O Banco de Portugal notificou na sexta-feira sete antigos administradores do Millennium BCP, no âmbito da investigação a alegadas irregularidades cometidas com recurso a sociedades 'off-shore', revelaram hoje à Lusa fontes próximas do processo.
A entidade presidida por Vítor Constâncio notificou na sexta-feira ao final da tarde, como arguidos, os antigos presidentes do Millennium BCP, Jorge Jardim Gonçalves, Paulo Teixeira Pinto e Filipe Pinhal, bem como os antigos administradores António Castro Henriques, Christopher de Beck, Alípio Dias e António Rodrigues.
Foram ainda notificados, no âmbito deste processo, os directores-gerais Luís Gomes e Filipe Abecassis, bem como o próprio BCP.
Em causa está a alegada utilização de sociedades 'off-shore' controladas e financiadas pelo BCP para comprar acções do próprio banco. Desta forma, seria prestada informação falsa ao mercado, uma vez que os títulos em questão não eram assumidos como acções próprias.
De acordo com as fontes contactadas pela Lusa, os responsáveis em questão são acusados de contra-ordenações graves, mas não da prática de crimes, sendo que não foram ainda apuradas responsabilidades individuais.
Entre os antigos administradores que desempenharam funções entre 2002 e 2007 – altura em que terão ocorrido as alegadas irregularidades – não foram notificados pelo Banco de Portugal Francisco Lacerda, Boguslaw Kott e Alexandre Bastos Gomes, disseram as mesmas fontes.
Um porta-voz do fundador e antigo presidente do Millennium BCP, Jorge Jardim Gonçalves, confirmou à Lusa a notificação por parte do Banco de Portugal.
Contactada pela Lusa, fonte oficial do Banco de Portugal não quis fazer comentários, limitando-se a confirmar que enviou notificações ao BCP e a antigos responsáveis do banco, no âmbito deste processo.
Os visados terão agora 30 dias úteis para apresentaram a sua defesa. Findo este prazo, o Banco de Portugal vai analisar as provas e os testemunhos apresentados por cada arguido no respectivo contraditório, após o que tomará a decisão final relativa a este processo.
Se forem considerados culpados, os antigos administradores do BCP poderão ser inibidos de exercer funções na banca durante vários anos, bem como ser condenados a pagar uma coima que poderá ascender a 1 milhão de euros.