O interesse das empresas portuguesas do sector agro-alimentar na exportação é tanto que tem feito o SISAB bater recordes sucessivos de participantes, e leva o evento este ano pela primeira vez para o Pavilhão Atlântico.
Nesta edição, do evento – que já era o maior em Portugal dedicado aos produtos portugueses – registou no primeiro dia a participação de 1700 empresários e 400 empresas expositoras que ao longo de dois dias e meio se vão encontrar para negociar exclusivamente produtos portugueses…
Cerca de 1700 empresários, entre produtores portugueses e importadores estrangeiros encheram por completo a sala principal do Pavilhão Atlântico, em Lisboa, para negociarem exclusivamente com produtos portugueses dos sectores alimentar e de bebidas. Esta foi a XIII edição do Salão Internacional do Vinho, Pescado e Agro-Alimentar (SISAB), que entre 18 e 20 deste mês reuniu mais de 400 empresas nacionais do sector agro-alimentar que deram a conhecer produtos como vinhos, lacticínios, produtos biológicos, congelados doçaria, conservas, cervejas, sumos, pescado e frutas, entre outros, a importadores e distribuidores de cerca de 70 países.
Canadá, Estados Unidos, Brasil, Rússia, Japão, Índia, China, além de Alemanha, França, República Checa, Hungria, Polónia, Suécia, e ainda Angola, África do Sul, São Tomé e Príncipe, Senegal, Cabo Verde, que estão entre os países importadores de produtos portugueses que marcaram presença na edição deste ano do SISAB.
Interesse “cada vez maior”
Carlos Morais, organizador do evento há 13 anos, destacou na nota de boas-vindas o facto de este ano o evento ter passado para o maior espaço do Pavilhão Atlântico, a sala utilizada para concertos, numa área superior a cinco mil metros quadrados, “inteiramente dedicados a marcas e produtos portugueses”. “Tudo isto acontece porque o interesse das empresas portuguesas expositoras é cada vez maior e bate recordes consecutivos de presenças ano após ano. O mesmo acontece com a presença dos importadores internacionais, cada vez mais em maior número e dimensão”, destacou o responsável.
O organizador afirmou ainda que o crescimento que o Salão tem vindo a registar ao longo dos anos não fez desaparecer “o espírito de grupo seleccionado que sempre caracterizou o evento desde a primeira hora, onde são os participantes que na realidade, criam as regras que anualmente vão sendo introduzidas”.
Exportações: motor da economia
A sessão de abertura do XIII SISAB contou com a presença de Boavida Marques, administrador do AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), Ana Paulino e Luísa Tomás, respectivamente Chefe de Gabinete e Secretária-Geral do ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, de Joaquim Pires, director da Secretaria Regional da Agricultura e Florestas do Governo Regional dos Açores, de Paulo Rodrigues, presidente do Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira e de João César das Neves, economista, professor da Universidade Católica Portuguesa, que fez uma alocução sobre ética e negócios aos participantes.
Na segunda intervenção da sessão de abertura, Boavida Marques, destacou o papel das exportações, caracterizando-as como “o motor da economia portuguesa” e salientou o aumento que se verificou este ano neste capítulo da economia lusa. Neste contexto, sublinhou a importância do SISAB atribuindo-lhe a virtude de ser um dos responsáveis pelo aumento das exportações nesses sectores e ser um local onde inúmeros negócios internacionais são finalizados.
O epílogo da sessão de abertura coube a João César das Neves, que apresentou o tema «A Ética nos Negócios Internacionais». O professor e economista começou por destacar a importância do evento e o seu significativo crescimento relativamente a 2007, relevando o grande interesse que existe na realidade dos negócios de exportação. Segundo este orador, é um mercado fundamental com um grande impacto económico. O economista falou ainda do mérito que o evento tem em conseguir uma relação directa entre as empresas e elogiou “uma impressionante capacidade logística” do evento.
Sobre o tema, César das Neves, começou por questionar o porquê de se ter de se ser ético nos negócios. Encontrou para isso algumas respostas, entre elas, o facto de a ética ser, hoje em dia, um instrumento de gestão e o facto de “estar na moda”. Para o orador, a ética evolui e os valores éticos são cada vez mais conscientes, “mas isso não quer dizer que não sejam ignorados”. Segundo o economista, “quando é bom para o negócio ser-se ético, toda a gente é ética, mas a ética vê-se”, no seu entender, quando não é importante para o negócio. “Fazer-se o bem, pode nem sempre ser benéfico para a empresa em termos económicos, mas ganha-se na imagem corporativa e na consciência da pessoa”, finalizou.
O Embaixador José Arsénio foi outra das presenças notadas no certame. Referindo-se à importância do SISAB na divulgação dos produtos portugueses no estrangeiro, o Director-Geral da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas destacou o mérito do evento em congregar muitos dos importadores de produtos portugueses, que têm, naquele evento, a oportunidade de conhecer novos produtos susceptíveis de serem “apresentados” lá fora. Para José Arsénio, o sector agro-alimentar é um dos mais importantes junto das comunidades portuguesas no estrangeiro, por causa do “factor saudade”, que leva os portugueses a consumir produtos do seu próprio país. Por outro lado, Portugal tem registado um crescimento notável no sector agro-alimentar, frisou ainda, especialmente no sector vinícola, que tem tido um incremento bastante notório nos últimos tempos. “Neste campo o SISAB pode ser e tem sido importante, no sentido de promover e aumentar as exportações dos produtos portugueses para outros países”.
Além da bolsa de contactos e negócios, o evento – que se destina apenas a profissionias, sendo fechado ao público em geral – é também palco de provas e mostras de produtos, com o intuito de promover a sua internacionalização junto de empresas importadoras.
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