Centrar a estratégia de crescimento de Portugal na internacionalização da economia e conferir maior dinamismo às economias emergentes que têm contribuído para o desenvolvimento nacional, são os grandes objectivos da 16ª edição do SISAB a maior plataforma de negócios para a exportação do sector alimentar e bebidas do país, que teve lugar no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, entre 21 e 23 de Fevereiro de 2011.
Ao longo de três dias ali estiveram as 400 empresas mais representativas do sector agro-alimentar em representação de 28 sectores, 4000 marcas e 1200 compradores estrangeiros vindos de 80 países. Foram os números do SISAB que este ano teve a sua edição mais internacional de sempre, já que metade dos participantes nunca tinha estado em Portugal e cerca de setenta por cento nem sequer falavam português.
Este ano os visitantes do SISAB depararam-se com um alargamento dos sectores presentes. Para além dos 14 sectores tradicionais de alimentação e bebidas (vinho, bebidas, frutas, carnes e enchidos, lacticínios, agro-alimentar, azeite, pescado, doçaria, especiarias e, mais recentemente, produtos biológicos e dietéticos) o certame inclui alguns outros novos sectores como: certificação, cutelaria e horeca, gastronomia, logística e transporte, serviços financeiros, cerâmica e vidro, embalagem, flores, comunicações, floresta e derivados, brindes, serviços de excelência, e têxteis/design.
Mais de 70% estrangeiros
Carlos Morais, CEO do SISAB, congratulou os participantes por terem sido “capazes de criar uma dinâmica que ultrapassou todas as barreiras e movimenta milhões de euros”, e afirmou o orgulho da organização por ter sido possível atrair a presença de importadores de variados países, interessados nos sectores representados pelo agro-alimentar e bebidas.
No discurso de abertura do SISAB, o responsável destacou a presença na XVI edição, de 400 empresas nacionais e 1200 importadores oriundo de 80 países. Um número que segundo Carlos Morais faz do certame deste ano, o maior de sempre. “Mais de 70 por cento dos presentes são estrangeiros, e pela primeira vez, estão aqui presentes mais de 700 empresários que não falam português”, acrescentou, sublinhando que “todos vieram comprar produtos portugueses”.
Carlos Morais agradeceu às empresas portuguesas que “acolheram desde sempre” o certame que, lembrou, “é um evento totalmente privado”.
E deixou um desafio. “Por que não, promover Portugal em todo o mundo? Está nas vossas mãos”.
Maior certame de sempre
A sessão de abertura contou com a presença, entre outros, de Luis Vieira, secretário de Estado da Agricultura e das Pescas; Vasco Cordeiro secretário Regional da Economia dos Açores; Arnaldo Machado, director Regional do Apoio ao Investimento e à Competitividade (dos Açores); Ana Paulino, presidente do Instituto de Financiamento d Agricultura e Pescas; Edite Azenha, vice-presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Paula Cabaço, do Instituto do Vinho da Madeira e António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP).
No seu discurso de abertura, o secretário de Estado da Agricultura e das Pescas afirmou que os importadores vão se iriam arrepender pela vinda a Portugal, já que estão “na presença do maior certame agro-alimentar que se realiza no país e na presença das maiores empresas do sector”.
Luis Vieira parabenizou as empresas portuguesas do agro-alimentar que apostaram “na inovação, qualidade e promoção” e destacou que o sector tem-se afirmado “não só no país mas também no mercado internacional”.
E revelou que o agro-alimentar cresceu na internacionalização.
Dos 2,6 mil milhões, passou a representar 3,9 mil milhões de euros da exportação nacional, um número que “mostra a pujança e o optimismo dos nosso empresários”, acrescentou.
Sector estratégico
Luis Vieira defendeu que é possível apostar num sector “que é cada vez mais estratégico” e tem “dado provas” da criação de riqueza “e da melhoria da sua qualidade e sustentabilidade”.
Apelou aos empresários nacionais para que continuem a apostar no mercado internacional, afirmando que “é preciso exportar”, mas referiu que é igualmente necessário “manter uma presença forte no mercado nacional”.
Produzir mais
Já António Saraiva, presidente da CIP, destacou em declarações a O Emigrante/Mundo Português, a importância do SISAB por colocar um conjunto de clientes “em contacto com as marcas portuguesas, com a realidade dos produtos portugueses”.
“São eventos deste tipo que são necessários e até deveríamos fazer mais porque temos que vender mais, para novos locais. Temos que exportar, e cada vez é mais importante através de eventos como o SISAB, atingirmos esse objectivo. É preciso vendermos mais, exportarmos mais e para novos locais. O SISAB permite isso e é portanto muito importante e uma iniciativa de aplaudir”.
Segundo António Saraiva, os indicadores concluem que os sectores ligados ao agro-alimentar e bebidas crescem cada vez mais nas exportações.
“Ainda agora com a questão do Portugal Fresh, que é apenas um exemplo, podemos ver que estamos a crescer em sectores de produção que anteriormente não estávamos despertos, como as flores ou a horticultura, as frutas, que de alguma forma já vinham consolidando a sua importância”, exemplificou.
Mas afirmou ser “fundamental” que o agro-alimentar e bebidas “perca alguma da dependência” que tem porque “entre aquilo que produzimos e aquilo que consumimos o “gap” ainda é grande”, e defendeu que há ainda “apostas a fazer neste sector de actividade”.
“Dependermos menos, produzirmos cá dentro cada vez mais, porque um dos objectivos que está lançado a todos nós portugueses é exportarmos mais e importarmos menos. E se conseguirmos neste sector importar menos, tanto melhor”, afirmou.
Também em declarações a O Emigrante/Mundo Português, Arnaldo Machado, director Regional do Apoio ao Investimento e à Competitividade (organismo que integra a Secretaria Regional de Economia dos Açores), lembrou que a Região Autónoma dos Açores participam há muitos anos no SISAB, tendo trazido este ano cerca de 50 empresas ao certame.
“Há uma crescente participação e aderência por parte das empresas açorianas, e isso é sinal de que a Feira é atraente”, acrescentou, lembrando que o Governo Regional criou sistemas e programas de apoio à colocação de produtos alimentares no exterior, que “têm sido bem recebidos pelas empresas do sector”.
“Isso mostra que as empresas têm consciência da importância das exportações para os seus negócios, e isso mesmo se reflecte na presença crescente de empresas regionais no stand dos Açores no SISAB.
Além da bolsa de contactos e negócios, o Salão Internacional do Sector Alimentar e Bebidas – que se destina apenas a profissionais do sector – foi também palco de provas e mostras de produtos, com o intuito de promover a sua internacionalização.
No primeiro dia, o certame recebeu as visitas de Paulo Portas, líder do CDS-PP e de Pedro Passos Coelho, presidente do PSD.
A.G.P./R.A./J.M.D
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