrescentou que as autoridades foram obrigadas a retirar os habitantes das localidades de Cabeça de Velho, Parizes e Arimbo, sem entretanto avançar com números. “Não temos acesso às estradas cortadas por onde o fogo está a passar. Não tenho meios para chegar à serra. Disseram-me que há várias habitações consumidas pelo fogo, mas ainda não tenho o ponto da situação. De certeza que haverão muitos animais mortos, muitas casas ardidas e automóveis, mas só mais tarde podemos confirmar”, disse. António Eusébio revelou igualmente que desde quarta-feira à noite “a Guarda Nacional Republica cortou várias estradas”, muitas delas “continuam fechadas por uma questão de segurança para as pessoas”.
O fogo não chegou ao outro concelho limítrofe de Tavira, em Alcoutim, apesar de ter estado nas imediações, disse à Lusa o presidente da câmara local, Francisco Amaral. De acordo com o autarca, em Alcoutim “há largos milhares de hectares de pinheiro manso”, mas “estão muito limpos, não têm pasto nem mato”, o que impede a propagação dos incêndios.
Francisco Amaral adiantou ainda que Alcoutim está a apoiar o combate ao incêndio de Tavira, tendo enviado bombeiros para combater as chamas em Cachopo, e tendo recebido, na quinta-feira à noite, os idosos internados no lar de Cachopo.
Naquela freguesia, o fogo está, segundo o presidente da Câmara Municipal de Tavira, “bastante perto da cidade”, estando uma das frentes a lavrar “na freguesia de Santo Estevão, (na zona dos) Moinhos da Rocha, mais conhecida pela zona do caminho-de-ferro”. Jorge Botelho remeteu um ponto da situação para mais tarde, explicando que vai agora “tentar avaliar como as coisas estão”, sublinhando ainda que falta fazer uma análise dos custos e danos causados pelo incêndio.
Na sua página do facebook, o município de Tavira está a pedir aos munícipes que levem bens alimentares ou bebidas engarrafadas para os bombeiros municipais.
Para além das forças de combate ao incêndio que estão no local, no Posto de Comando Operacional (PCO) encontram-se três assistentes sociais e um psicólogo.