Questionado sobre a importância da ausência do seleccionado nacional Carlos Queiróz, suspenso de funções, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madaíl, afirmou que a equipa jogava em “piloto automático”. Este comentário acabou por, como se costuma dizer, lhe sair pela culatra, depois de Portugal realizar um jogo sofrível e empatar a quatro bolas com Chipre na primeira jornada de qualificação para o Euro’2012.
Até então com um saldo de 23 golos marcados e 2 sofridos ante o Chi-pre (oito vitórias em oito jogos), Portugal esteve a perder por duas vezes, nunca conseguiu mostrar qualquer sinal de união e apresentou, tão somente, jogadas individuais, isto depois de uma campanha pouco entusiasmante no Mundial da África do Sul.
O golo cipriota no final da partida, com um 4-3 favorável, diz quase tudo sobre o que se passa no futebol português.
No início de uma caminhada que procura a quinta presença consecutiva em Europeus, Portugal foi quase sempre uma equipa ausente, tal como ausentes estiveram o seleccionador Carlos Queiroz, suspenso (assistiu da bancada), Cristiano Ronaldo, lesiona-do, e o presidente da Federação, Gilberto Madaíl, este alegando motivos de doença.
Com Quaresma e Manuel Fernandes de regresso ao “onze” dois anos depois, e com Agostinho Oliveira no papel de seleccionador principal, a equipa lusa soube, contudo, lutar pela conquista dos três pontos, ainda que, quase sempre, da pior forma possível: fogachos de um ou outro.
Os vários erros ofensivos no final, o desastre defensivo e escolhas que levantam muitas dúvidas, foram as causas de um empate comprometedor, ante a 63ª selecção do “ranking” mundial da FIFA.
Aos três minutos de jogo, o D. Afonso Henriques, com apenas 9.100 espectadores, viu o Chipre marcar em contra-ataque, por Aloneftis, e aplaudiu pela primeira vez aos oito no cabeceamento eficaz de Hugo Almeida, a dar a melhor resposta a um cruzamento de Nani.
Muito defensiva, mas a saber jogar em contra ataque, a selecção cipriota voltou a marcar aos 11 minutos, com Constantinou a aproveitar erro tremendo de Raul Meireles, e, depois de driblar Eduardo, caminhar tranquilamente para o golo.
Nervosos, os jogadores portugueses recuperaram da desvantagem com um fantástico golo de Raul Meireles, aos 29 minutos, num remate de pé esquerdo, mas apenas na segunda parte deram a volta e estiveram a vencer, deixando-se depois cair em mais um erro infantil e digno de uma equipa de escalões inferiores.
Com um meio campo desorganizado, foi, ainda assim, esta zona do terreno a dar o empate, com Danny, aos 50 minutos, a colocar Portugal a vencer por 3-2, sete minutos antes de Okkas voltar a empatar.
Manuel Fernandes, com um remate extraordinário de fora da área, em zona frontal, deu finalmente nova possibilidade a Portugal para vencer, colocando o resultado em 4-3, mas Avraam, aos 89 minutos, empatou e sentenciou a partida.
As alterações impostas, sobretudo as entradas de Liedson e de João Moutinho para os lugares de Danny e Manuel Fernandes, colocaram Portugal mais perto do golo nos instantes finais, e houve até tempo para Hugo Almeida falhar escandalosamente, após assistência de Quaresma, que realizou boa exibição, e para o “levezinho” atirar ao poste, lances já na recta final do encontro e antes do golo de Avraam.