A VOLTA A PORTUGAL desta semana segue rumo ao Alentejo. Hoje visitamos as localidades de Viana do Alentejo, onde compramos um par de chocalhos, depois seguimos até ao Redondo, beber um belo vinho e provar o mel, antes de darmos um salto a Vila Viçosa, para uma sopa de cação, e de pararmos em Borba, a visitar os monumentos em mármore.
VIANA DO ALENTEJO
Vila bem alentejana, sede de concelho, situada entre Évora e Beja, Viana do Alentejo desempenhou sempre um papel defensivo estratégico, com um curioso nome inicial, a denunciar a vizinhança geográfica: “Viana a par d’Alvito”.
Rodeada por belas paisagens, Viana do Alentejo é também única pela riqueza, beleza e diversidade do seu património, que quase parece ser um mostruário de épocas e estilos, como atestam o Castelo e a bonita Igreja Matriz, ou as Ermidas de São Sebastião e de São Vicente.
Célebre é também o artesanato da região, com a famosa olaria e os tradicionais chocalhos, existindo mesmo percursos e cursos de olaria ao dispor de todos os visitantes e um interessante Museu dos Chocalhos em Alcáçovas.
A Romaria a Cavalo, tradição que esteve interrompida durante mais de 70 anos, é uma importante celebração local. Realiza-se no quarto fim-de-semana de Abril e consiste numa peregrinação que percorre cerca de 120 quilómetros por uma antiga canada real.
A Feira d’Aires, na qual se associam a festa religiosa, exposições, espectáculos de palco e provas desportivas, é outra festa importante, e tem lugar no quarto fim-de-semana de Setembro , atraindo milhares de visitantes.
REDONDO
Redondo é uma bonita vila alentejana, muito afamada pelos seus produtos em barro e pelo seu vinho de qualidade.
As suas ruas calmas e simples, de baixo casario alvo, decorado com uma alegre faixa colorida, respiram a paz de espírito da região alentejana, por entre interessantes monumentos como o Castelo, as Igrejas ou o Pelourinho da vila.
A combinação de férteis solos de granito e xisto possibilitam a produção de um dos maiores bens da região: o vinho. Esta é umas das regiões de Denominação de Origem Controlada do país.
A tradição em Redondo ainda é o que era, produzindo-se ainda hoje artesanato com técnicas bem antigas que o caracterizam, como é o caso da produção de peças utilitárias e decorativas em barro, com decorações muito próprias, algumas com motivos florais, outras retratando o quotidiano da vida rural Alentejana.
Estes dois importantes tipos de produção típica do Redondo estão patentes nos dois Museus a eles dedicados: o Museu do Vinho e o Museu do Barro.
O artesanato utilitário e decorativo, a gastronomia, o vinho, o azeite, o cante e tantas outras são marcas distintivas de uma identidade cultural sólida, num concelho decorado a papel e no qual pontuam antas, torreões, igrejas e uma paisagem extraordinária.
O mel, produzido nas pastagens naturais das serras e planaltos alentejanos, é altamente apreciado e outra marca local reconhecida. O mel produzido em Redondo é um mel de cor clara, variável desde o amarelo transparente até ao ambarino, cuja tonalidade é característica da região.
VILA VIÇOSA
Vila Viçosa tem uma rica história e um património invejável, sendo mesmo conhecida por “princesa do Alentejo”.
Localizada numa das regiões mais férteis do sul de Portugal, Vila Viçosa apresenta inúmeros monumentos de grande interesse, destacando-se o Castelo do século XIII ou o renascentista Convento das Chagas, bem como as muitas casas apalaçadas decoradas com o tradicional mármore.
A oferta museológica é também variada, com destaque para o Museu do Mármore, o dos Coches, o de Arqueologia e o de Arte Sacra, não esquecendo o Museu da Caça, que tanto se adequa a estas paragens, com a sua Tapada Real, o antigo couto de caça dos duques com um perímetro de 18 quilómetros de grande beleza.
Entre as várias personalidades naturais de Vila Viçosa destaca-se a poetisa Florbela Espanca, precursora do movimento feminista em Portugal e autora de fabulosas obras de arte, conseguindo levar a glória da Vila mais além.
A gastronomia local oferece, entre outras iguarias, a tradicional sopa de cação, a sopa de tomate e as migas à alentejana. A acompanhá-las sugerimos um bom vinho alentejano.
BORBA
Borba é conhecida pela qualidade de produção de dois importantes artigos: vinhos e mármores.
Diversas casas senhoriais e apalaçadas demonstram a importância económica da vila desde há séculos, como o Palácio Silveira Meneses, a Casa nobre dos Morgados Cardosos ou o Palácio da Família Alvarez.
O vinho de Borba é dos mais afamados no país, já com reputação internacional, bem encorpado, com boa cor e de forte paladar, podendo ser devidamente apreciado na Festa do Vinho e da Vinha que se realiza anualmente na primeira quinzena de Novembro, atraindo grande número de visitantes à vila.
Borba é também a vila do mármore branco, material abundante na região e amplamente utilizado para todo o tipo de construções.
Assim, é natural que o monumento civil mais notável da vila seja a imponente Fonte das Bicas, construída em 1781 em mármore branco e consagrada a à rainha D. Maria I e ao rei D. Pedro III, cujos bustos ostenta entre outras figuras esculpidas.
Igualmente em mármore branco, o Cruzeiro seiscentista ergue-se no centro de Borba, cujo património arquitectónico e religioso oferece outros locais de interesse, como o Castelo medieval, fundado em 1302, ou as capelas das Estações da Via Sacra espalhadas pela vila, além de diversas casas nobres e elegantes palacetes.
A pouca distância de Borba, vale a pena visitar a pitoresca aldeia de Barro Branco, que exibe a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, do século XVII, com curioso telhado em forma de pagode.
O artesanato de Borba oferece, como não podia deixar de ser, objectos em mármore, mas há também peças e mobiliário em madeira e ferro forjado e louça de barro.
Na gastronomia, predominam os sabores do Alentejo, a par de requintados doces conventuais e, claro, dos famosos vinhos de óptima qualidade.