O Governo “não hesitará em manter as medidas de austeridade até 2013 se for preciso”, mesmo sabendo que “só têm o apoio do PSD até final 2011”. A afirmação é do primeiro-ministro, feita ontem durante uma entrevista à RTP1.
José Sócrates disse que fez “tudo para não aumentar os impostos” e garantiu que não há nenhuma divergência com o ministro das Finanças. O Chefe de Governo sublinhou que Teixeira dos Santos “disse que, se for preciso, manteremos as medidas”, e garantiu que “as medidas de redução da despesa vão manter-se até 2013”.
, Sócrates lembrou que “os juros das Obrigações do Tesouro passaram de cerca de cinco por cento, e uma semana depois estava nos sete por cento”. “O mundo mudou nessa semana”, enfatizou, tendo havido “mudanças muito significativas nos mercados internacionais” e um ataque “especulativo e inesperado ao euro”.
“Essas três semanas [entre o final de Abril e meados de Maio] foram decisivas para mudar toda a Europa”, disse o líder do executivo, salientando que os outros países europeus também estão a tomar medidas para acelerar a redução do défice.
O primeiro-ministro recusou-se a pedir desculpa aos portugueses por ter aumentado os impostos, dizendo que só o faria se não tivesse coragem para tomar as medidas necessárias face a um quadro de crise financeira. A afirmação de José Sócrates foi dada quando confrontado pelos jornalistas com o facto de ter prometido não aumentar os impostos na última campanha eleitoral e com a atitude do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, que pediu desculpa aos portugueses por ter viabilizado as medidas de austeridade.
“Não peço desculpa por cumprir o meu dever e fazer o que é imprescindível para defender o país. Teria de pedir desculpa se não tivesse a coragem de tomar as medidas necessárias”, respondeu. José Sócrates reforçou depois que “só pede desculpa quem não faz aquilo que deve” e que “a ética da responsabilidade deve prevalecer”. Já sobre a atitude de Pedro Passos Coelho ter pedido desculpa, Sócrates limitou-se a comentar: “Cada um fala por si”.