Um número ainda indeterminado de portugueses mortos e feridos resultaram hoje do despiste, em Ceuta, Marrocos, de um autocarro com passageiros que frequentam um cruzeiro do paquete Funchal, segundo a empresa responsável pela embarcação. O Governo português já confirmou a morte de sete portugueses e deu conta de oito feridos. Os turistas participavam num cruzeiro no paquete «Funchal» e estavam a caminho de Tétouan, uma cidade antiga marroquina, situada na região de Tânger.
Todos os 488 passageiros a bordo do navio são de nacionalidade portuguesa, segundo informação do armador, divulgadas pelo Jornal de Notícias (JN). O «Funchal», o navio que transportava o grupo de turistas, saiu esta manhã de Málaga em direcção a Ceuta, onde atracou. Os passageiros desembarcaram e seguiam em vários autocarros em direcção a Tétouan. Um dos cinco autocarros – o que seguia à frente, de propriedade de uma empresa espanhola e que transportava 44 passageiros – despistou-se e caiu numa vala onde ficou virado.
Nuno Fonseca, porta-voz da Classic International Cruises, confirmou à Agência Lusa que o acidente ocorreu às 6h45 locais (7h45 em Lisboa). O motorista, que está entre os feridos, terá perdido o controlo do autocarro, não se sabendo a razão já que a estrada estava em boas condições. De acordo com uma fonte da Polícia marroquina, citada pela agência France-Press, na altura havia nevoeiro e caía uma chuva miúda o que poderá explicar o despiste.
Uma portuguesa contactada pelo JN e que seguia num dos autocarros da excursão, queixou-se da demora da assistência, contando que o próprio hospital da região contactou a equipa médica do cruzeiro para auxiliar o atendimento aos feridos que foram transportados para o Hospital Hassan II, em Fnideq. As autoridades marroquinas informaram, entretanto, que os feridos foram distribuídos pelos hospitais de Tétouan, Fnideq e M’diq.
Falta de apoio imediato
Um hospital de campanha foi montado pelas autoridades marroquinas junto ao paquete para receber os passageiros feridos. Dali é que os feridos mais necessitados de apoio eram transportados para o hospital. Muitos passageiros – citados pela agência Lusa – queixam-se da falta de apoio imediato por parte das autoridades marroquinas. Alguns dizem que só três horas depois do acidente é que as ambulâncias começaram a chegar ao local.
“Foi montado um hospital de campanha para dar assistência aos feridos. Neste momento, três horas depois do acidente, é que estão a chegar ambulâncias para levar feridos para o hospital”, relatou à Agência Lusa Fernando Santos, que criticou o apoio dado pelas autoridades marroquinas.
“As autoridades não responderam de imediato e não há palavras para descrever o que aconteceu. Foi nota zero. É inadmissível o que foi feito. Faltou de tudo do lado marroquino”, sublinhou.
O português viajava no autocarro que seguia atrás do que se despistou e causou a morte a sete portugueses. “Ia no autocarro atrás do acidentado, cheguei ao local do acidente passados alguns segundos”, disse o português, relatando que se seguiram momentos “surreais”. “Não havia ambulâncias. As pessoas, incluindo os feridos, foram transportadas de volta para o paquete nos autocarros. Foi um mau serviço das autoridades marroquinas”, relatou.
Depois, foi montado o hospital de campanha e, pelas 11 horas (hora portuguesa), ainda estavam a chegar ambulâncias ao hospital de campanha para transportar os feridos para o hospital.
Nuno Fonseca, director de marketing da Classic International Cruises – empresa representante dos interesses do armador – disse ao JN que o paquete Funchal transporta 488 excursionistas, todos de nacionalidade portuguesa. Aquele responsável – que acompanha todo o desenrolar dos trabalhos de apoio aos excursionistas – informou que cerca de 250 passageiros viajavam numa coluna de cinco autocarros. Segundo revelou, a maioria dos feridos são ligeiros.
O cruzeiro tinha deixado Lisboa no passado domingo e chegava a Lisboa amanhã, quinta-feira. Segundo aquele responsável, “em 25 anos de organização de cruzeiros não há registo de qualquer acidente com autocarros de excursionistas em Marrocos”.