A ideia de abrir uma clínica na Guiné-Bissau surgiu porque a ONG apenas dispunha de uma cadeira de dentista portátil que limitava o trabalho dos voluntários, como referiu à Lusa o seu presidente. “Tínhamos dificuldades em trabalhar. O único meio técnico era uma cadeira dentária portátil, que ajuda mas tem limitações”, afirmou Miguel Pavão.
A Mundo a Sorrir contactou com o Orfanato Casa Emanuel, em Bissau, “um parceiro no terreno”, que se aliou à iniciativa e ofereceu um espaço nas suas instalações para se montar a clínica, indicou o responsável. “Já foi enviada uma cadeira dentária cedida pela Associação Abraço e 15 caixas de material de estomatologia e medicina dentária que o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento nos fretou num contentor”, revelou ainda o presidente da ONG.
Este mês deverá seguir para a Guiné-Bissau um grupo de voluntários, entre os quais dois finalistas universitários, que vão instalar a cadeira, devendo a clínica abrir a meio de Agosto, destacou ainda o responsável. A clínica vai prestar serviço gratuito a toda a população guineense.
Para já, Miguel Pavão diz que o atendimento prestado será “quase paliativo”, centrando-se nos tratamentos de cáries, tratamento da dor, prescrições médicas e nos cuidados com os mais jovens. “Como têm um consumo de açúcar muito baixo, vale a pena apostar quando não lhes surge a primeira cárie. Até aos 12 anos podemos aplicar-lhes um tratamento que evita aparecimentos de cáries», explicou ainda.
Além da vertente clínica, outra das apostas da organização é a formação dos técnicos locais e a sensibilização da população para os cuidados com a higiene oral. Fundada há três anos, a Mundo a Sorrir – Associação de Médicos Dentistas Solidários Portugueses, é pioneira nesse tipo de associativismo em Portugal. A ONG já esteve na Guiné-Bissau em 2007, onde desenvolveu um projecto durante seis semanas. Duas equipas, compostas por três médicos-dentistas cada, atenderam pacientes em hospitais locais e públicos e em clínicas privadas de carácter solidário e realizaram ainda acções de formação a missões religiosas, entre outras.
“Entre outras iniciativas o projecto na Guiné-Bissau apostou em campanhas de formação e sensibilização de saúde oral, realizando também um levantamento epidemiológico em 400 crianças entre os 7 e os 13 anos de idade”, pode ler-se no site da ONG. Na Guiné-Bissau, as campanhas abrangeram um total de 700 crianças.
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