Ana Malhoa: “Quero muito gritar ao mundo que sou portuguesa”

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“Sinto-me abençoada por ter o apoio dos emigrantes”. É assim que Ana Malhoa explica a relação especial que tem com os portugueses que vivem fora do seu país natal. Em entrevista ao O Emigrante/ Mundo Português, a cantora fala-nos dos seu novo trabalho e revela um carinho muito grande pelos emigrantes portugueses. Ana Malhoa recorda ainda o seu passado quando cantava com o seu pai e revela que gostava de construir uma carreira internacional para gritar ao mundo que é portuguesa.

Começaste muito cedo. Ainda te lembras do teu primeiro concerto?
Comecei com 6 anos, num espectáculo no Teatro Luísa Todi em Setúbal. Desde os meus 3/4 anos que queria cantar e chateava o meu pai e todas as pessoas envolvidas no seu meio profissional para o facto de eu querer cantar, gravar, fazer espectáculos… enfim ser uma profissional da música. Pois toda essa vontade já valeu até agora 22 anos de amor e paixão pela música, pelos palcos.

Hoje tens uma carreira individual sólida. Mas costumas recordar com saudade a fase em que actuavas com o teu pai José Malhoa?

Claro que sim, por isso mesmo fiz questão de o ter como convidado especial no meu novo cd «Exótica», que já está disponível, com um tema muito sentimental e que retrata bem a nossa vida dentro e fora dos palcos.
Gostavas de voltar a trabalhar na televisão? Em que estilo de programa?
Sim, gostava de voltar a trabalhar na televisão. As pessoas sabem que não é a minha prioridade, pois a música está sempre em primeiro lugar, mas considero a televisão uma grande paixão. Os programas jovens,  com temas da actualidade, muita diversão e música, são a minha cara!

Como defines a tua música?
Estou com uma sonoridade mais pop-rock do que nunca. Não esqueci o latina, apenas fiz questão de querer sobressair o lado mais selvagem da música, pois o lado mais suave é realmente abordado através da mensagem de cada tema, como somos um povo latino, quente.
É óbvio que o amor é transmitido não só pela letra mas principalmente pela melodia.

Já lançaste quase 20 álbuns. Apesar de seres nova já te sentes uma espécie de “veterana” da música portuguesa?
Não, apenas quero continuar a fazer com muita paixão a minha carreira, pois trabalho todos os dias para evoluir, actualizar, a minha vida artística, porque sei que o público assim exige e não quero deixar de o fazer da melhor maneira, com muito profissionalismo e muito respeito.

Achas que o mercado português é justo para os seus cantores?
Não posso queixar-me de algo que não sinto, o meu público é o meu mercado, e o meu mercado tem sido justo. Por isso costumo dizer obrigada ao meu público, porque sem eles não podia ser cantora, ou artista como muita gente chama.

Tens várias músicas cantadas em inglês. Nunca pensaste lançar um álbum só em inglês?
Uma das minhas ambições é fazer o crossover. Quero imenso fazer carreira no estrangeiro, mas de forma alguma pensaria deixar de lado totalmente o português. Estou a trabalhar para isso, quero muito gritar ao mundo que sou portuguesa!

Fala-nos do teu novo álbum «Exótica»…
«Éxotica» representa para mim esse lado tão selvagem e ao mesmo tempo tão sentimental, que se aplica à música e à sonoridade que estou a seguir.
Ao longo destes 10 temas existe uma fusão de sentimentos que transmitem a liberdade, a paixão, o amor, e sei que as pessoas têm adorado este CD. Já está a ser um sucesso de vendas e acredito que vai ser o êxito de 2008. Tenho recebido imensos elogios ao trabalho, as pessoas identificam-se com os temas… Mas o melhor é mesmo ouvir… oiçam e digam qualquer coisa.

Ficas ansiosa quando lanças um novo trabalho?

Neste cd não fiquei ansiosa, fiquei… ”exótica”!!! (risos)

Costumas actuar para os portugueses lá fora. Qual é a sensação?
Sentes que os nossos emigrantes têm um grande carinho por ti e por Portugal?

Sinto que os portugueses têm sido muito importantes na minha carreira, são eles que tem divulgado a minha música pelo mundo inteiro, que me acompanharam desde pequena a cantar.
Sinto por eles um enorme respeito, por tudo aquilo que me fazem sentir cada vez que os visito, seja na Europa, seja nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália, na África do Sul ou na América do Sul.
Sinto-me abençoada por ter o apoio dos emigrantes!

Há algum país onde ainda não tenhas actuado e gostasses de o fazer?
Gostava imenso de cantar no Japão, China e Macau. Sei que a nossa comunidade é grande também nesses países, por isso gostava imenso de ter essa oportunidade. Assim como voltar a cantar na Venezuela, já que apenas os visitei uma vez e já foi há muito tempo.
Austrália será para muito breve, assim como África do Sul. A Europa já esta a ser agendada, assim como os Estados Unidos e Canadá para este ano ainda.

Colaboraste com os Atlânticos, banda portuguesa na Alemanha, na música “Vencer sem armas”. Como foi essa experiência?
Foi fantástico ter conhecido os Atlânticos, são muito profissionais e além disso o seu lado humano é ainda maior, razões pelas quais eu aceitei o convite.
Temos mantido a nossa relação de amizade, e julgo que num futuro próximo possamos trabalhar mais vezes. Merecem ainda muito mais do nosso público, aconselho a conhecer o trabalho deles, são realmente um diamante português.

Como olhas para as bandas portuguesas no estrangeiro? Achas que é uma boa maneira de divulgar Portugal e a língua portuguesa?
Claro que sim. Pena é que não existam mais apoios e formas de divulgar muito mais essas bandas, a nossa língua, país e cultura. Porque não temos vergonha de sermos portugueses. Os emigrantes são o topo da sociedade, são eles que fazem a imagem de Portugal a nível mundial. Por isso eles é que são a verdadeira elite portuguesa.

Sei que tens uma vida atarefada mas o que fazes nos tempos livres?
Relaxar e estar com a família. Tento equilibrar a minha vida ao máximo, mesmo ocupada tento que tudo seja o mais normal possível, o que muitas vezes não é possível. Por isso é o que custa mais, estar longe da família, abdicar de algumas coisas que adorava fazer como ir a praia, cinema, etc. Mas escolhi a música. Dá-me muito prazer, e só posso agradecer a todos a possibilidade, a oportunidade que me deram de realizar o meu sonho, e que jamais quero deixar. Viverei sempre com a muúsica, os palcos, público e o êxito, porque tenho os meus fans para respeitar e trabalhar muitíssimo!!!

As tatuagens são uma paixão? Todas têm um significado especial?

Sim, são uma paixão. Não as faço por moda, faço porque são a minha vida e tatuagem para mim é arte.

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