Descoberta portuguesa no combate à malária recebe patente nos Estados Unidos

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O trabalho dos investigadores do Instituto de Medicina Molecular (IMM) e da  empresa ALFAMA foi este mês reconhecido pelo organismo americano de marcas e patentes que lhes concedeu a patente pela descoberta de uma nova estratégia profilática para combater a malária. A equipa procura agora parceiros para pôr em prática ensaios de campo.

A descoberta foi feita pela equipa liderada por Maria Manuel Mota, directora da Unidade de Malária do IMM, em colaboração com investigadores da empresa farmacêutica ALFAMA, que adquiriu os direitos sobre a patente ao Instituto Gulbenkian de Ciência, onde surgiu inicialmente a ideia base do projecto. Os investigadores viram agora o seu trabalho ser reconhecido pela United States Patent and Trademark Office (USPTO), nos Estados Unidos da América, que lhes concedeu e publicou a patente desta descoberta.
“A aceitação final e publicação de uma patente nos EUA por um grupo português não é usual e significa que a originalidade e potencialidade do nosso trabalho foi reconhecida”, afirma Maria Mota.
Intitulada «Methods for the prevention of malaria infection of humans by hepatocyte growth factor antagonists», a patente foi dada pela descoberta de uma estratégia que protege as propriedades antimaláricas de uma série de compostos (como a genisteína, presente em alimentos de soja), os quais actuam na fase silenciosa da infecção por malária, ou seja, antes do desenvolvimento da doença e aparecimento de sintomas.
O agente causador da doença (Plasmodium) é transmitido ao Homem por mosquitos infectados. A infecção por malária é iniciada por uma picada de mosquito que introduz parasitas no hospedeiro humano. Estes parasitas viajam rapidamente até ao fígado, onde cada um deles invade uma célula hepática, dentro da qual se replica dando origem a milhares de novos parasitas. Estes são depois libertados na corrente sanguínea, iniciando a fase sintomática da doença.
Apesar de silenciosa, ou seja, de não causar quaisquer sintomas, a fase de replicação dos parasitas no fígado é essencial para o estabelecimento da infecção, já que, ao invadir as células do sangue, estes milhares de novos parasitas irão causar a doença, podendo levar à morte. A descoberta agora patenteada identifica a capacidade da genisteína – um componente natural da soja – e outros compostos para inibirem a progressão da malária na fase de replicação no fígado. 
A luta contra a malária debate-se com vários obstáculos, entre os quais estão a toxicidade, o elevado custo e as dificuldades na distribuição das drogas desenvolvidas contra esta doença. Sendo a genisteína um componente natural de baixo custo, fácil armazenamento, e já presente na dieta de seres humanos, as equipas do IMM e ALFAMA sugerem que a distribuição de soja ou a administração de genisteína como suplemento alimentar possam tornar-se profilaxias eficientes para a malária.
Esta descoberta poderá contribuir, assim, para o desenvolvimento de uma alternativa barata e prática, mas de alta eficácia na luta contra uma das doenças mais mortíferas e economicamente mais catastróficas dos tempos modernos. Estes resultados têm uma importância acrescida, uma vez que não existe actualmente qualquer profilaxia eficaz da malária para populações das regiões onde a doença é endémica. 
A ALFAMA “espera agora encontrar parceiros, entre fundações e empresas multinacionais, para prosseguir o trabalho e pôr em prática ensaios de campo que permitam provar o efeito da genisteína contra a malária em seres humanos”, referiu Nuno Arantes-Oliveira, presidente da empresa farmacêutica.

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