Começou a 1 de julho a época mais crítica em incêndios florestais. A denominada fase «Charlie» prolonga-se até 30 de setembro e envolve 44 meios aéreos, 2.248 equipas de diferentes organismos, 1.982 viaturas e 9.324 elementos. Num ano em que a área ardida e as ocorrências de fogos florestais registaram até 15 de junho, os valores mais elevados da última década…
Começou a 1 de julho a fase mais crítica do combate a incêndios em Portugal. Num ano em que a área ardida e as ocorrências de fogos florestais registaram os valores mais elevados da última década, para o período até 15 de junho, a fase «Charlie» prolonga-se até 30 de setembro, e envolve 9.324 elementos, 2.248 equipas de diferentes forças envolvidas, 1.982 viaturas e 44 meios aéreos. Representa um reforço de mais cem efetivos e de três aeronaves, em relação a 2011.
Os mais de nove mil elementos pertencem aos corpos de bombeiros, GNR, PSP, Força Especial de Bombeiros «Canarinhos» da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e AFOCELCA (agrupamento de empresas para a proteção contra incêndios).
O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF) está orçado este ano em 70,2 milhões de euros, dos quais 45 milhões são para os meios aéreos, 17 milhões para despesas com pessoal, mais 1,7 milhões para combustíveis e outros 6,5 milhões de euros para despesas extraordinárias. Mas o Governo admitiu que poderá vir a reforçar as verbas, caso for necessário.
Mais de 10 mil fogos em seis meses
Os recentes dados estatísticos relacionados com incêndios florestais indicam um triste recorde: a área ardida e as ocorrências de incêndios florestais registados entre 1 de janeiro e 15 de junho deste ano, são as mais elevadas da última década.
Os dados provisórios da Autoridade Florestal Nacional (AFN), divulgados a 26 de junho indicam que nos primeiros seis meses de 2012, ocorreu um total de 10.737 fogos que resultaram em 34.135 hectares de área ardida. O documento salienta que o número contabilizado “é superior aos valores registados em qualquer um dos dez anos anteriores”.
Em comparação com o mesmo período de 2011, as ocorrências mais do que duplicaram e a área ardida mais do que quadruplicou. Segundo o relatório, a maioria das ocorrências de fogo registaram-se em fevereiro e março – 3.870 e 4.456 respetivamente, sendo também nesses meses que os incêndios consumiram mais área ardida, designadamente 11.960 hectares, em fevereiro, e 20.243, em março.
“Os elevados valores do número de ocorrências e correspondente área ardida registados nos meses de fevereiro e março devem-se, em parte, ao facto de Portugal ter estado em situação de seca (severa e extrema) em quase todo o território continental e em grande parte do período entre janeiro e abril”, refere o documento.
Como dado positivo, a AFN refere no mesmo documento que a partir do mês de abril os valores de área ardida foram substancialmente inferiores às médias mensais da última década. Os primeiros 15 dias de junho registaram 447 ocorrências, quase metade da média dos últimos 10 anos, e 183 hectares de área ardida – cerca de 8,6 por cento da média do decénio para as duas primeiras semanas de junho.
Os dados provisórios adiantam também que, entre 01 de janeiro e 15 de junho, o maior número de ocorrências se registou no distrito do Porto, com 2.109, seguindo-se Aveiro, Braga, Vila Real e Viseu, com mais de um milhar cada um. Nestes distritos, a maioria das ocorrências correspondeu a fogachos, ou seja, a área ardida não ultrapassou um hectare.
No que respeita à área ardida, dos 34.135 hectares contabilizados até 15 de junho, cerca de 40 por cento ocorreu nos distritos de Braga, 7.768 hectares, e Bragança, 5.839. O relatório diz ainda que este ano já deflagraram 58 grandes incêndios, cuja área total afetada é igual ou superior a 100 hectares.