“A música é a minha vida” – Nelson Ritchie

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Nelson Ritchie nasceu em Durban (França) há 23 anos mas desde muito cedo sentiu Portugal como o seu país. Viver em Portugal foi sempre a sua ambição e aos 18 anos fez as malas para partir para o país onde sonha ser feliz. “Sempre achei que aqui era a minha casa. A tal saudade que os emigrantes tanto falam eu também a senti. Visitava todos os anos a Portugal e a partir dos 12 sempre disse que aos 18 vinha viver para Portugal” conta Nelson em entrevista ao O Emigrante/ Mundo Português onde falou sobre o seu passado, o seu dia-a-dia e os seus projectos para o futuro.

Simpático e visivelmente apaixonado por aquilo que faz, Nelson lembra-se perfeitamente do dia em que ser músico passou a ser o seu objectivo. “Entrei no mundo da música com cerca de 14 anos. O meu pai tocou baixo numa banda em Paris durante muitos anos. Uma vez, estava à procura de uma coisa em casa e encontrei o baixo por acaso. Achei que seria giro aprender. Apanhei o gosto e passei para a guitarra” conta.
Hoje admite que a música é a sua vida.
O cantor lembra com muito carinho os anos vividos em França. Apesar de totalmente integrado na vida francesa, a verdade é que Portugal sempre fez parte da sua vida. “Em França sempre falei em português com os meus avós. Lá falava maioritariamente em francês mas também mantinha uma ligação com a comunidade portuguesa. Fazia parte de uma associação portuguesa onde ia todos os domingos. Embora durante a semana estivesse integrado no
dia-a-dia francês, ao fim-de-semana vivia os costumes portugueses”.

Emigrantes são “público especial”

Tocar no estrangeiro é um dos momentos especiais na sua carreira. Nelson elogia os emigrantes portugueses que considera serem um público muito especial. “É um público diferente. Não tem vergonha de expressar o carinho que tem pelo artista. Nós em palco sentimos a saudade que existe entre o público” diz. E recorda mesmo com muito carinho o primeiro concerto que deu além fronteiras: no Zenit em Paris: “foi um sentimento engraçado. Na altura foi um momento muito especial. Foi um regresso feliz ao país onde nasci!”.
Em Portugal, não esquece quando tocou em Castelo Branco, naquele que foi o seu primeiro concerto em solo luso. “Foi o primeiro em Portugal e correu da melhor forma. Alias, não podia ter corrido melhor. O público esteve espectacular, as condições foram óptimas” recorda com um sorriso no rosto.
«Amanhã» é o segundo trabalho de Nelson Ritchie. Mais maduro mas na mesma linha de «Primeiro Sinal». “Este trabalho é diferente mas mantém-se a linha Nelson Ritchie. É mais maduro a nível de letras e de temas abordados. É uma evolução natural” afirma visivelmente satisfeito com o resultado de um ano e meio de trabalho. “Sou suspeito em elogiar o meu álbum mas, embora não seja perfeito, pode agradar a muitas pessoas. Transmite uma mensagem que pode tocar a qualquer um. É o meu objectivo e que eu segui neste disco. Transmitir uma mensagem que chegue a qualquer pessoa”. E acrescenta: “nós artistas trabalhamos para as pessoas. Escrevo sempre a pensar que a história pode ser minha ou pode ser de outra pessoa. Isso é o que torna a minha música mais pessoal. Inspiro-me no dia-a-dia. No que me acontece, no que acontece a pessoas amigas” conta.
«Artista Revelação de 2008» – prémio atribuído pela rádio Romântica FM – Nelson Ritchie sabe que a sua carreira ainda está a começar e que em Portugal é preciso lutar muito por “um lugar ao sol”. “Ser olhado ainda como uma revelação é um facto que até considero justo. Estou a começar, acho que tenho bastante potencial e quero investir muito na minha carreira” reconhece, lembrando também que “é muito complicado viver da música em Portugal. Há muitos talentos que vivem no anonimato”.
Nelson cresceu numa família ligada ao mundo da música. O seu pai, José Antunes, foi músico e hoje é produtor musical. Mas Nelson Ritchie é também conhecido por ser sobrinho de Tony Carreira e primo de Mickael. O nome do seu tio acaba por surgir naturalmente no seu discurso apesar de confessar que muitas vezes não é pelas melhores razões.
“Eu tenho muita admiração pelo meu tio e pela carreira dele. Foi sempre uma influência positiva para mim. Mas já me foram fechadas muitas portas por causa da minha ligação familiar. É uma coisa que me entristece muito porque, ao contrário do que as pessoas pensam, nunca ninguém me abriu a porta por ser sobrinho do Tony Carreira. As pessoas pensam que é mais uma cópia, o que é mentira. Quem ouve o meu disco que é uma ideia errada. O meu objectivo é que as pessoas me vejam como o Nelson Ritchie, com uma música e carreira própria” diz. Aliás, para Nélson Ritchie um dos problemas da música portuguesa é precisamente alguns rótulos que colocam a alguns artistas. “Acho que é um problema da música portuguesa e de quem supostamente devia fazer promoção da música portuguesa” desabafa.
E lembra que a música portuguesa é muito rica: “Hoje felizmente estamos a apoiar uma parte da nossa cultura reconhecida no mundo inteiro que é o fado. Embora ache importante que também se apoie outros estilos de música porque a nossa música não é só fado. É importante divulgarmos a nossa música de qualidade, seja qual for o estilo”.
Gostava de partilhar o palco com o cantor Juanes ou os portugueses Paulo Gonzo e FF, entre outros, mas por agora centra a sua carreira na apresentação da sua música. Tocar para as comunidades portuguesas também é um objectivo: “quero ir mostrar o disco aos portugueses lá fora. A aceitação tem sido boa e espero em breve tocar para eles”.
Apesar de estar apenas no início da sua carreira, já conta com muitos fãs. “Ás vezes sou reconhecido. Claro que não é o delírio na rua (risos) mas tenho um clube de fãs do qual me orgulho muito. É importante que o nosso trabalho seja reconhecido e o ter fãs significa que estou a conseguir chegar às pessoas”. Por agora, não pensa numa carreira internacional. Está a finalizar o curso superior de Turismo e quer continuar a ser músico a tempo inteiro. “Gostava de viver da música, de concertos, da composição da escrita. Isso é o meu sonho mas o que vai ser só o futuro nos dirá”. Até lá vai continuar a lutar. «Amanhã» é a prova que vai no bom caminho…
Ana Rita Almeida
ralmeida@mundoportugues.org

   Nelson Ritchie nasceu em França mas sempre se sentiu português.
Não esquece os anos em que também ele sentiu saudades de Portugal e, talvez por isso, sinta um carinho enorme pelos emigrantes portugueses.
Em entrevista ao «O Emigrante/ Mundo Português», Nélson abre o seu coração e mostra o porquê de ser um dos artistas mais promissores da música portuguesa.

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