“O meu partido é Portugal”, afirmou o actual Chefe de Estado que justificou a candidatura como um “dever” perante “a situação extremamente difícil em que Portugal se encontra, perante as incertezas e até angústias sentidas por muitos portugueses”.
“Decidi candidatar-me, sabendo que, com a minha experiência e com os meus conhecimentos, posso ajudar o País a encontrar um rumo de futuro e vencer as dificuldades com que está confrontado”, referiu numa declaração feita no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. “Submeto-me, pois, ao julgamento soberano dos meus concidadãos. Faço-o com humildade e confiança”, disse.
Afirmando que a sua recandidatura a Belém é movida pela “consciência da gravidade dos problemas” do país, acrescentou que pode ajudar Portugal a encontrar um rumo e vencer a “situação extremamente difícil” que atravessa. “Sei que posso ser útil a Portugal e aos portugueses. Move-me a consciência da gravidade dos problemas que todos temos pela frente”, disse Cavaco Silva.
Magistratura podia “ter sido melhor aproveitada”
Sobre o seu primeiro mandato, que está a terminar, Cavaco Silva afirmou ter sido um referencial de estabilidade e equidistância face a todas as forças políticas e prometeu continuar “a falar verdade aos portugueses, porque só a verdade é geradora de confiança”.
“Mas há uma interrogação que cada um, com honestidade, deve fazer: em que situação se encontraria o País sem a acção intensa e ponderada, muitas vezes discreta, que desenvolvi ao longo do meu mandato? O que teria acontecido sem os alertas e apelos que lancei na devida altura, sem os compromissos que estimulei, sem os caminhos de futuro que apontei, sem a defesa dos interesses nacionais que tenho incansavelmente promovido junto de entidades estrangeiras?”, questionou.
Num recado, sem especificar o destinatário, afirmou que “os portugueses sabem bem distinguir aqueles que falam verdade e aqueles que semeiam ilusões e utopias” e assumiu que a sua “magistratura de influência produziu resultados positivos”. Ms tabém lamentou “que podia ter sido mais bem aproveitada pelos diferentes poderes do Estado”.
Despesas de campanha reduzidas
Sobre a campanha eleitoral, afirmou que “será sóbria e contida nas despesas” e disse ter dado indicações para que a despesa total “não ultrapasse metade do valor que é permitido pela lei actualmente em vigor”, acrescentando que não irá gastar dinheiro em cartazes publicitários. Assegurou ainda que não se deixará “arrastar para uma linguagem imprópria de um candidato” presidencial, porque, disse, “a dignidade de Portugal está primeiro”.
A actual lei do financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais permite despesas de campanha presidencial no total de 10 mil Indexantes de Apoios Sociais, cujo valor em 2010 é de 419,22 euros, o que soma 4,19 milhões de euros. Cavaco Silva disse que tenciona gastar metade do valor permitido pela lei – cinco mil IAS – o que representa um montante de 2.096.100 euros.
Nas eleições presidenciais de 2006, Cavaco Silva gastou 3,2 milhões de euros, um valor abaixo dos 3,7 milhões de euros previstos no orçamento de campanha. O excedente de 740 mil euros, proveniente de donativos particulares – já que o candidato rejeitou qualquer subvenção partidária – foi doado a instituições de solidariedade social.
Cavaco Silva foi eleito Presidente da República em Janeiro de 2006 e tomou posse a 9 de Março desse ano. Nas eleições presidenciais de 23 de Janeiro do próximo ano, terá como adversários Manuel Alegre, que tem o apoio do PS e do BE, o independente Fernando Nobre, Francisco Lopes, apoiado pelo PCP, e o independente Defensor de Moura.