A economia nacional e mundial tem sido o tema de todas as discussões nos últimos meses em Portugal. Numa altura em que na Assembleia da República se discute o Orçamento do Estado, numa mesma semana o país recebeu uma boa e uma má notícia. A meio da última semana, os juros da dívida portuguesa atingiram um novo máximo, ultrapassando a fasquia dos 7 por cento. Mais para o final da semana, o Instituto Nacional de Estatística informou que a economia nacional cresceu 0,4 por cento no último trimestre.
Em resposta a esta notícia, o Ministro das Finanças considerou “a economia portuguesa manteve uma evolução positiva, em linha com o que já se tinha verificado na primeira metade do ano. Os números divulgados reforçam a justeza da revisão em alta do crescimento, apresentada pelo Governo”.
“De salientar o comportamento do sector exportador, cuja dinâmica contribuiu para os resultados agora divulgados”, concluiu Teixeira dos Santos.
No crescimento em cadeia, a subida de Portugal é equivalente à média dos países da zona euro, enquanto que no crescimento homólogo a subida é inferior em 0,4 pontos percentuais (a zona euro cresceu 1,9 por cento).
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, o crescimento do Produto Interno Bruto no terceiro trimestre “traduz o contributivo positiva da Procura Externa Líquida, ao contrário do sucedido no trimestre anterior, sobretudo em resultado do aumento expressivo das Exportações de Bens e Serviços”.
Já a Procura Interna, cujo contributo para a evolução do PIB “tinha sido positivo no segundo trimestre, foi negativo no terceiro trimestre de 2010, devi-do essencialmente ao comportamento do Investimento”.
A oposição foi unânime em destacar este crescimento como uma boa notícia, ressalvando no entanto que se trata de um crescimento reduzido.
Dois dias antes desta notícia que acaba por se positiva para a economia nacional, os juros da dívida portuguesa a 10 anos chegaram a negociar acima dos sete por cento no mercado secundário, o máximo histórico. Isto aconteceu no dia em que Portugal colocou 1.242 milhões de euros no mercado em dívida de longo prazo, na última emissão de 2010.
Os juros ultrapassam assim o limite de 7 por cento que, segundo Teixeira dos Santos, em declarações ao jornal Expresso, em Outubro, coloca Portugal “num terreno” em que a alternativa de recorrer ao Fundo Monetário Internacional “começa a colocar-se”.
Agora, o responsável pela pasta das Finanças não quer voltar a falar desta barreira, mas afirma que não ignora “as consequências e dificuldades trazidas para o país pela manutenção de taxas de juro tão elevadas”.