Dois luso-descendentes ao encontro de Portugal IV – Coimbra tem sempre mais encanto…

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Bianca e Daniel têm 25 e 18 anos, respectivamente. Nasceram e vivem na África do Sul, mas têm em comum as mesmas raízes: são filhos de portugueses e mantêm uma forte ligação à terra dos pais. O Emigrante/Mundo Português está a acompanhá-los e apoiá-los na realização de um «sonho»: percorrer Portugal, ao encontro de uma cultura, de tradições e da História de um povo que também é o deles. A «aventura» continua: na semana passada, foram ao encontro de Coimbra e visitaram Conímbriga. Com a palavra, Bianca Martins…

Acontece… à medida em que continuamos a nossa viagem por Portugal, «tropeço» naquele que passa a ser o meu lugar favorito. Em Lisboa, disse a mim mesma: «Uau, amo esta cidade». Então, aventuramo-nos para a Ericeira e lá, partilho o mesmo sentimento: «isto é tão bonito, adoro este lugar». De seguida Porto, Covilhã, Óbidos, Serra da Estrela… E quando penso que é impossível amar assim um outro lugar, descubro que, mais uma vez, estou enganada.
Na semana passada, estivemos em Coimbra. Ouvi várias vezes o meu pai falar com carinho de Coimbra e do quanto amava a cidade. Mas jamais poderia prever, enquanto percorria-mos o caminho em direcção à cidade, que ela seria de tirar o fôlego. Inicialmente pareceu-me uma miniatura do Porto: bonita, casas enfeitadas e outras degradadas e edifícios espalhados pela encosta, pintados na paleta de cores tipicamente portuguesas.
Mas ao andarmos pela cidade, descobrimos a magia e a história de Coimbra. Na nossa primeira noite, sem o prevermos, acabamos por encontrar o mais espectacular café-restaurante onde já tive o prazer de beber um café: o Santa Cruz. Situado junto à Igreja de Santa Cruz, é um café-restaurante histórico e majestoso…
Descobrimo-lo ao fugir da chuva fria que transformou a normalmente movimentada Avenida 8 de Maio, naquilo que parecia ser um lugar fantasma. Fiquei completamente fascinada pelos arcos e contrafortes perfeitamente conservados, que são o que resta do que anteriormente pertencia à igreja ao lado. Pisar aquele espaço foi como entrar numa máquina do tempo que nos transportaria directamente para os anos de 1500, no período em que a ex-igreja, agora Café, foi construída. E o melhor é que se pode admirar a beleza do local, com o prazer adicional de saborear um pastel de nata.

O fado de Coimbra

Mas a nossa aventura esteva prestes a tornar-se ainda mais interessante: naquela noite a casa apresentaria um concerto de Fado de Coimbra. Às 22 horas as luzes apagaram-se, a multidão ficou em silêncio e os acordes melancólicos encheram o espaço. Foi a primeira vez que ouvi este estilo de Fado. Estou familiarizada com o Fado de Lisboa, mais alegre, mas este estilo é diferente: mais sombrio e melancólico, mas certamente ainda mais bonito. O rosto do fadista transmitia a imagem de um homem que parecia carregar o peso do mundo sobre os seus ombros e a sua voz subia e descia, conforme ele cantava o amor e o sentimento de perda.
No dia seguinte, decidimos explorar Coimbra a pé. Sem dúvida, a melhor maneira de conhecer a cidade, considerando que encontrar um espaço de estacionamento é como tentar encontrar uma agulha num palheiro. Seguimos o nosso caminho pelas ruas de Coimbra, através de becos sinuosos, descobrindo em cada canto uma série de igrejas e edifícios históricos. A Universidade de Coimbra é magnífica e foi só depois de a ter visitado que compreendi realmente o orgulho que devem sentir aqueles que estudaram na primeira universidade construída em Portugal. Infelizmente, em comparação, a África do Sul tem uma história relativamente curta e sempre que visito um lugar tão rico em património, não posso deixar de me sentir encantada, mas ao mesmo tempo um pouco «enciumada», por a minha cidade não poder partilhar um passado assim tão longínquo.

A magnífica Sé Velha

Mas para mim, o ponto alto do dia foi a visita à Sé Velha, um dos mais importantes edifícios católicos em estilo românico de Portugal. A magnitude do espaço é suficiente para tirar o fôlego. A construção da igreja começou no início de 1100. A mistura de arquitectura gótica e da Renascença, nota-se facilmente no altar. Vista no exterior, a catedral não prepara o visitante para o colosso do interior nem para a beleza que vai encontrar.
Devo ter passado pelo menos duas horas a examinar cada detalhe da igreja – os túmulos, as esculturas, os detalhes dos azulejos, originalmente trazidos para Portugal pelos romanos. Chamou-nos à atenção o trabalho que estava a ser feito pela Faculdade de Arqueologia da Universidade, no restauro do Jardim Romano no pátio central. Enquanto andava lentamente ao redor, um dos arqueólogos extraiu meticulosamente um esqueleto no chão. Uma nova etapa do trabalho de escavação estava a acontecer na igreja… e nós estávamos lá e tivemos a sorte de sorte de presenciar.
O dia continuou connosco a explorarmos a cidade até que finalmente pudemos descansar os pés cansados naquela que deve ser uma das melhores tascas onde tivemos a oportunidade de comer em Portugal. Dona Maria foi como uma mãe, a querer alimentar-nos o mais que pudesse, na verdadeira tradição portuguesa. Tudo o que posso dizer é que a comida era fantástica. Fez-me lembrar a minha casa, e após cinco meses longe de casa, foi regalo que está para lá de qualquer palavra.

Nas ruínas de Conímbriga

No dia seguinte, enfrentamos o sol abrasador sob as ruínas de Conímbriga. A nossa busca pela História de Portugal, continuou à medida que explorávamos aquelas ruínas. Conímbriga é uma das maiores povoações romanas de que há vestígios em Portugal e uma das mais bem preservadas da Península Ibérica. Como muitos sítios arqueológicos, Conímbriga foi construída em camadas que remontam à Idade do Ferro, no século IX a.C (antes de Cristo). Os romanos chegaram mais tarde, em 139 d.C (depois de Cristo). As evidências recolhidas nas escavações indicam-nos que Conímbriga era uma cidade próspera no século II a.C. Sofreu com as invasões bárbaras e em 465 e 468, os Suevos capturaram e saquearam parcialmente a cidade, que já tinha sido abandonada por parte de seus habitantes.
É isso que eu mais aprecio na Europa e em particular em Portugal: a sua História. As pessoas facilmente seguem a sua vida diária, sem perceberem a quantidade de História que as rodeia. As batalhas, as dificuldades e os tormentos vividos por inúmeras gerações antes de nós. Portugal, sendo tão pequeno como é, tem uma História tão antiga e rica que precisaríamos de pelo menos um ano intenso de «estrada» para descobrirmos apenas uma fracção dela…

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