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Bianca e Daniel têm 25 e 18 anos, respectivamente. Nasceram e vivem na África do Sul, mas têm em comum as mesmas raízes: são filhos de portugueses e mantêm uma forte ligação à terra dos pais. O Emigrante/Mundo Português está a acompanhá-los e apoiá-los na realização de um «sonho»: percorrer Portugal, ao encontro de uma cultura, de tradições e da História de um povo que também é o deles. A viagem de Bianca e Danny levou-os ao Alto Alentejo, uma região que não conheciam mas que se mostrou surpreendente e de “tirar o fôlego”. Com a palavra, Bianca Martins… |
Para mim, visitar o Alto Alentejo compara-se ao que desperta ouvir um bom fado: tradição, sentimentalidade, melancolia, e uma intrigante diversidade. É impossível deixar de me sentir nostálgica nesta região de Portugal.
Em Janeiro deste ano, fiz uma viagem com a minha amiga Sandra. Com as malas a abarrotar e o mapa da viagem nas mãos, embarcamos no que seria uma aventura muito parecida com esta.
Apesar dessas duas aventuras terem tido lugar em dois continentes e em dois países completamente diferentes – a África do Sul e Portugal – a viagem pelo Alto Alentejo não pode deixar de me «transportar» para as recordações da parte mais extraordinária de nossa viagem através da África do Sul: Karoo.
O quente e seco planalto de Karoo ocupa uma grande parte da África do Sul, e assim como o Alentejo, tem uma paisagem árida, esparsa, pontilhada por rebanhos de ovinos. Ao entrar cada vez mais no «coração» do Karoo, encontramos casas esquecidas no tempo, onde a outrora pintura branca e imaculada das paredes está agora descascada e as frágeis persianas parecem penduradas «por um fio» nas janelas.
Tudo muito parecido ao que se vê numa viagem pelo Alto Alentejo.
Essa paisagem árida, seca, tem a capacidade de me fazer sentir calma e introspectiva: a quietude da paisagem, a luz dourada a brilhar sobre a terra, a brisa quente que se sente na pele, ajuda-me a apreciar a beleza que me rodeia.
Foi justamente essa a sensação que experimentei, quando me sentei no alto das muralhas do castelo de Castelo de Vide enquanto observava em silêncio o vale ao fundo, preenchido por oliveiras…
Aquele tinha sido um dia cansativo: conduzi por estradas sinuosas e estreitas através de Abrantes, Mação, Nisa e Crato, a caminho de Marvão.
O Alentejo tem muitas atracções. Para além da encantadora cidade medieval de Évora, a alma do Alentejo estende-se às tradicionais e floridas vilas de Castelo de Vide e Marvão.
O sol começava a pôr-se e ainda não havia nenhum sinal de que estaríamos a aproximar-nos da tão esperada Marvão.
Enganamos-nos em relação ao tempo que achamos que iríamos levar – através de caminhos estreitos e curvas sinuosas – para chegar à vila.
Mas percorremos algumas das mais belas paisagens de Portugal e, perto das 20 horas avistamos ao longe as majestosas muralhas de Marvão…
Continua
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