A comunidade portuguesa está em “alerta geral” no Rio de Janeiro por causa da chuva que tem caído na região, disse à Lusa Eduardo Neves, ex-presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas.
“Fiquei sitiado em casa na Tijuca”, relatou Eduardo Neves que é também vice-presidente da Academia Luso-Brasileira. Neves reside próximo ao famoso estádio do Maracanã e do rio com o mesmo nome. “Quando cheguei a casa o rio já estava a transbordar. Consegui deixar o carro na garagem e não pude sair mais”, descreveu.
O rio Maracanã que atravessa grande parte da Tijuca transbordou cinco vezes na madrugada de segunda-feira.
O relvado do estádio do Maracanã está submerso e os vestiários inundados devido às fortes chuvas. O estádio carioca, construído para o Mundial de Futebol de 1950 e considerado um dos maiores do mundo, transformou-se numa enorme piscina com água castanha e os estragos tornam improvável o jogo do grupo 8 da Taça dos Libertadores marcado para esta noite, entre o clube local do Flamengo e o Universidade do Chile.
Eduardo Neves Moreira disse não ter tido coragem de sair de casa depois de saber que a tempestade matou 95 pessoas e deixando mais de 1400 desalojadas. “Era para eu viajar hoje de manhã para Brasília, mas o aeroporto estava fechado”, afirmou, acrescentando: “Este mau tempo acaba causando transtorno e grandes prejuízos na vida de cada um. Afectou a todo mundo independente da nacionalidade”.
A cidade maravilhosa está irreconhecível, depois da chuva intensa que tem inundado o Rio de Janeiro nos últimos dias. Pelo menos 102 pessoas morreram, vítimas das cheias e dos deslizamentos de terras, e as autoridades estimam que, com a limpeza das favelas, o número de mortos aumente bastante.
A cidade registou mais de 60 locais com inundações, após o início das fortes chuvadas na tarde de segunda feira.
A falta de electricidade nos bairros mais afastados do centro transformou a cidade num sítio escuro, e as ruas inundadas têm provocado sérias dificuldades aos cariocas nas deslocações pela cidade. As zonas oeste e norte do centro da capital carioca, e a cidade de Niterói, na região metropolitana, são as mais atingidas, segundo o Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro.
O trânsito está caótico, a avenida que liga a Barra da Tijuca e a praia de Ipanema continua cortada e as autoridades municipais não têm mãos a medir para os pedidos de ajuda que chegam a cada minuto.
O presidente da câmara do Rio de Janeiro apelou à calma das populações, apesar de muitas das escolas do estado estarem encerradas.
As chuvas dos últimos dias são as piores dos últimos 40 anos no Rio de Janeiro, e a população já compara a situação à vivida no último inverno, no estado de Santa Catarina, no sul do Brasil.
A cidade de Niterói foi das mais afectadas pelas cheias e tem registo de 53 mortos, o que levou o prefeito a declarar uma semana de luto e o estado de emergência e toda a região.
No estado do Rio de Janeiro vivem actualmente cerca de 300 mil portugueses, com maior concentração nos bairros de Fátima, Gamboa, Catumbi, Tijuca, Rio Comprido, na zona Norte, e em Jacarepaguá, na zona Oeste, áreas que foram muito afectadas pelas tempestades desde segunda feira.