Livraria Bertrand do Chiado é a mais antiga do mundo

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A funcionar desde 1732, a Bertrand do Chiado, em Lisboa é a livraria mais antiga do mundo ainda em actividade. O reconhecimento foi dado na semana passada pelo Livro Guiness de Recordes.

Desde a noite de 20 de Abril, uma das paredes do edifício situado no número 73 da Rua Garrett, no Chiado, tem exposto o atestado, certificado pelo Livro Guinness de Recordes, a indicar que ali funciona a mais antiga livraria do mundo. O processo de candidatura da Bertrand do Chiado – um dos mais emblemáticos e tradicionais bairros de Lisboa – obedeceu “a uma rigorosa prestação de provas”. Foi necessário confirmar que a actividade da livraria não foi interrompida ao longo destes anos e para isso contribuíram o historiador contemporâneo e colaborador da LisbonWalker, José Antunes, o sociólogo Miguel Cabrita, Ana Salvado, que no momento da candidatura era subdirectora do Instituto Nacional para a Reabilitação, o escritor, historiador e crítico de arte José Augusto-França, entre outros.

Por “mais 300 anos”

Paulo Oliveira, administrador do Grupo Bertrand Círculo, proprietário do espaço, disse à agência Lusa que a loja do Chiado irá continuar como livraria “por mais 300 anos”, já que “representa um património cultural inalienável”. A Bertrand, mais do que uma marca comercial, “simboliza a relação entre o leitor e o livro, em Portugal”, disse Paulo Oliveira ao lembrar as muitas tertúlias, lançamentos de livros, colóquios e debates, que constituem um tesouro de vivências culturais daquele espaço.
Ao longo dos anos, a livraria Bertrand tem sido retiro de escritores e refúgio de revolucionários. As histórias são muitas, nomeadamente as que envolvem conspiradores republicanos. José Fontana (que se suicidou no interior da loja), Antero de Quental e Aquilino Ribeiro são alguns dos nomes que permanecem vivos no interior da Bertrand.
A novidade foi dada durante um jantar que juntou livreiros, editores, autores e jornalistas na loja do Chiado. Um espaço ao lado da livraria, o número 15 da Rua Anchieta, foi recentemente recuperado e passará agora a chamar-se a Sala do Autor onde se realizarão lançamentos de livros e tertúlias. Foi nessa sala que José Fontana, que foi durante 16 anos empregado da Bertrand do Chiado, primeiro como livreiro e depois como gerente, se suicidou por estar doente com tuberculose. Personagem real que inspirou o romance «Na próxima semana, talvez» de Alberto Nessi, e que já está à venda nas livrarias.
Conta-se que nas salas da livraria, ninguém ousava invadir o cantinho de Aquilino Ribeiro e ainda não há muito era possível encontrar naqueles corredores Fernando Namora ou José Cardoso Pires.
A primeira Bertrand, fundada por Pedro Faure em 1732, abriu portas na Rua Direita do Loreto, em Lisboa. Em 1755, por causa do terramoto que assolou a cidade e quando já era o genro de Faure, Pierre Bertrand que a dirigia, a livraria foi instalar-se junto da Capela de Nossa Senhora das Necessidades. Dezoito anos depois, em 1773, a Bertrand voltou a abrir as portas na já reconstruída baixa pombalina. No texto «Bertrand – a história de uma editora», o historiador José António Saraiva refere que a Bertrand teve 11 nomes e conheceu quatro moradas.
Actualmente, a Bertrand Livreiros é uma rede com 53 livrarias espalhadas pelo país e integra formalmente o Grupo Porto Editora desde 30 de Junho do ano passado.

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