Bento XVI criticou os projectos legislativos que não defendem a família “instituída sobre o matrimónio indissolúvel de um homem com uma mulher”.
O Papa falava esta tarde a centenas de membros de organizações de pastoral social, reunidos na igreja da Santíssima Trindade, em Fátima, que irromperam em aplausos quando reafirmou a oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e ao aborto.
“As iniciativas que visam tutelar os valores essenciais e primários da vida, desde a sua concepção, e da família, fundada sobre o matrimónio indissolúvel de um homem com uma mulher, ajudam a responder a alguns dos mais insidiosos e perigosos desafios que hoje se colocam ao bem comum”, disse, fazendo uma pausa no ritmo do seu discurso.
A intervenção ganha relevo num momento em que já que está para promulgação pelo Presidente da República, Cavaco Silva, o diploma sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O Papa criticou também os “mecanismos socio-económicos e culturais que levam ao aborto”, elogiando quantos, na Igreja Católica, se empenham em favor de “iniciativas sociais e pastorais (…) que têm em vista a defesa da vida e a reconciliação e a cura das pessoas feridas pelo drama do aborto”.
Bento XVI deixou uma palavra de estímulo às actividades educativas e caritativas da Igreja, pedindo que as mesmas “sejam completadas com projectos de liberdade que promovam o ser humano, na busca da fraternidade universal”, e agradeceu o esforço das organizações católicas no campo social, em Portugal, em especial num tempo de crise.
“Saúdo com grande amizade cada pessoa aqui presente e as entidades a que pertencem, na diversidade de rostos unidos na reflexão das questões sociais e sobretudo na prática de compaixão”, disse no encontro com representantes da pastoral social, em Fátima.
O Papa lembrou o actual cenário de “crise sócio-económica” e também “cultura e espiritual”, defendendo que o mesmo colocou em evidência “a oportunidade de um discernimento orientado pela proposta criativa da mensagem social da Igreja”.
O Papa destacou em particular a acção junto dos “pobres, os doentes, os presos, os sós e desamparados, as pessoas com deficiência, as crianças e os idosos, os migrantes, os desempregados e os sujeitos a carências que lhes perturbam a dignidade de pessoas livres”.
A Igreja, acrescentou, não pode “dar soluções práticas a todos os problemas concretos, mas despojados de qualquer tipo de poder, determinados ao serviço do bem comum, estais prontos a ajudar e a oferecer os meios de salvação a todos”.