Gilberto Madaíl teve a ideia, José Mourinho não conseguiu recusar mas o Real Madrid não deixou. O sonho de ver Mourinho no banco da selecção portuguesa – frente à Noruega e Islândia a 8 e 12 de Outubro – foi adiado com o não do Real Madrid. Paulo Bento deve ser o senhor que se segue numa fase muito complicada da selecção nacional e onde o apuramento para o Euro2012 está em risco…
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol rumou a Madrid para convencer José Mourinho a estar no banco da selecção frente à Dinamarca e Islândia. E a verdade é que José Mourinho, para surpresa de muitos, não conseguiu dizer não à proposta de Gilberto Madaíl. “Disse sempre, no passado, que nunca diria não num momento de aflição, num momento difícil, num momento em que pensassem que podia fazer alguma coisa pelo meu país, com ou sem sucesso, mas com o orgulho pessoal de poder fazer alguma”, afirmou em conferência de imprensa, em Madrid, para espanto de muitos. O problema é então o Real Madrid que não está disposto a dispensar o seu treinador para esta incursão a part-time pela selecção. “Não disse não, porque se dissesse não ficaria bem comigo próprio, com o meu orgulho como português. Mas não posso dizer que sim, porque sou treinador do Real” disse Mourinho.
Conformado, Mourinho repetiu declarações do passado: “um dia isso irá acontecer. Estarei completamente disponível para dizer que sim. E quando depender de mim, e só de mim, vou dizer que sim. Se este convite tivesse sido feito noutra altura iria… grátis”.
O «Special One» foi convidado para dirigir Portugal nos dois próximos jogos de apuramento para o Euro2012, com Dinamarca (8 de Outubro) e na Islândia (12 de Outubro). “Tenho um trabalho em mãos que me apaixona, que é para os próximos quatro anos. Espero ter sucesso suficiente para durar os quatro anos do meu contrato. Mas não fui capaz de dizer objectivamente que não e entreguei à sua capacidade (de Madaíl) para conseguir persuadir ou não o Real nesse sentido. E a partir daí estou fora do jogo, das conversas, fora das decisões”, comentou.
Mourinho afirmou que não teria nada a ganhar com treinar a selecção, afirmando não precisar de trabalho, e explicou que caso essa solução avançasse, trabalharia grátis. “Felizmente, não preciso de trabalho. Estou sentado na cadeira onde 99,99 por cento dos treinadores gostariam de estar sentados. Economicamente também não preciso”, disse.
Espírito de missão
Mourinho foi claro: “Informei Gilberto Madaíl de que se chegasse a um acordo eu iria por zero euros. Nem a gasolina queria que me pagassem. Prestígio não me falta. Necessidade de afirmação pessoal também não. Felizmente, tenho conseguido tudo o que me tenho proposto”.
O treinador do Real Madrid disse ainda que, a concretizar-se, o mais positivo que retiraria da experiência seria “o sentimento que os jogadores têm quando são chamados à selecção”, pois “devem sentir orgulho nisso”. “Devem sentir espírito de missão, ir para dar e não receber. Era o que poderia retirar”, disse.
Paulo Bento deve assumir já a Selecção
A surpreendente escolha de Mourinho acabou por dar espaço de manobra à FPF para negociar com o próximo seleccionador português. Paulo Bento é, até ao fecho desta edição, o mais provável novo dono do banco português.
A boa relação do ex-treinador do Sporting com os jogadores – até Cristiano Ronaldo elogiou o técnico quando lhe perguntaram o que achava de Bento para treinador da selecção – o seu carácter de disciplinador e a capacidade de aguentar a pressão dão garantias numa altura de crise na Selecção. Além disso, Paulo Bento já conhece bem o balneário luso depois de 35 internacionalizações A.
O treinador português deverá fazer-se acompanhar pelos adjuntos João Aroso e Leonel Pontes, com quem trabalhou em Alvalade.