Português escolhido para Concurso Internacional de Jovens Maestros

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Luís Clemente, regente da banda filarmónica de Ferreira do Alentejo (Beja), foi um dos 15 seleccionados para o quarto Concurso Internacional de Jovens Maestros, tornando-se o primeiro português a ser escolhido. Confessou ter ficado “surpreendido” porque “não estava mesmo à espera” de ser escolhido.

O jovem maestro alentejano de 33 anos, natural de Évora, disse saber “que era difícil” ser seleccionado e confessou à agência Lusa que “não tinha muitas esperanças, até porque não há muita tradição de ver portugueses nestas andanças”. Afirmou entretanto que “tinha a sensação que tinha as condições para poder ser seleccionado”.
Luís Clemente foi um dos 15 maestro escolhidos de entre mais de 320 candidaturas elegíveis, pelo júri do VI Concurso Internacional de Jovens Maestros de Orquestras de Harmonia, formado por “altas figuras do panorama musical internacional”.
Luis Clemente vai concorrer com 14 jovens maestros da Alemanha, Bélgica, Espanha, Estados Unidos da América, França e Hong Kong. Durante o concurso – a decorrer na cidade francesa de Chênove, de 22 a 29 de Maio – os jovens maestros irão trabalhar com músicos profissionais de orquestras e bandas sinfónicas e terão pela frente duas provas eliminatórias até à final, já só com três dos 15 concorrentes. Na primeira prova, os seleccionados terão que mostrar as suas características de ensaio e de interpretação de peças musicais, a partir de um repertório obrigatório, e, na segunda prova, sem ensaios, terão que simular um concerto. “Vai ser exigente”, confessou Luís Clemente à Lusa, explicando que, “por mais experiência que se tenha, há sempre um nervoso miudinho e vai haver um júri a observar e a pressão é sempre maior”.
A pouco mais de um mês do início do concurso, Luís Clemente, que aguarda a chegada das partituras originais das peças musicais das provas para começar a trabalhá-las tecnicamente, está “ entusiasmado, mas tranquilo”. “Gostaria muito de passar a próxima fase, ficava já contente, não tenho expectativa nenhuma de chegar à final” mas “tudo pode acontecer, é uma questão de sorte”, afirmou o maestro, que “ambiciona” uma carreira internacional “mais constante” mas “não vive obcecado a pensar nisso”. A participação no concurso, só por si, “é muito importante”, sobretudo o contacto com outros maestros e o “privilégio” de trabalhar com músicos da Banda Sinfónica da Marinha Holandesa, “uma das mais prestigiadas ao nível da tradição de música de sopros na Europa”. Por outro lado, frisou, as provas são públicas e poderão funcionar como uma “montra”, o que irá permitir “visibilidade” e “outras oportunidades de trabalho”. “Vou preparar-me da forma mais séria possível. Se ganhar será uma festa extraordinária. Oxalá”, rematou. 
Luis Clemente tocou com vários artistas e bandas em inúmeros locais do país tendo tocado no Coliseu dos Recreios com apenas 18 anos. Em 2003 fundou a Big Alen Band – Orquestra de Jazz do Alentejo juntamente com o colega e amigo Carlos Amarelinho da qual são actualmente músicos e maestros. Licenciado em Ciências Musicais e em Direcção de Orquestra de Sopros e com mestrado em Etnomusicologia, completou o 1º ano do Doutorado na Universidade de Salamanca em Musicologia Histórica. Realizou um extenso trabalho de campo sobre o Cante Alentejano e participou num grupo de investigação sobre a música indígena nos Andes Argentinos. Actualmente é professor no Conservatório Regional do Algarve Maria Campina.

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