O Parlamento discute hoje a situação económica internacional, tema que o primeiro-ministro escolheu para tema do debate quinzenal, onde deverá ouvir críticas da oposição.
A situação económica e financeira tem dominado a actualidade nas últimas semanas, tendo levado o primeiro-ministro a subscrever, na segunda-feira, em conjunto com os restantes Estados-membros da UE um documento que pretende dar formalmente garantias de estabilidade no sistema financeiro europeu e de protecção em relação aos depositantes.
Na terça-feira, José Sócrates garantiu mesmo que o Estado vai assegurar as poupanças dos portugueses e não deixará de apoiar as famílias, em particular às famílias mais carenciadas, face à crise financeira que vive em todo o mundo.
Por outro lado, também na semana passada, em Conselho de Ministros, o Governo aprovou um pacote de medidas, nas quais se reforçam os poderes das entidades de supervisão e, em paralelo, aumentam-se as coimas e penas em casos de ilegalidades no sistema financeiro.
Contudo, a situação económica internacional tem igualmente sido aproveitada pela oposição para criticar o executivo de maioria socialista.
Na semana passada, numa declaração política no plenário da Assembleia da República o deputado do PSD Miguel Frasquilho acusou o primeiro-ministro de ter revelado ignorância sobre o sistema financeiro ao falar em jogo e de mostrar não perceber a actual crise ao responsabilizar os Estados Unidos.
"A falha na supervisão e na regulação existiu, tal como uma falha do mercado, mas é uma falha global. O primeiro-ministro ainda não percebeu isso e culpa os Estados Unidos", alegou Miguel Frasquilho, defendendo que o Governo deve "actuar com serenidade e tomar as medidas necessárias à regulação do sistema".
A propósito da crise, na terça-feira, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, deixou uma proposta ao Governo, defendendo que chegou o momento de o Estado obter o controlo, "por aquisição ou nacionalização, dos sectores estratégicos", nomeadamente na banca, na Galp e na EDP, para que possa "defender-se de crises como a actual".
O Bloco de Esquerda tem igualmente sido bastante crítico, insistindo com o Governo para que intervenha em relação às taxas de juro.
"Os portugueses não aguentam mais as taxas de juro. Porque é que o Governo português não toma uma iniciativa política? Uma atitude na União Europeia?", questionou Luís Fazenda, na semana passada no Parlamento.
Do CDS-PP, o primeiro-ministro poderá esperar um "contributo positivo", pois, como já defendeu o líder dos democratas-cristãos, "mais do que querelas entre partidos" a actual situação exige debate.
Aliás, ainda antes do debate quinzenal com o primeiro-ministro, Paulo Portas vai ser recebido, a seu pedido, pelo Presidente da República para expor preocupações com a situação económica do país e apresentar um "contributo positivo" para resolver o problema.