A estratégia de promoção da língua portuguesa em Espanha passa pela sua inclusão como língua opcional nas escolas espanholas, nomeadamente nas regiões fronteiriças, e pela aposta em cursos profissionais direccionados. Dois aspectos que “se complementam”, segundo a presidente do Instituto Camões.
Fortalecer a presença do português na Galiza é um dos elementos centrais do protocolo de colaboração entre os dois organismos e que abrange questões como a introdução do português como língua opcional nos currículos escolares da Galiza e a colaboração mutua no sentido de promover o conhecimento recíproco da língua e cultura de Portugal e da Galiza.
Ana Paula Laborinho destacou os avanços que se verificaram já, no que toca à introdução do português como língua opcional nas escolas da Extremadura espanhola, havendo sinais positivos nesse sentido também em Castela Leão. No caso da Galiza e de outras regiões espanholas como a Catalunha, onde os sistemas escolares trabalham já com duas línguas oficiais, Laborinho reconhece a complexidade do tema, tanto pelas questões curriculares práticas como pelas questões políticas. “Sabemos sempre que as questões são complexas e por isso mesmo este processo terá que ser conduzido com cuidado e persistência. E cujo resultado é do interesse dos dois países”, considerou.
No caso dos cursos profissionais ou de cursos de português para fins específicos, a responsável do IC recorda que há “cada vez mais opções em Espanha” e que, no caso da Galiza, por exemplo, o protocolo com a Universidade de Vigo permite oferecer cursos de português para negócios ou outras áreas. Ana Paula Laborinho afirmou ainda que, tanto as autoridades galegas como as portuguesas, pretenderem fortalecer ainda o relacionamento com os restantes países lusófonos, um dos aspectos previstos no acordo assinado com o CCG.
Questionada sobre a aplicação do acordo ortográfico – em que o IC, na Galiza, tem sido pioneiro – Ana Paula Laborinho destacou o curso lançado no centro virtual da instituição, considerando que o acordo ortográfico é “um dos objectivos para 2010-2011”. “Transmitimos orientações nesse sentido e esperamos que este ano seja um ano em que se avance significativamente na implementação do acordo ortográfico”, disse.
IC garante que quer “racionalizar” sem “reduzir”
O vice-presidente IC garantiu recentemente que “não há intenção de reduzir, há de consolidar e de racionalizar a rede”. Mário Filipe falava à Lusa na sequência das declarações do secretário geral da Federação Nacional de Educação (FNE), João Dias da Silva, de que “havia perspectivas de crescimento de oferta EPE para outros países e que não vai ter a expressão que o Instituto Camões contava realizar”. João Dias da Silva sublinhou que “aquilo com que o IC tem de saber contar é que tem uma redução de oito por cento nos seus gastos e que vai ter de gerir melhor o menos dinheiro que vai ter, garantindo sempre que tem de haver oferta de EPE com qualidade”. Mário Filipe especificou que nos países onde o ensino é assegurado por associações de emigrantes, como os Estados Unidos, Canadá ou Venezuela, o IC trabalha neste momento para a qualificação da rede, a actualização e formação contínua dos professores e a certificação do ensino. Em 2009, o secretário de Estado das Comunidades anunciou que a nova rede EPE iria ser alargada ao Canadá, Estados Unidos e Venezuela.