“As quebras nas vendas têm-se vindo a acentuar. Atravessamos dias que não são nada fáceis. Sobrevivemos com muita dificuldade, por causa da crise”, afirma à agência Lusa Venilde Amaral, sócia gerente de uma empresa, que há mais de 60 anos se dedica à comercialização e confecção de bordados, em Ponta Delgada.
Das 315 empresas inscritas no Centro Regional de Apoio ao Artesanato (CRAA), 38 dedicam-se ao comércio e produção do bordado açoriano. Venilde Amaral é sócia gerente de uma dessas empresas e constata que “longe vão os tempos áureos” da produção e comercialização do bordado a matiz (em dois tons de azul) da ilha de São Miguel. Cerca de 90 por cento da produção daquela fábrica destina-se aos Estados Unidos da América e a restante vai para a Austrália, indica. Depois de ter deixado de receber, desde há dois anos, encomendas de Itália, Venilde Amaral, aponta a mudança de hábitos, a crise e “as imitações” como os grandes “obstáculos” na comercialização daquele produto típico. A fábrica, que chegou a ter mais de 100 mulheres efectivas, conta actualmente com 12.
“As coisas foram decaindo. Vamos sobrevivendo. Hoje o bordado já não é essencial no dia a dia. As pessoas apreciam muito, mas com a crise acham que é um produto caro”, refere Venilde Amaral, lembrando, no entanto, que a confecção é um processo meticuloso e a matéria-prima “dispendiosa” (linhos e linhas). Da fábrica de Ponta Delgada saem várias peças de bordados típicos, desde toalhas, lençóis, bases de copos, panos para cestos de pão ou ainda individuais para pratos. Também na Terceira, o proprietário de uma empresa que se dedica há mais de 60 anos ao comércio do bordado (a branco) típico da ilha confirma uma quebra nas vendas, um mal que afecta “todos em tempos de crise”.
“Não é um produto de primeira necessidade e quando há crise fica para último”, contou Luís Costa, lembrando que há muitos anos chegou a exportar para a Europa e América. Agora, comercializa lençóis e toalhas essencialmente para clientes locais e do continente.
No Faial, Isaura Ferreira Rodrigues faz há oito anos os bordados a palha, característicos daquela ilha, uma actividade que iniciou depois de ter participado num curso promovido pelo Governo regional, para “relançar” aquela produção artesanal.
Confessa que não tem sentido tanto os efeitos da crise, já que confecciona por “encomenda” bordados para vestuário.
“É um trabalho minucioso, um tipo de artesanato mais requintado”, sublinha Isaura Rodrigues que borda motivos doirados sob o preto, mas que tenta “inovar” nos últimos tempos, usando novas cores como o vermelho, azul ou ainda bege. Desde 1998 que existe um selo de certificação para os bordados típicos de São Miguel, Terceira e Faial, criado pelo Governo regional para assegurar a qualidade e promover “o requinte” de um produto “com grande valor histórico e cultural”.
“Não é apenas um rótulo, mas uma certificação que veio trazer uma discriminação positiva aquela actividade e aos bordados açorianos, um produto historicamente enraizado”, assegura a directora do CRAA, entidade que atribui o selo de certificação.
Alexandra Andrade admite “não ser a melhor época” para o bordado açoriano, “nem para nenhum produto que se destine a um mercado restrito”.
“Em meados do século passado a maioria das pessoas queriam ter uma toalha bordada para colocar na mesa. Hoje não é essencial no dia a dia”, diz a responsável, frisando que em épocas de crise “os primeiros produtos a excluir são os artigos de boa qualidade que não estejam massificados”.
Alexandra Andrade defende, por isso, que o artesanato de qualidade tem que continuar a adaptar-se à própria mudança cultural e procurar mostrar “um tipo de trabalho diferente”.
Das 315 empresas inscritas no Centro Regional de Apoio ao Artesanato (CRAA), 38 dedicam-se ao comércio e produção do bordado açoriano. Venilde Amaral é sócia gerente de uma dessas empresas e constata que “longe vão os tempos áureos” da produção e comercialização do bordado a matiz (em dois tons de azul) da ilha de São Miguel. Cerca de 90 por cento da produção daquela fábrica destina-se aos Estados Unidos da América e a restante vai para a Austrália, indica. Depois de ter deixado de receber, desde há dois anos, encomendas de Itália, Venilde Amaral, aponta a mudança de hábitos, a crise e “as imitações” como os grandes “obstáculos” na comercialização daquele produto típico. A fábrica, que chegou a ter mais de 100 mulheres efectivas, conta actualmente com 12.
“As coisas foram decaindo. Vamos sobrevivendo. Hoje o bordado já não é essencial no dia a dia. As pessoas apreciam muito, mas com a crise acham que é um produto caro”, refere Venilde Amaral, lembrando, no entanto, que a confecção é um processo meticuloso e a matéria-prima “dispendiosa” (linhos e linhas). Da fábrica de Ponta Delgada saem várias peças de bordados típicos, desde toalhas, lençóis, bases de copos, panos para cestos de pão ou ainda individuais para pratos. Também na Terceira, o proprietário de uma empresa que se dedica há mais de 60 anos ao comércio do bordado (a branco) típico da ilha confirma uma quebra nas vendas, um mal que afecta “todos em tempos de crise”.
“Não é um produto de primeira necessidade e quando há crise fica para último”, contou Luís Costa, lembrando que há muitos anos chegou a exportar para a Europa e América. Agora, comercializa lençóis e toalhas essencialmente para clientes locais e do continente.
No Faial, Isaura Ferreira Rodrigues faz há oito anos os bordados a palha, característicos daquela ilha, uma actividade que iniciou depois de ter participado num curso promovido pelo Governo regional, para “relançar” aquela produção artesanal.
Confessa que não tem sentido tanto os efeitos da crise, já que confecciona por “encomenda” bordados para vestuário.
“É um trabalho minucioso, um tipo de artesanato mais requintado”, sublinha Isaura Rodrigues que borda motivos doirados sob o preto, mas que tenta “inovar” nos últimos tempos, usando novas cores como o vermelho, azul ou ainda bege. Desde 1998 que existe um selo de certificação para os bordados típicos de São Miguel, Terceira e Faial, criado pelo Governo regional para assegurar a qualidade e promover “o requinte” de um produto “com grande valor histórico e cultural”.
“Não é apenas um rótulo, mas uma certificação que veio trazer uma discriminação positiva aquela actividade e aos bordados açorianos, um produto historicamente enraizado”, assegura a directora do CRAA, entidade que atribui o selo de certificação.
Alexandra Andrade admite “não ser a melhor época” para o bordado açoriano, “nem para nenhum produto que se destine a um mercado restrito”.
“Em meados do século passado a maioria das pessoas queriam ter uma toalha bordada para colocar na mesa. Hoje não é essencial no dia a dia”, diz a responsável, frisando que em épocas de crise “os primeiros produtos a excluir são os artigos de boa qualidade que não estejam massificados”.
Alexandra Andrade defende, por isso, que o artesanato de qualidade tem que continuar a adaptar-se à própria mudança cultural e procurar mostrar “um tipo de trabalho diferente”.