O hospital de Viseu anunciou hoje que está a investigar o caso de um bebé que foi retirado já morto de cesariana no domingo, depois de alegadamente a mãe ter sido mandada para casa duas vezes no início da semana passada.
Virgínia Rodrigues, mãe da parturiente, explicou hoje aos jornalistas que a sua filha, de 24 anos, se tinha deslocado ao hospital nos passados dias 18 e 19, mas que foi mandada de volta para casa com o argumento de que ainda não estava na hora do parto.
Segundo Virgínia Rodrigues, a filha – que estava a viver a primeira gravidez e cujo parto estava previsto para dia 30 -, foi atendida nos dois dias pela mesma médica.
A progenitora contou que, no dia 18, a filha estava a tomar banho quando sentiu "sair alguma coisa quente", tendo por isso decidido ir ao hospital, mas que a médica argumentou não ter detectado "perda de líquidos".
A irmã mais velha questionou a médica de quem seria a responsabilidade se acontecesse algum problema nos 20 quilómetros até casa, mas esta ter-lhe-á respondido que "nem que cá venham 500 vezes, não lhe fazemos nada, que ainda não está para nascer".
Virgínia Rodrigues contou que, de novo em casa, a filha sentiu-se mal, tendo voltado no dia 19 ao hospital, onde passou a noite, mas com a indicação de que o marido a teria de ir buscar às 08:00.
"Ela ia tendo umas dores e foi-se aguentando. Até domingo", recordou, contando que nesse dia a filha apresentava uma cor esverdeada, febre, vómitos e diarreia.
Deu entrada pela terceira vez no hospital pouco depois das 10:00 de domingo, numa ocasião em que, segundo Virgínia Rodrigues, o bebé "ainda mexia", tendo cerca das 16:00 sido retirado já morto, de cesariana, para "acudir à mãe".
A jovem de 24 anos encontra-se em coma, nos Cuidados Intensivos.
"A minha filha acordando, se ela acordar, fará o que entender", disse Virgínia Rodrigues, quando questionada se a família pretende avançar com algum processo contra o hospital.
Se a filha "não acordar", promete gastar até ao seu "último cêntimo" para processar a médica que a atendeu nos dias 18 e 19, por entender que devia ter sido feito o parto nessa altura.
Luís Viegas, do gabinete de Relações Públicas do Hospital de S. Teotónio, garantiu aos jornalistas que a jovem "está estável, a recuperar extraordinariamente bem" e que "dentro de muito pouco tempo abandonará os Cuidados Intensivos".
O responsável reconheceu que a jovem deu entrada no hospital nos dias 18, 19 e 24, mas considerou "prematuro" fazer algum comentário ao caso, por estar a decorrer um processo de averiguações.
"A seu tempo daremos conhecimento (do resultado) em primeira mão aos familiares", afirmou, acrescentando ser também do interesse do hospital esclarecer o mais rapidamente possível este caso.