As autoridades portuguesas prescindiram das instalações cedidas por Juergen Adolff e transferiram a assistência consular à comunidade em Munique, para a missão católica portuguesa local. A decisão foi tomada na sequência da suspensão do cônsul honorário, indiciado por suspeita de tráfico de influências e corrupção no caso da venda dos submarinos da empresa alemã Ferrostaal a Portugal.
A permanência consular em Munique, um dia de dois em dois meses, tinha sido interrompida em Novembro, mas foi retomada no mês passado por decisão do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga, refere ainda a Lusa.
Juergen Adolff não podia realizar actos consulares, como a emissão de bilhetes de identidade ou certidões, o que obrigava a deslocação periódica a Munique de um funcionário da missão diplomática em Estugarda, que trabalhava nas instalações cedidas pelo cônsul honorário, dono de uma imobiliária.
O Governo português suspendeu no dia 31 de Março, o cônsul honorário de Portugal em Munique, Jurgen Adolff, de “todas as funções relacionadas com o exercício do cargo”. A decisão foi tomada na sequência da investigação do Ministério Público alemão de suspeitas de corrupção na venda de submarinos pela alemã Ferrostaal ao Governo português.
Numa nota datada de 25 de Março, o Governo alemão informava a embaixada portuguesa em Berlim que o cônsul honorário de Portugal em Munique tinha sido indiciado por tráfico de influências e corrupção, no âmbito da investigação à empresa alemã Ferrostaal.
Mas o afastamento do cônsul honorário de Portugal em Munique já vem sendo pedido por membros da comunidade no estado da Baviera desde Julho do ano passado quando começou a circular um abaixo-assinado que defendia a substituição de Jurgen Adolff.
O documento – que circulou entre Julho e Novembro no estado da Baviera – reuniu cerca de 500 assinaturas e pedia a substituição de Jurgen Adolff no cargo de cônsul-honorário em Munique, com quem os subscritores referiam estar “particularmente descontentes e desiludidos”.
Na carta que acompanhava o abaixo-assinado, os subscritores afirmavam que ao longo dos 15 anos, Jürgen Adolff, não realizou “nenhuma acção” para apoiar “interesses, actividades ou acontecimentos” relacionados com a comunidade portuguesa e destacavam que o cargo “tem-lhe permitido um aproveitamento pessoal “nas suas actividades comerciais”, nomeadamente “no sector imobiliário”.
Em Munique vivem cerca de 800 portugueses. No estado da Baviera em geral, estima-se residam cerca de oito mil portugueses. O Consulado-geral de Portugal em Estugarda, fica a cerca de 200 quilómetros de distância de Munique.