Terminou na passada semana em Lisboa mais uma edição do SISAB, a maior plataforma de negócios da exportação a nível mundial na área do agro-alimentar e que assegurou a vinda a Portugal de 1200 compradores internacionais, muitos deles pela primeira vez. Para os importadores presentes, originários de cerca de 80 países, o aumento da qualidade das empresas expositoras, foi um dos factores que permitiu a realização de mais negócios e abriu novas perspectivas para novos mercados. Num sector que nos últimos cinco anos viu as exportações aumentarem de 2,6 para 3,9 mil milhões de euros. Boas notícias para a economia, e que levaram o secretário de Estado da Agricultura e Pescas a afirmar que o agro-alimentar, é “o sector de futuro”.
Estes compradores, muitos deles não falando português ou inglês, vêem naturalmente ao SISAB, porque são apoiados pela organização com a sua rede de intérpretes, permitindo assim um contacto mais próximo com as empresas nacionais, que de outra forma ou noutras feiras nem sequer se cruzariam.
Fruto de uma selecção extremamente criteriosa dos mercados o evento foi um sucesso à imagem de anos anteriores, mas nesta edição com uma clara subida do poder de compra dos participantes internacionais, elevou-se em muito o montante dos negócios efectuados logo no decurso do evento, foi pelo menos este o consenso geral da maioria dos participantes que quiseram transmitir à organização a sua satisfação.
Por outro lado os estrangeiros congratularam também a organização pelo reconhecimento do aumento da qualidade das empresas expositoras, notando-se em especial no nível de stands e marketing exibido e sobretudo na vontade em conhecer diferentes mercados alvo dentro de cada país, o que permitiu a realização de mais negócios e abriu novas perspectivas para novos mercados.
A organização foi também felicitada pelos participantes pela qualidade dos serviços de apoio aos stands e pelas animações apresentadas e dinamizações diversas que contribuíram decisivamente para uma envolvência muito positiva entre os participantes que se traduziu naturalmente no aumento de contactos e negócios.
Mais e melhores negócios
Algumas empresas presentes confidenciaram ao nosso jornal que geraram negócios no SISAB, que em muitos casos superaram os 20 por cento das suas vendas anuais para a o mercado nacional, o que permitiu encontrar nestes mercados uma sólida alternativa para a contracção do mercado nacional com o consequente esmagamento de preços que hoje em dia internamente é uma constante.
Exemplo de tudo o que se afirma são as palavras de Ursula Duebel, gerente da Estrela Weine em Krefeld – Alemanha ao afirmar: “Foi a primeira vez que visitei o SISAB e a minha impressão foi francamente positiva. Tudo estava muito bem organizado e os vossos colaboradores inexcedíveis na resposta às diversas solicitações. As degustações estiveram fantásticas sobretudo com uma adequada ligação dos vinhos aos pratos apresentados, o que permitiu de facto um contacto muito directo com a qualidade dos produtos portugueses. O vosso esforço deve ser reconhecido pelas empresas exportadoras e pelas entidades oficiais ligadas ao sector da exportação.
Mas para as empresas portuguesas a impressão também foi bastante boa como por exemplo nas palavras do Directos Comercial da Aveleda, António Mendonça: “Muitos parabéns pela excelente organização da edição do SISAB. O resultado da nossa participação foi bastante bom, o que só se consegue se à atractividade das nossas marcas juntarmos uma organização de sucesso. Saliento a eficiência dos serviços de copos e gelo, o nível geral das degustações etc…”
Um sector de futuro
E os negócios gerados no certame pelas empresas produtoras portuguesas, serão a melhor notícia para um sector cujo futuro está concentrado numa palavra: exportação.
Essa foi a opinião unânime dos governantes e políticos que visitaram o SISAB.
O secretário de Estado da Agricultura e das Pescas, sublinhou estar “na presença do maior certame agro-alimentar que se realiza no país e também na presença das melhores empresas do ramo agro-alimentar”, para felicitar “todos os empresários que têm mostrado uma dinâmica na modernização, apostando cada vez mais nos critérios fundamentais de competitividade neste sector que são a inovação, a qualidade e a promoção”.
Luis Vieira defendeu que é por força dessa dinâmica que o sector agro-alimentar se tem afirmado “não só no nosso país, mas também no mercado internacional”. E avançou com números. O governante afirmou que nos últimos cinco anos, o défice do sector agro-alimentar foi estabilizado, “fruto do contributo das exportações” que “subiram 47 por cento nos últimos cinco anos”. “Passaram de 2,6 mil milhões de euros, para 3,9 mil milhões”, revelou na sessão de abertura do SISAB perante cerca de três mil pessoas presentes, entre produtores e importadores.
“É um número que mostra o dinamismo dos nossos empresários, que é possível fazer melhor e ao mesmo tempo, apostar nos factores e competitividade e direccionar as suas estratégias empresariais para o mercado externo”, acrescentou.
Por esse motivo, o governante assegura que é possível continuar a apostar num sector cada vez mais estratégico “como fornecedor de alimentos suficientes e saudáveis, para toda a sociedade”, assegurou Luis Vieira, acrescentando que esse é um desafio que se exige do sector agro-alimentar, “que até agora tem dado provas não só de criação de riqueza, mas que aumentará cada vez mais a sua performance em termos de qualidade e sustentabilidade”. “É o sector de futuro. Está cada vez mais presente na agenda mundial”, finalizou.
Apostar na agricultura
Exportação é também a palavra de ordem para o líder do CDS-PP. Paulo Portas visitou o SISAB e deixou a mensagem. “Um dos maiores problemas de Portugal chama-se dívida, sobretudo a dívida do Estado que nos últimos cinco anos passou de 82 mil milhões de euros para mais de 150 mil milhões. Um país que tem um grau de endividamento tão astronómico, só pode fazer duas coisas. Primeiro, não agravar o problema. Segundo, a única maneira sólida, estruturada e duradoura de contrariar o endividamento é produzir mais, exportar mais e substituir importações”.
O também deputado defendeu que a agricultura não pode ser “espezinhada, esquecida, desprezada”, que os fundos comunitários “não podem ser desperdiçados”, e que os recursos que temos “não podem ser inutilizados”. “É preciso apostar radicalmente, modernamente na agricultura, nas empresas agrícolas, na competitividade dos nossos agricultores, porque é a única maneira de produzirmos mais, exportarmos mais e precisarmos menos de importações”, defendeu.
Paulo Portas afirmou aos jornalistas no SISAB que sem agricultores, Portugal não tem povoamento, ordenamento e ecologia, e não conseguirá contrariar o endividamento. E defendeu que é preciso “utilizar bem os fundos comunitários que são postos à nossa disposição”.
“É inacreditável que um país que não é rico, possa ter que pagar 46 milhões de euros de uma multa, esteja ameaçado de pagar mais 122 milhões de euros de outra multa e não sabe qual é a outra multa que aí vem. Toda a gente tem que se empenhar em que haja uma solução política para evitar uma penalização dos fundos”, alertou.
Sobre o futuro do sector, disse que gostaria que a agricultura “tivesse um ministro competente e forte, um Ministério organizado e eficaz no serviço aos agricultores e que Portugal usasse bem e sempre os recursos que os fundos comunitários põem à sua disposição”.
Importância estratégica
Pelo SISAB passou também o presidente do PSD, que considerou que o agro-alimentar tem “uma importância estratégica” para a economia nacional. “Portugal precisa substituir importações também na área agro-alimentar. Precisamos exportar mais, sobretudo produtos transformados que acrescentam valor e que têm beneficiado de um grande aport em matéria de inovação”, defendeu.
Questionado pelo Emigrante/Mundo Português sobre o que ouviu dos produtores portugueses presentes no certame, Pedro Passos Coelho revelou que pediram “sobretudo que o Estado não atrapalhe muito, que não mexa excessivamente no quadro fiscal, de modo a dar estabilidade às exportações”.
Pedro Passos Coelho acrescentou que os empresários portugueses pediram ainda que o quadro “que muitas vezes é suportado pela Cosec, de dar garantias adicionais aos seguros de crédito à exportação, possa funcionar melhor”. Mas o político revelou que lhe fizeram chegar um pedido “crítico” para a exportação. “Que o crédito que exista hoje no mercado, posa chegar àqueles que acrescentam mais valor à economia. Isso hoje, nem sempre acontece. Muitas destas empresas têm mais clientes, precisam ter acesso a crédito para poderem aumentar as suas vendas e ganhar mais quota de mercado no exterior e não o conseguem fazer. As taxas de juros pedidas pelos bancos são demasiado elevadas para os seus modelos de negócio, estamos a falar de taxas de juros superiores a 9,5 por cento”, sublinhou.
Deixe um comentário