No Japão, estrangeiros como a portuguesa Laura Mártires continuam a engrossar a lista dos trabalhadores temporários. A recessão que atinge o país é considerada a pior desde a Segunda Guerra.
“O meu contrato seria renovado em Outubro do ano passado, a empresa chegou a prometer-me um aumento de seis por cento, mas quando voltei de férias, recebi a notícia”, diz Laura Mártires, 28 anos, que chegou ao Japão para fazer um intercâmbio estudantil, há cinco anos, e acabou por ficar no país num mestrado na Universidade de Tóquio (Todai).
Tal como esta arquitecta do Algarve, outros três funcionários perderam o emprego no escritório onde ela trabalhava.
“Durante um mês e meio, tive de comer pão e sopa. Agora, o meu plano é juntar dinheiro para procurar emprego na Europa”, conta à Lusa Laura Mártires, que ainda espera o pagamento do último salário.
De acordo com o Ministério do Trabalho, Saúde e Bem-Estar Social do Japão, mais de 190 mil pessoas perderão os seus empregos até Junho.
A recessão que abate o líder asiático já é considerada a pior desde a Segunda Guerra. O Governo japonês revelou ainda que o índice de desemprego em solo nipónico atingiu os 4,4 por cento em Fevereiro, o pior desempenho dos últimos três anos.
Graças à queda nas exportações para os Estados Unidos, o maior número de demissões está concentrado na indústria, sobretudo nas fábricas de electrodomésticos e automóveis – segmentos onde está a maior parte da mão-de-obra brasileira, peruana e emigrada de vizinhos asiáticos, como China, Filipinas e Tailândia.
Para encarar a crise, milhares de emigrantes têm-se rendido às oportunidades de trabalho temporário que ainda surgem nas grandes cidades japonesas, como Tóquio, Osaka e Nagóia.
No caso de Laura Mártires, a solução foi recorrer às aulas de inglês e aos trabalhos de tradução. “Não encontrei nada na minha área de estudos”, justifica a arquitecta.
O sector privado não foi o único a travar os gastos para enfrentar a recessão mundial. O maior programa de concessão de bolsas de estudos para estrangeiros do arquipélago, o Monbukagakusho, também sofreu cortes nos últimos meses.
A bióloga marinha Ana Teresa Gonçalves, 28 anos, conta que a bolsa que recebe foi reajustada quatro vezes num período de três anos. Hoje, o auxílio é 11,2 por cento menor do que no início do seu mestrado na Universidade de Ciência Marinha e Tecnologia de Tóquio.
“A universidade disse-nos que o valor diminuiu para que mais estudantes estrangeiros possam vir ao país”, destaca Ana Teresa Gonçalves, que nas horas vagas faz trabalhos temporários para ganhar mais dinheiro.
Além de dar aulas de inglês e português, uma vez por semana a lisboeta trabalha como empregada num restaurante espanhol em Tóquio.
A estudante também canta fado quando surgem oportunidades, mas ressalta que os convites são cada vez mais raros. “A frequência de clientes no restaurante também caiu bastante, às vezes nem vale a pena abrir”, explica.
“A bolsa ajuda-nos a ter estabilidade, a pagar o transporte, a casa e a comida. Mas se queres ter uma vida mais confortável, é preciso fazer outras actividades”, destaca.
De acordo com a Embaixada de Portugal em Tóquio, há 488 portugueses no Japão. A maioria é composta por estudantes de pós-graduação e funcionários de multinacionais, que, segundo a representação diplomática, não foram afectados com gravidade pela recessão. “Até ao momento, nenhum cidadão português nos contactou solicitando apoio de qualquer espécie por ter ficado sem emprego”, ressalta Paulo Lopes Graça, encarregado da Secção Consular da embaixada.
Ao contrário do que tem estado a ocorrer com emigrantes de nações em desenvolvimento, como por exemplo do Brasil, o fluxo de nacionais que retornam a Portugal também não cresceu com a crise.
Tal como esta arquitecta do Algarve, outros três funcionários perderam o emprego no escritório onde ela trabalhava.
“Durante um mês e meio, tive de comer pão e sopa. Agora, o meu plano é juntar dinheiro para procurar emprego na Europa”, conta à Lusa Laura Mártires, que ainda espera o pagamento do último salário.
De acordo com o Ministério do Trabalho, Saúde e Bem-Estar Social do Japão, mais de 190 mil pessoas perderão os seus empregos até Junho.
A recessão que abate o líder asiático já é considerada a pior desde a Segunda Guerra. O Governo japonês revelou ainda que o índice de desemprego em solo nipónico atingiu os 4,4 por cento em Fevereiro, o pior desempenho dos últimos três anos.
Graças à queda nas exportações para os Estados Unidos, o maior número de demissões está concentrado na indústria, sobretudo nas fábricas de electrodomésticos e automóveis – segmentos onde está a maior parte da mão-de-obra brasileira, peruana e emigrada de vizinhos asiáticos, como China, Filipinas e Tailândia.
Para encarar a crise, milhares de emigrantes têm-se rendido às oportunidades de trabalho temporário que ainda surgem nas grandes cidades japonesas, como Tóquio, Osaka e Nagóia.
No caso de Laura Mártires, a solução foi recorrer às aulas de inglês e aos trabalhos de tradução. “Não encontrei nada na minha área de estudos”, justifica a arquitecta.
O sector privado não foi o único a travar os gastos para enfrentar a recessão mundial. O maior programa de concessão de bolsas de estudos para estrangeiros do arquipélago, o Monbukagakusho, também sofreu cortes nos últimos meses.
A bióloga marinha Ana Teresa Gonçalves, 28 anos, conta que a bolsa que recebe foi reajustada quatro vezes num período de três anos. Hoje, o auxílio é 11,2 por cento menor do que no início do seu mestrado na Universidade de Ciência Marinha e Tecnologia de Tóquio.
“A universidade disse-nos que o valor diminuiu para que mais estudantes estrangeiros possam vir ao país”, destaca Ana Teresa Gonçalves, que nas horas vagas faz trabalhos temporários para ganhar mais dinheiro.
Além de dar aulas de inglês e português, uma vez por semana a lisboeta trabalha como empregada num restaurante espanhol em Tóquio.
A estudante também canta fado quando surgem oportunidades, mas ressalta que os convites são cada vez mais raros. “A frequência de clientes no restaurante também caiu bastante, às vezes nem vale a pena abrir”, explica.
“A bolsa ajuda-nos a ter estabilidade, a pagar o transporte, a casa e a comida. Mas se queres ter uma vida mais confortável, é preciso fazer outras actividades”, destaca.
De acordo com a Embaixada de Portugal em Tóquio, há 488 portugueses no Japão. A maioria é composta por estudantes de pós-graduação e funcionários de multinacionais, que, segundo a representação diplomática, não foram afectados com gravidade pela recessão. “Até ao momento, nenhum cidadão português nos contactou solicitando apoio de qualquer espécie por ter ficado sem emprego”, ressalta Paulo Lopes Graça, encarregado da Secção Consular da embaixada.
Ao contrário do que tem estado a ocorrer com emigrantes de nações em desenvolvimento, como por exemplo do Brasil, o fluxo de nacionais que retornam a Portugal também não cresceu com a crise.