Todos os anos por esta altura a solidariedade e a preocupação com os outros passa a ter mais importância. Claro que as preocupações devem ser sentidas durante todo o ano, mas esta é a época em que fazemos o ponto da situação daquilo que se está a fazer pelos outros, e este ano com a crise económica e o desemprego há preocupações acrescidas. Por isso fizemos uma ronda do que se está a fazer em prol dos outros e temos de dizer mais uma vez que é um orgulho ser português pela forma como a nossa sociedade, tanto em Portugal como no estrangeiro, se mobiliza para acudir às dificuldades do seu semelhante, no sentido de minorar as dificuldades que se fazem sentir um pouco por toda a parte
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Luxemburgo
ACBL prepara Ceia de Natal para os sem-abrigo
Recorde-se que a associação foi Fundada em Janeiro de 1997 por 13 portugueses, maioritariamente do concelho da Anadia, distrito de Aveiro, a instituição conta com 204 associados, oriundos de várias localidades de Portugal. Mais de 90 por cento do trabalho realizado pela Associação é humanitário, feito através da realização de jantares a favor de entidades ou pessoas necessitadas, mediante os pedidos que recebem, maioritariamente enviados de Portugal.
Crise compromete quadra de emigrantes
alguns sem dinheiro para comer
Para muitos portugueses residentes no Luxemburgo, a crise económica significa apenas não passar o Natal em Portugal, mas para outros traduz-se em carências e em ter de pedir ajuda para comer.
“Cada vez chegam mais compatriotas, que não conseguem emprego e ficam sem-abrigo. Calcula-se que estejam nesta situação 160 portugueses, o que é muito num país como o Luxemburgo, e com probabilidade de vir a aumentar”, disse à Agência Lusa o presidente da Associação Cultural da Bairrada no Luxemburgo.
De acordo com Rogério de Oliveira, no ano passado existiam 127 portugueses na situação de sem-abrigo.
Criada oficialmente há 14 anos, aquela associação dedica-se a recolher fundos para ajudar os portugueses mais carenciados da comunidade e, pontualmente, também ajuda pessoas necessitadas em Portugal. Durante o ano tenta ajudar os mais necessitados da comunidade a procurar emprego e a dar-lhes alimentos. A sua acção culmina com a já tradicional Ceia de Natal.
Também o presidente do Centro de Apoio Social e Associativo (CASA) não tem dúvidas ao afirmar que a crise está a atingir os portugueses no Luxemburgo. “Há miséria e crise, claro que sim”, afirmou o presidente José Trindade, acrescentando que esta é uma situação “que se tem agravado nos últimos tempos”. “Há mais pessoas a pedir. Muitos portugueses estão a ir para parques de estacionamento como arrumadores de carros”, disse ainda.
Este ano, a CASA foi contactada e prestou ajuda a cerca de seis mil pessoas, portugueses e falantes de língua portuguesa. Entre os pedidos mais frequentes estão um emprego, casa, colchões, mobílias e roupas. “Todo o trabalho que a nossa instituição tem feito é cada vez mais difícil, porque os recursos são cada vez menos e a miséria aumenta”, lamentou José Trindade. “Há famílias inteiras a viver dentro de carros”, afirmou, ressalvando que “há muita gente a chegar” ao Luxemburgo. A CASA dedica-se também a fazer sopa para distribuir e a visitar deficientes e reclusos portugueses. No entanto esta é uma situação que ainda mal toca nos portugueses que na sua maioria está a conseguir fazer face à crise. Por isso, muitos optaram este ano por não passar o Natal em Portugal.
França
Misericórdia de Paris organiza cabaz
para portugueses carenciados
Em França, os detidos de origem portuguesa nas principais prisões vão dispor este ano de um “cabaz de Natal” em dinheiro e géneros. O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Paris (SCMP), Aníbal de Almeida, disse à Lusa que as situações de “miséria e exclusão” no seio da comunidade portuguesa obrigam as organizações de assistência a repensar a solidariedade fora do quadro do Natal.
Um vale postal no valor de 30 euros será enviado este ano a cerca de centena e meia de detidos de origem portuguesa nas duas grandes prisões francesas de Fresnes e Fleury-Mérogis. Trata-se de uma iniciativa apoiada financeiramente pelo gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, “que contribui com 15 euros para cada preso, o mesmo que a SCMP”, explicou Aníbal de Almeida. Além dessa acção, neste momento está em curso uma campanha de recolha de géneros pela SCMP e por jovens voluntários do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Paris, em colaboração com a organização francesa Secours Catolique, “para alimentar as contas dos indigentes quando elas estiverem a zero”, adiantou Aníbal de Almeida.
“A solidariedade e caridade devem, no entanto, estender-se muito para além da época do Natal”, frisou Aníbal de Almeida, explicando que a SCMP tem uma “grande preocupação” com situações de carência e exclusão no seio da comunidade portuguesa em França. A Misericórdia de Paris iniciou ainda na região de Paris a assinatura de protocolos com associações da comunidade portuguesa. Uma das campanhas de fim de ano é a recolha de géneros não perecíveis ou com validades longas para distribuir por famílias carenciadas.
Canadá
Consoada portuguesa em Montreal
“Retribuir um pouco do que a vida dá” é a intenção de Carlos Ferreira. Por isso, o empresário português de sucesso do sector da restauração, volta a oferecer a consoada a portugueses e a lusófonos. A acção presenteada pelo dono do afamado restaurante português «Ferreira Café», em Montreal, vai decorrer na sede da Associação Portuguesa do Canadá (APC) – a mais antiga colectividade lusa no país – está a tornar-se numa tradição e a captar o apoio de outras personalidades e instituições que, assim, reforçam o gesto de solidariedade. No próximo dia 24, véspera de Natal, não vão faltar o “bacalhau com todos” e outras iguarias da gastronomia portuguesa, à mesa do jantar.
Quem puder, paga o preço simbólico: 10 dólares (cerca de 7,5 euros). A quem não tiver possibilidades, a consoada será servida gratuitamente. Há ainda presentes para as crianças e cabazes de Natal entregues a famílias carenciadas. A oferta dos produtos alimentares da consoada, incluindo o vinho está a cargo de Carlos Ferreira, enquanto o médico português Manuel Cardoso, da Clínica Luso Montreal, que há três anos se associou à iniciativa, faz a doação de cabazes de Natal, através da sua Fundação Santiago. “Faço isto porque sinto que devo retribuir o que a vida me dá. Vivo bem, mas também trabalhei e trabalho muito”, disse à Lusa Carlos Ferreira. O ponto de partida da sua carreira de negócios foi o «Ferreira Café», um estabelecimento topo de gama de cozinha portuguesa, localizado numa zona nobre da baixa da cidade. O empresário juntou o «Café Vasco da Gama» e somou mais êxitos, tornando-se num dos mais conceituados empresários da restauração em Montreal. Carlos Ferreira apoia vários projectos, nutrindo como português um carinho especial pelas pessoas da comunidade lusa e pelas suas raízes.