O Presidente da República associou-se hoje às autoridades andorranas e participou na cerimónia de homenagem às cinco vítimas portuguesas do acidente de trabalho no túnel dels Dos Vallires, que encerrou a sua visita à comunidade portuguesa de Andorra .
Aos jornalistas portugueses que o acompanham nesta deslocação, Cavaco Silva afirmou que a sua presença no local da obra foi motivada principalmente pela sua intenção de “homenagear todos aqueles que perderam a vida aqui”.
“Falei com familiares (de uma das vítimas) que me informaram da situação actual dos problemas ainda não resolvidos”, revelou o Chefe de Estado português em declaração após a cerimónia, que teve lugar exactamente quatro meses depois do acidente.
Cavaco Silva quis ainda agradecer às autoridades andorranas, “o apoio prestado às famílias dos portugueses que perderam a vida”, e acrescentou que o embaixador de Portugal em Andorra, Mário Damas Nunes, ficou “encarrege de fazer as demarches adicionais que se podem fazer neste momento”, no sentido de agilizar a resolução desses problemas.
“Fiquei com uma hipoteca enorme”
A presença do Chefe de Estado português na cerimónia de homenagem, sensibilizou a viúva de uma dos portugueses vitimados no acidente, mas a portuguesa sente que “a homenagem até me parece pouco, depois do que se passou”.
Em frente ao local da obra, Maria Clara Machado acompanhou a cerimónia, conduzida pelo primeiro-ministro do Principado, Jaume Bartomeu, e confirmou que ainda não está resolvido o inquérito nem a questão sobre o valor das indemnizações a destinar aos familiares dos dois operários portugueses.
“Até agora está tudo muito parado. Eu recebi um adiantamento de 15 mil euros para enfrentar os gastos, porque fiquei com uma hipotéca enorma. Mas no resto, está tudo igual”, revelou, acrescentado que “tem muitos gastos” e que ainda não pagou à funerária.
Maria lara Machado diz que as duas famílias dos trabalhadores que residiam no principado ainda não chegara a um acordo sobre o valor das indemnizações, por não aceitarem a verba que lhes foi oferecida, ao contrário das outras três famílias dos opoerários que residiam em Portugal.
“As famílias lá conformaram-se com a quantia que lhes ofereceram. Nós não concordamos com o valor”, explicou, acrescentando que não tem pedido apoio à Embaixada portuguesa. “Eu não tenho pedido ajuda à embaixada, tenho tentado resolver o caso com o Governo de Andorra”, disse.
Ao Mundo Português, Maria Clara disse estar muito sensibilizada com a presença do Presidente da República português na cerimónia, mas, sublinhou que o encontro que teve hoje com Cavaco Silva antes de se deslocar ao local da homenagem, foi ainda mais importante.
“Falar do tema e sentir que uma autoridade nos apoia, é muito importante”.
Ana Grácio Pinto – Em Andorra
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