De Gavião a Arronches – Um passeio fronteiriço

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Numa altura em que se aproxima o inverno e o frio, rumamos ao interior do país, onde as lareiras aquecem os pés e as paisagens aquecem a alma. A Volta a Portugal desta semana vai até à à Serra de São Mamede, junto à fronteira com Espanha, e visita as localidades de Gavião, do Crato, de Monforte e de Arronches.

Situado no norte alentejano, o concelho de Gavião é atravessado pelo Tejo. Curiosamente, a primeira barragem construída neste rio foi a de Belver, uma zona boa para a pesca e para praticar desportos aquáticos, ou simplesmente para passear de barco e usufruir da beleza da vegetação e das ravinas de xisto vertical que mergulham nas águas do rio.
Na pequena vila de Belver, vale a pena visitar o castelo do século XII – que foi restaurado e cujo interior alberga a Capela de São Brás – e também a Igreja Matriz.
A actual sede do concelho, Gavião, já existia no tempo dos romanos (há inclusivamente uma interessante ponte romana em Ribeira da Venda) e recebeu o foral do rei Dom Manuel I em 1519.
O Castelo de Belver é outro marco importante do concelho de Gavião. Considerado um dos mais completos da arquitectura militar medieval portuguesa, ergue-se isolado no alto de um monte granítico, a oeste da vila, em posição dominante sobre a confluência da ribeira de Belver com a margem direita do rio Tejo, guarnecendo a então chamada Linha do Tejo.
Na economia, a região produz vinhos, azeite e cortiça, assumindo também a sua importância a criação de gado bovino.
O turismo privilegia o contacto com a natureza e proporciona actividades ao ar livre, como passeios a pé e a cavalo, para explorar locais ainda inexplorados e de rara beleza. O artesanato local inclui trabalhos em madeira, cortiça e chifre.
Quanto à gastronomia, são de realçar os sabores do Tejo (enguias, lampreia, sável, achigã), mas também outros pratos típicos, como a lebre com couve e o javali, ou deliciosas receitas de cabrito e borrego.

CRATO

O Crato é uma pacata vila Alentejana, famosa pelo seu bonito Mosteiro de Flor da Rosa e toda a tradição monástica que este alberga.
A povoação de Flor da Rosa é também conhecida pela sua louça de barro, caracterizada por ser extremamente resistente ao fogo e por conservar a água sempre fresca quando surge em forma de púcaros, barris, alguidares e cântaros.
Hoje, o Crato é uma pequena vila bem preservada, de baixo e simples casario branco com a típica faixa alentejana a rodear portas e janelas, com orgulho no seu património, como o importante Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa, albergando uma das mais cobiçadas Pousadas de Portugal, mas também a bonita igreja Matriz, do século XIII, as ruínas do Castelo altaneiro, a Capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso, onde funciona o Museu Municipal e a Casa-Museu Padre Belo, não esquecendo a Varanda do Grão Prior, o último testemunho do imponente Palácio dos Priores do Crato.
Por toda a região, diversos monumentos megalíticos atestam a ancestralidade destas paragens, como a Anta do Couto dos Andreiros ou o Penedo do Caraça, entre tantos outros.
A natureza circundante é de grande beleza, encontrando-se na área três bonitas barragens: a de Vale Seco, da Arreganhada e a da Câmara, proporcionando boas condições para as mais variadas actividades desportivas, náuticas e de lazer.
O Crato tornou-se uma vila importante na história de Portugal quando a Ordem dos Hospitalários recebeu do rei Dom Sancho II, em 1232, vastos territórios na região do Alto Alentejo. Por volta de 1350, depois da Batalha do Salado, a sede da Ordem já fora para ali transferida e o Crato viveu um longo período de prestígio e prosperidade. Todavia, em 1662, um exército espanhol invadiu a zona e saqueou e incendiou a vila, que nunca mais viria a recuperar a antiga glória.
Uma avenida ladeada de laranjeiras conduz, agora, à Igreja Matriz, inicialmente construída no século XIII mas submetida a grandes alterações desde então, e que exibe azulejos do século XVIII com cenas de pesca, de caça e de viagens. Do antigo castelo dos hospitalários restam apenas algumas ruínas.

MONFORTE

A vila de Monforte, sede de concelho marcadamente agrícola, está situada no alto de um sólido e forte monte, junto à margem esquerda da Ribeira Grande, monte esse que terá dado origem ao topónimo de Monforte.
O monumento mais emblemático da vila é o seu Castelo, hoje em dia em ruínas, mas que abraçou todo o período medieval conjuntamente com a história da povoação. Com quatro baluartes, fossos e cisterna, possuía uma cerca de muralhas que envolvia toda a povoação, e que viria a ser demolida com os acordos assinados após as derradeiras guerras travadas com Espanha.
A população vive essencialmente da agricultura, pois a terra é fértil, mas a vila tem registado desenvolvimento nos últimos anos. O artesanato é outro forte denominador cultural e muito tradicional que se tem mantido de geração em geração, destacando-se típicos trabalhos em cortiça, madeira, pedra, chifre, vime e pele.
Vale a pena visitar a Igreja da Madalena, com as suas ameias no topo e o interior revestido de azulejos, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, também decorada com azulejos do século XVII, e a Igreja do Calvário.
Vaiamonte é uma aldeia de ruas espaçosas, situada junto de uma pequena ribeira e de um outeiro onde foram encontrados importantes vestígios pré-históricos. Na zona, há uma vila romana na Herdade da Torre da Palma, onde também se pode ver a curiosa Fonte da Fornalha, que, ao contrário das outras, dá mais água no Verão do que no Inverno.
Em Barbacena, povoação fundada em 1273, vale a pena admirar o pelourinho, da mesma época, o castelo e as antas na Herdade da Fontalva e na Herdade do Torrão.
Santa Eulália é outra aldeia de aspecto alegre, ruas e largos meticulosamente limpos e o casario típico do Alentejo, no meio do qual se ergue a igreja paroquial, do século XVII. Não se esqueça de provar o saboroso queijo da região.

ARRONCHES

Arronches está situada bem próxima da fronteira com Espanha, e é caracterizada pelo seu alvo casario alegrado por faixas coloridas que rodeiam rodapés, janelas e portas.
Pela sua situação geográfica, Arronches foi um importante bastião de defesa na Idade Média, como se pode constatar pelo que ainda resta do Castelo, reedificado provavelmente sobre uma estrutura Moura ou mesmo anterior, em 1310.
Parte do concelho de Arronches está inserido na área do Parque Natural da Serra de São Mamede, e toda a sua envolvente natural é de grande beleza, albergando uma grande diversidade de espécies de fauna e flora, proporcionando bonitas paisagens e condições para a prática de variadas actividades de lazer e desportivas.
A vila possui belas casas dos séculos XVII e XVIII, e as suas ruas reflectem a vida calma de uma população quase inteiramente consagrada à agricultura.
Ainda assim, Alter é sobretudo conhecida pela sua coudelaria, fundada em 1748 para produzir cavalos de raça lusitana para a Picaria Real. Estábulos de aspecto atraente, exibindo o branco e ocre da Coudelaria Real, estão rodeados por 300 hectares de terra onde o famoso cavalo lusitano Alter Real ainda pode ser admirado.
A coudelaria prosperou até às invasões francesas, mas depois sofreu um longo período de declínio; anos de dedicação têm contribuído para a sua recuperação, e a Escola Portuguesa de Arte Equestre está ali para demonstrar os excelentes resultados obtidos.
O concelho tem uma gastronomia rica e variada, com destaque para o típico sarapatel e o delicioso ensopado de borrego com arroz amarelo.

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