Os portugueses residentes em Nogent-sur-Marne, França, estão “desanimadas” com o encerramento, sexta-feira, daquele posto consular, que tem o maior número de utentes do mundo, disse o porta-voz do Colectivo de Defesa dos Consulados de Portugal.
“As pessoas estão muito desanimadas. Há um grande desalento entre a comunidade portuguesa residente na área consular de Nogent-sur-Marne”, disse António Fonseca, que se mostrou também resignado com esse encerramento, o último a ser feito em França no âmbito da reestruturação consular.
De acordo com o porta-voz do Colectivo, com cerca de 240 mil inscritos, o consulado de Nogent-sur-Marne “é o que tem o maior número de portugueses inscritos no mundo”.
Criado no início dos anos 1970, este posto teve como objectivo principal “aliviar o trabalho no consulado de Paris” que, na época, registava diariamente longas filas no atendimento.
Mais de 30 anos depois de ter sido inaugurado, os serviços do consulado de Nogent-sur-Marne vão ser transferidos para o posto de Paris que irá, a partir de 01 de Abril, alargar o seu horário das 08:00 às 20:00 para facilitar o atendimento dos utentes.
No entanto, António Fonseca considera que a solução do Governo não vai ter resultados práticos.
“Nada está organizado. Deviam dar garantias de que as coisas funcionassem”, acusou o porta-voz do Colectivo.
Segundo António Fonseca, “há muitos portugueses que preferem tratar dos documentos em Portugal do que ir ao consulado em Paris”.
“Há voos tão baratos que fica mais barato ir a Portugal do que a Paris, é mais rápido e os portugueses aproveitam para visitar os familiares”, disse.
O porta-voz do Colectivo criticou ainda o Consulado Virtual criado pelo Governo, que “não funciona” porque o “sistema não dá garantias de segurança na confidencialidade dos dados”.
“Isso impede que sejam atribuídas as ‘passwords’ aos utentes”, acrescentou.
António Fonseca questionou ainda os Quiosques Multimédia que o Governo prometeu colocar nas associações portugueses para os emigrantes sem Internet poderem aceder ao Consulado Virtual.
Dos 30 que o secretário de Estado das Comunidades, António Braga, disse que seriam disponibilizados até ao final de 2007, principalmente na Europa, o porta-voz do Colectivo garante que ainda não foram instalados nenhuns”.
Contactada pela Lusa, fonte do gabinete do Secretário de Estado das Comunidades, António Braga, garantiu que “é absolutamente falso” que o Consulado Virtual não garanta a segurança na confidencialidade dos dados.
A mesma fonte disse ainda que os atrasos na instalação dos Quiosques Multimédia devem-se “ao facto de os locais onde irão ser instalados terem de obedecer a determinados requisitos técnicos que têm exigido estudos cuidados”.
Relativamente aos consulados que já encerraram, António Fonseca disse que as presenças consulares que estão em Orleans e Tours até à abertura dos consulados honorários “funcionam um pouco às escondidas, sem placas ou bandeira a indicar que é um posto”.
Em Versalhes, que encerrou a 15 de Fevereiro, ainda não começou a prometida presença consular semanal, adiantou.
França foi o palco de uma das maiores contestações de sempre organizadas pelos emigrantes contra os encerramentos dos quatro consulados.
O Colectivo de Defesa organizou, entre Janeiro e Março de 2007, 18 acções de protesto e uma “mega-manifestação”, que juntou milhares de emigrantes entre as praças da República e da Bastilha, em Paris.
Apesar dos protestos e manifestações de rua, a reestruturação consular foi aprovada em Março de 2007 em Conselho de Ministros e publicada em Diário da República em Maio seguinte.
Ainda em França vão sofrer alterações os consulados de Lille e Toulouse, que vão ser transformados em vice-consulados.
A diferença entre um vice-consulado e um consulado é que o primeiro não é chefiado por um diplomata.
Mais de um milhão de portugueses e luso-descendentes vivem actualmente em França.
França: Portugueses de Nogent “desanimados”” com encerramento do consulado”
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