Um passeio por Arcos de Valdevez e arredores

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Por sugestão do nosso amigo e leitor Túlio Manoel Leles de Siqueira, que vive no Brasil, esta semana vamos visitar a região de Arcos de Valdevez.

Arcos de Valdevez é uma lindíssima vila, sede de concelho, do Alto Minho, rodeada de natureza verdejante e banhada pelo bonito rio Vez. Está inserida no único Parque Nacional do país: o Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Tem ocupação humana desde tempos pré-históricos, como o testemunham os diversos achados arqueológicos de espaços funerários pré-históricos, que incorpora cerca de uma dezena de monumentos distribuídos por uma zona planáltica, destacando-se o Núcleo Megalítico do Mezio, que vale a pena conhecer.
Arcos de Valdevez, para além de toda a sua beleza natural, é também uma terra histórica, onde, segundo reza a tradição, se encontraram as tropas de D. Afonso VII de Leão e de D. Afonso Henriques, em 1140, dando origem à consagração do reino português. Diz a lenda que no combate se deu uma carnificina tal que, horas depois do combate, ainda no rio Vez corria sangue em vez de água.
A terra é fértil e a vila é encantadora, com as suas ruas e casario irregular, velhas mansões e igrejas, como a de Nossa Senhora da Lapa, de 1767, em estilo barroco, ou a bonita Igreja Matriz.
A gastronomia da região é tipicamente minhota, destacando-se o tradicional cozido à portuguesa e a vitela assada.

Mosteiro de Ermelo

O enquadramento paisagístico, no fundo de uma encosta povoada de densos laranjais nas margens do rio Lima, justifica só por si a visita.
Apesar da sua integração na Ordem de Cister, a vida deste mosteiro foi atribulada e curta. Na visita que realizou em 1553, o abade de Claraval encontrou-o em total estado de abandono e pobreza, pelo que foi secularizado em 1560, convertendo-se em igreja paroquial.
O que hoje vemos em Ermelo é uma bela igreja românica adaptada à vida de uma pequena paróquia, primeiro no século XVI e novamente no século XVIII. Da nave que se erguia a sul resta o belo arco triunfal, que se encontra a céu aberto, no exterior. As dependências do mosteiro desenvolviam-se para sul. Aqui, podemos encontrar ainda uma arcada de arcos plenos, vestígio do claustro arruinado.
Muito perto, se prosseguir pela estrada que conduz à barragem do Alto do Lindoso, observará o rio a correr entre ravinas que por vezes atingem os 500 metros de profundidade. Duzentos metros acima do nível da represa está o castelo de Lindoso, reconstruído no século XIII por D. Dinis. Um passeio pela romântica margem do rio será uma experiência única de contato com a beleza e os sons da natureza.

Núcleo megalítico do Mezio

Este núcleo de espaços funerários pré-históricos incorpora cerca de uma dezena de monumentos distribuídos por uma zona planáltica. A Mamoa 3, normalmente designada por “Dólmen do Mezio”, é o exemplar mais conhecido e mantém ainda vestígios da mamoa (cobertura de terra e pequenas pedras com que se tapava o espaço funerário) e da anta, que se encontra bastante bem conservada.
A escavação arqueológica permitiu reconhecer alguns vandalismos praticados nestes monumentos com cerca de 5 mil anos, mas sobretudo conhecer os pressupostos de arquitetura e engenharia que estão na base destes testemunhos do engenho dos nossos antepassados e recolher um número significativo dos materiais que acompanhavam os seus contextos funerários.
No local, o visitante encontrará uma placa com informação sobre os monumentos intervencionados que lhe permitirá a compreensão de todo este conjunto arquitetónico primitivo.

Santuário da Senhora da Peneda

Um enorme rochedo (o penedo das Meadinhas) domina o local, com a verticalidade dos seus 300 metros de altura. No ar puríssimo da altitude, o Santuário de Peneda dá uma inspiração de sagrado à montanha, favorecendo um ambiente de religiosidade.
Todos os anos, na primeira semana de setembro, muitas centenas de peregrinos, de toda a região e da vizinha Galiza, acorrem a este local de peregrinação. A devoção a Nossa Senhora das Neves radica na Idade Média, propagando a lenda da sua aparição neste local, onde terá sido edificada uma pequena ermida. O atual Santuário foi erigido no século XIX, onde se chega por um escadório monumental com 20 pequenas capelas que encerram episódios da vida de Jesus.

Pelourinho de Arcos de Valdevez

Pelourinho em granito, construído após a concessão, em 1515, de foral à vila por parte de D. Manuel I. Em 1985, após um período de quase duzentos anos em que foi transferido para o lugar da Valeta, foi transferido para a localização atual, mas perdendo os ferros de sujeição.

Ponte da Barca

Situada numa região verdejante à beira do Rio Lima, pensa-se que Ponte da Barca foi buscar o seu nome à barca que fazia a ligação entre as duas margens, antes de a ponte ser construída, no século XV. Esta região era anteriormente conhecida por Terra da Nóbrega ou Anóbrega, que se pensa derivar do nome romano “Elaneobriga”.
O centro histórico, da vila com casas solarengas e belos monumentos dos séculos XVI-XVIII, merece uma visita cuidada, bem como os seus arredores, onde se destacam a Igreja românica de Bravães e o Castelo do Lindoso, que teve um papel importante na defesa da região.
Ponte da Barca integra a região Demarcada dos Vinhos Verdes e parte do concelho está inserido no Parque Nacional da Peneda Gerês.

Castelo do Lindoso

Conta-se que o rei D. Dinis, na sua primeira jornada ao território de Lindoso, o achou “tão alegre e primoroso que logo Lindoso lhe chamou”. Na verdade, parece que o nome deriva do latim “Limitosum”, que em português significa limite.
A aldeia situa-se numa encosta debruçada sobre uma apertada garganta do vale do rio Lima e é coroada no alto por um castelo já mencionado em documentos do século XIII.
Devido à sua localização geográfica junto da fronteira, o sítio teve sempre grande importância militar para Portugal, nomeadamente durante a Guerra da Restauração, entre Portugal e Castela, em 1640. Alternadamente nas mãos de espanhóis ou de portugueses, a fortaleza só ficaria definitivamente na posse portuguesa em 1663, e nesta fase final da guerra transformou-se num fortim, cujas paredes e guaritas se encontram intatas.

Monção

Cidade fortificada na margem do rio Minho. Em 1291, o rei português D. Afonso III deu-lhe carta de foral, e, em 1306, D. Dinis mandou construir o velho castelo defensivo, cujas muralhas ainda acolhem os visitantes.
Debruçada sobre o rio Minho, com os seus aprazíveis terraços e miradouros, como a esplanada dos Neris, ninguém diria que foi palco de ferozes combates travados noutros tempos entre os reinos de Portugal e Castela. E ainda menos que neles se distinguiram com bravura três mulheres: Deuladeu Martins, Mariana de Lencastre e Helena Peres. Hoje, a lembrança das antigas guerras é revivida na tradição popular da Festa da Coca, celebrada todos os anos na quinta-feira do Corpo de Deus.
As muralhas seiscentistas guardam o centro histórico, onde os monumentos da Igreja Matriz, da Igreja da Misericórdia e da Igreja de Santo António dos Capuchos têm lugar de destaque.
Nos arredores, a Igreja de Longos Vales, exemplo precioso da arquitetura românica, e o nobre Palácio da Brejoeira, onde se produz o famoso vinho verde Alvarinho, completam o património de Monção.

Melgaço

Junto à Galiza, Espanha, a povoação de Melgaço desenvolveu-se à volta do castelo mandado construir por D. Afonso Henriques no século XII.
Situada numa região extremamente fresca e verdejante, onde se produzem os famosos Vinhos Verdes, em Melgaço não deve deixar de ser visitado o Solar do Alvarinho, onde se poderão experimentar as diversas variedades deste vinho único no mundo.
Nas redondezas, conservam-se belos monumentos em estilo românico, como o Mosteiro de Fiães ou as Igrejas da Senhora da Orada e de Paderne. Destaque ainda para a aldeia tradicional de Castro Laboreiro, cuja fundação remonta à Idade do Ferro e dá o nome a uma raça canina que é daqui originária.

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